Melhorando adesão terapêutica em doenças crônicas

Melhorando adesão terapêutica em doenças crônicas

Introdução

Como aumentar a adesão terapêutica em pacientes com doenças crônicas sem sobrecarregar a equipe? Sabia que, em muitos estudos, a adesão em doenças crônicas gira em torno de 50% e tende a ser menor em contextos com barreiras sociais e de acesso? Melhorar a adesão passa por intervenção clínica direta: comunicação em saúde de qualidade, planejamento de metas compartilhado e monitoramento de tratamento contínuo.

1. Fatores que influenciam a adesão: avalie além da medicação

Antes de ajustar doses, faça uma avaliação estruturada dos determinantes da não adesão. Considere:

  • Individuais: idade, nível educacional, crenças sobre a doença e tratamento, saúde mental.
  • Sociais: suporte familiar, condições socioeconômicas, literacia em saúde.
  • Sistema de saúde: acesso a consultas e medicamentos, continuidade do cuidado e qualidade da comunicação clínica.

Na prática, um checklist breve no prontuário que registre esses itens facilita decisões clínicas, encaminhamentos e prioriza intervenções como educação terapêutica ou suporte social.

2. Comunicação em saúde e planejamento conjunto de metas

Estratégias de comunicação eficaz

Adote uma abordagem empática e centrada no paciente: escuta ativa, perguntas abertas e resumo das decisões. Explique risco/benefício em termos do cotidiano do paciente (fluxo de trabalho doméstico, custos, rotinas).

Metas realistas e compartilhadas

Em consultas de atenção primária, a co-construção de metas aumenta o comprometimento. Use metas SMART (específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes, temporais) para:

  • Adesão medicamentosa (ex.: tomar medicação X às 20h por 30 dias).
  • Comportamentos de estilo de vida (ex.: caminhar 20 minutos 3x/semana).
  • Monitorização domiciliar (ex.: medir glicemia antes do café por 7 dias e registrar).

Para condições como diabetes tipo 2, vincular metas terapêuticas ao plano de acompanhamento melhora a monitoração e adesão — veja materiais práticos em manejo do diabetes tipo 2 na atenção primária.

3. Monitoramento contínuo e feedback: tecnologias e rotinas que funcionam

O monitoramento não precisa ser oneroso: combinações de consultas programadas, telefonemas de enfermagem, registro em aplicativo simples e revisão de adesão em cada consulta já reduzem falhas. Ferramentas úteis:

  • Registros de adesão no prontuário e alarms de renovação de receita.
  • Telemonitoramento ou wearables em pacientes selecionados (ex.: monitorização contínua de glicose quando indicada).
  • Feedback positivo e plano de ajuste quando houver dificuldades.

Integre processos com programas existentes do serviço — por exemplo, estratégias de adesão em programas de reabilitação cardiaca devem articular prescrição, monitoramento e suporte (ver reabilitação cardiológica ambulatorial).

4. Suporte familiar, polifarmácia e populações vulneráveis

Suporte familiar e comunitário

O envolvimento da família frequentemente é determinante, especialmente em idosos e pediatria. Ensinar um cuidador sobre horários e sinais de alerta reduz faltas e eventos adversos.

Polifarmácia em idosos

Em pacientes geriátricos, a polifarmacia é uma barreira clínica importante à adesão. Revisões periódicas, dessprescrição quando possível e envolvimento do farmacêutico aumentam segurança e adesão. Consulte protocolos sobre polifarmácia e desprescrição para orientar práticas locais: polifarmácia e desprescrição.

Desafios em pediatria e geriatria

Em crianças, aderência depende do cuidador; em idosos, de capacidade funcional e suporte. Adapte a comunicação e medidas práticas (blisters, lembretes, simplificação posológica).

5. Implementação prática: passos rápidos na consulta

  • Identifique determinantes da não adesão na anamnese (2–3 perguntas direcionadas).
  • Co-construa metas SMART e registre no plano de cuidado.
  • Simplifique esquemas (fixar horários, reduzir frequência quando possível).
  • Planeje monitoramento: quem revisa, quando e que dados serão coletados.
  • Ative redes de suporte: família, farmacêutico, equipes comunitárias.
  • Reavalie adesão a cada retorno e documente estratégias que funcionaram.

Para modelos clínicos aplicáveis na atenção primária, inclusive em pacientes com comorbidades comuns, veja o material sobre adesão no contexto ambulatorial: adesão terapêutica na atenção primária.

Encerramento e insights práticos

Melhorar a adesão terapêutica em doenças crônicas exige mudança de processo, não apenas aumento de mensagens educativas. Priorize avaliação dos fatores individuais e sociais, implemente comunicação em saúde centrada e estabeleça planejamento de metas compartilhado com monitoramento sistemático. Pequenas intervenções — simplificação de esquemas, envolvimento familiar, agendamento proativo de seguimento — costumam produzir ganhos significativos. Para adaptar estas estratégias a programas específicos (diabetes, reabilitação cardiaca, manejo de polifarmácia), alinhá-las às rotinas locais e às evidências traz mais impacto do que intervenções isoladas.

Referências e leituras recomendadas: estudo sobre prevalência e determinantes da adesão (RMMG), reflexões sobre adesão na atenção primária (Fiocruz/ARCA) e documento de referência sobre adesão a terapias de longo prazo da Organização Mundial da Saúde.

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