Avaliação prática da prevenção de quedas

Avaliação prática da prevenção de quedas

Introdução

Quedas em idosos são uma das principais causas de perda de independência, internações e complicações crônicas. Como você tem avaliado risco de queda na consulta? Em serviço hospitalar? Na atenção primária? A prevenção de quedas em idosos exige uma abordagem pragmática, orientada por evidência e integrada à prática clínica cotidiana.

Avaliação multifatorial: o que investigar no consultório

A abordagem multifatorial começa com um rastreio rápido e progride para uma avaliação dirigida. Principais domínios a cobrir:

  • História de quedas: número, circunstâncias, lesões associadas e sensação pré-queda.
  • Mobilidade e equilíbrio: testes simples como Timed Up and Go (TUG), velocidade de marcha (proxy da capacidade funcional) e 5-repetições sit-to-stand. Resultados anormais orientam fisioterapia e reabilitação.
  • Força muscular e sarcopenia: avaliar força de preensão e função dos membros inferiores; suspeitar de sarcopenia quando houver perda de massa/força e desempenho reduzido.
  • Medicações: revisar medicamentos com potencial para sedação, hipotensão ortostática ou ataxia (benzodiazepínicos, antipsicóticos, alguns antidepressivos, anti-hipertensivos). Integre avaliação de polifarmácia e considere desprescrição quando seguro.
  • Condições médicas: demência, doença de Parkinson, neuropatias, osteoartrite grave, arritmias e síncope.
  • Fatores sensoriais: visão, audição e distúrbios vestibulares.
  • Ambiente e atividades: identificar riscos domésticos e limitações funcionais que aumentam o risco.

Para fluxos clínicos e modelos de avaliação ambulatorial, ver recomendações práticas sobre prevenção de quedas: avaliação e intervenções e caminhos na atenção primária em prevenção de quedas em idosos no ambulatório.

Intervenções baseadas em evidência

Programas de exercício

Programas estruturados com componente de força e equilíbrio reduzem quedas e são a intervenção de maior efeito comprovado. Priorize exercícios de membros inferiores, treino de equilíbrio progressivo e atividades que melhorem marcha e transições. Integrar programas comunitários ou encaminhar para fisioterapia é prática recomendada.

Revisão medicamentosa

Uma revisão criteriosa das prescrições é essencial. Busque reduzir ou substituir benzodiazepínicos, sedativos e drogas com alto risco de queda quando possível. Protocolos de polifarmácia e desprescrição ajudam a reduzir reações adversas medicamentosas que contribuem para quedas.

Adaptação do ambiente e dispositivos

Ajustes domiciliares (iluminação, corrimãos, retirada de tapetes) e equipamentos (barras de apoio, calçados apropriados) são intervenções simples com impacto direto. Em ambiente hospitalar, adote protocolos institucionais padronizados; por exemplo, os documentos da Agência Nacional de Vigilância Sanitária orientam identificação de pacientes em risco e medidas organizacionais para reduzir eventos adversos causados por quedas (ANVISA: Protocolo de prevenção de quedas) e o Ministério da Saúde possui diretrizes complementares para unidades de saúde (Protocolo MS: prevenção de quedas).

Tecnologias e monitorização

Sensores de movimento, alarmes e wearables têm papel crescente na segurança do paciente e resposta rápida a incidentes, especialmente em instituições e residências com cuidadores. Estudos e iniciativas nacionais, como o grupo PrevQuedas Brasil, trazem protocolos e pesquisas sobre integração de tecnologia e práticas clínicas.

Para uma visão prática sobre uso de dispositivos e monitorização, consulte conteúdos sobre monitorização com wearables em idosos.

Organização do cuidado: trabalho em equipe e implementação

A prevenção efetiva exige atuação multiprofissional: médico, enfermeiro, fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, farmacêutico clínico e equipe de gestão. Elementos para implementação local:

  • Rotina de triagem para risco de queda na admissão e nas consultas periódicas.
  • Protocolos escritos e checklist para intervenções ambientais e farmacológicas.
  • Treinamento contínuo de profissionais e educação do cuidador/família.
  • Monitoramento de indicadores (incidência de quedas, lesões, adesão às intervenções).

Checklist prático rápido para a consulta

  • Perguntar sobre quedas no último ano e suas circunstâncias.
  • Avaliar marcha/TUG e força de membros inferiores.
  • Rever lista de medicamentos e planejar desprescrição quando aplicável.
  • Verificar visão, ortostatismo e fatores ambientais de risco.
  • Encaminhar para programa de exercício ou fisioterapia se indicado.

Fechamento e insights práticos

Implementar uma abordagem multifatorial para prevenção de quedas em idosos é viável na prática clínica e traz ganhos em funcionalidade e redução de internações. Priorize triagem sistemática, programas de exercício com foco em força e equilíbrio, revisão medicamentosa ativa e adaptações ambientais simples. Use recursos locais e diretrizes nacionais (ANVISA, Ministério da Saúde) e materiais de grupos especializados como o PrevQuedas para estruturar fluxos na sua unidade. Para aprofundar a prática clínica e ferramentas de avaliação, veja também o material sobre avaliação, fisioterapia e ambiente.

Se desejar, posso gerar um protocolo de triagem de 1 página adaptado ao seu serviço (consulta, ambulatório ou enfermaria) com campos de registro práticos e recomendações de encaminhamento.

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