Abordagem prática: ansiedade e depressão na atenção

Abordagem prática: ansiedade e depressão na atenção

Introdução

Você reconhece sintomas de ansiedade ou depressão em rotina de consultas na atenção primária? Transtornos mentais comuns são altamente prevalentes e frequentemente subdiagnosticados na atenção primária à saúde. Identificação precoce, uso de ferramentas objetivas e fluxos claros de manejo otimizam desfechos e reduzem internações e comorbidades.

1. Identificação e triagem na prática diária

Rastreamento sistemático

Implemente triagem breve em grupos de risco (crônicos, idosos, gestantes, pessoas com dor crônica). Utilize instrumentos validados: PHQ-9 para depressão, GAD-7 para ansiedade e, quando adequado, a Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A) para avaliação mais detalhada da gravidade ansiosa. A HAM-A pode auxiliar no acompanhamento e na mensuração de resposta ao tratamento (ver referência contextualizada abaixo).

Barreiras e como superá-las

  • Estigma: normalizar perguntas sobre humor e ansiedade na anamnese.
  • Tempo limitado: usar triagem rápida antes da consulta (questionários preenchidos na recepção ou por teleconsulta).
  • Capacitação: promover treinamento regular da equipe para reconhecer sinais atípicos (fadiga, queixas somáticas, adesão reduzida a tratamentos).

2. Manejo inicial: da escuta ao plano terapêutico

Avaliação clínica e risco

Avalie gravidade, risco suicida, comorbidades médicas e uso de substâncias. Documente história familiar e tratamentos prévios. Em risco agudo (ideação ativa, plano, acesso a meios), adote medidas imediatas de segurança e encaminhamento.

Intervenções não farmacológicas

Priorize intervenções de baixo risco e com boa evidência: Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) é efetiva para diversos transtornos de ansiedade e depressão leve a moderada e pode ser oferecida via serviços locais, telepsicologia ou grupos psicoeducacionais. Integre orientações sobre sono, atividade física e psicoeducação como parte do cuidado inicial.

Quando iniciar farmacoterapia

Considere antidepressivos em depressão moderada a grave ou quando TCC não está disponível/aceita. Em ansiedade generalizada e transtornos do pânico, ISRS/IRSN são opções iniciais; ajuste conforme resposta e efeitos adversos. Registre objetivos terapêuticos e explique prazo esperado para resposta (semanas a meses).

3. Organização do cuidado: abordagem multidisciplinar e fluxos

Papel da equipe

  • Médico de família: triagem, manejo inicial, prescrição, coordenação.
  • Psicólogo: TCC, intervenções breves, terapia de seguimento.
  • Enfermagem: monitorização de adesão, educação terapêutica, telefonemas de follow-up.
  • Assistente social e outros: suporte social, encaminhamento para serviços comunitários.

Fluxos e encaminhamento

Defina critérios claros para encaminhar a saúde mental especializada: falta de resposta a tratamento inicial, ideação suicida persistente, comorbidade psiquiátrica complexa, risco psicótico ou necessidade de psicoterapia especializada. Protocolos locais, como as linhas de cuidado nacionais, orientam rastreamento, manejo inicial e encaminhamentos e devem ser adotados na unidade.

4. Monitorização, seguimento e prevenção

Follow-up estruturado

  • Reavalie sintomas em 2–4 semanas após início de terapia farmacológica e a cada 4–12 semanas até estabilidade.
  • Use instrumentos (PHQ-9, GAD-7, HAM-A) para medir resposta e ajustar condutas.
  • Planeje check-ins periódicos após remissão para prevenir recaídas.

Prevenção e promoção

Implemente ações comunitárias e de promoção de saúde mental, integradas às práticas de atenção primária, para reduzir estigma e aumentar adesão a tratamentos. Educação de pacientes e familiares sobre sinais de alerta e continuidade do tratamento é essencial.

5. Capacitação da equipe e uso de protocolos

Programas de capacitação contínua melhoram identificação e manejo. Adote protocolos clínicos baseados em evidência e ferramentas locais para garantir padronização. A incorporação de fluxos de triagem e encaminhamento pode ser ampliada com telepsicologia e colaborações com serviços especializados.

Referências práticas e recursos

Para apoio na construção de fluxos locais, consulte as linhas de cuidado do Ministério da Saúde sobre transtornos de ansiedade na atenção primária, que orientam rastreamento, manejo inicial e encaminhamentos. Informações sobre a Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A) podem ser úteis para avaliação objetiva da gravidade e acompanhamento. A eficácia da TCC em transtornos de ansiedade está documentada em revisões e guias clínicos e pode ser integrada à rede de atenção primária.

Links úteis no portal do serviço: veja materiais de triagem e manejo inicial em saúde mental da nossa plataforma e orientações para um modelo integrado de atenção primária (links internos abaixo para implementação prática):

Referências externas para leitura adicional: diretrizes nacionais do Ministério da Saúde sobre linhas de cuidado, sumário sobre a Escala de Ansiedade de Hamilton e revisão sobre TCC e transtornos de pânico.

Links externos citados de forma contextual:

  • Diretrizes e linhas de cuidado do Ministério da Saúde para transtornos de ansiedade orientam protocolos na atenção primária: Linhas de cuidado – transtornos de ansiedade.
  • Informações e aplicação da Escala de Ansiedade de Hamilton (HAM-A): HAM-A.
  • Revisões sobre a eficácia da TCC em transtornos de ansiedade e pânico para orientar opção terapêutica: TCC e transtorno do pânico.

Fechamento e insights práticos

Na atenção primária, a combinação de triagem sistemática, uso de instrumentos (PHQ-9, GAD-7, HAM-A), intervenções psicológicas acessíveis (TCC), prescrição responsável e um fluxo de encaminhamento claro forma a base da gestão eficiente de transtornos de ansiedade e depressão. Invista em capacitação da equipe, protocolos locais e integração multidisciplinar para oferecer cuidado integral. Pequenas mudanças na rotina (triagem padronizada, follow-up ativo, colaboração com psicologia) trazem grande impacto na qualidade de vida dos pacientes.

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