Calprotectina fecal na atenção primária: triagem e monitoramento de DII

Calprotectina fecal na atenção primária: triagem e monitoramento de DII

A calprotectina fecal é um biomarcador não invasivo amplamente utilizado para detectar inflamação intestinal e orientar decisões clínicas na atenção primária. Este texto resume indicações, limitações e como interpretar o exame em pacientes com suspeita de Doença Inflamatória Intestinal (DII), diferenciando-a de condições funcionais como a síndrome do intestino irritável (SII) e orientando sobre encaminhamentos e seguimento.

Calprotectina fecal: o que é e por que importa

Calprotectina é uma proteína abundante em neutrófilos liberada nas fezes quando há inflamação da mucosa intestinal. Elevações persistentes refletem atividade inflamatória e correlacionam-se com achados endoscópicos e histológicos. Por ser um exame simples de fezes, reduz a necessidade imediata de colonoscopia em quadros de baixo risco e permite o monitoramento da resposta a terapias anti-inflamatórias e imunomoduladoras.

Diagnóstico diferencial: DII x SII

Na suspeita inicial de DII, a calprotectina fecal ajuda a distinguir processos inflamatórios de causas funcionais. Valores baixos tornam DII improvável e favorecem SII ou outras etiologias não inflamatórias, enquanto valores elevados aumentam a probabilidade de doença orgânica e justificam investigação endoscópica. Para investigação de doença celíaca e outras causas de diarreia crônica, considere também avaliação sorológica e métodos diagnósticos específicos, como descrito em abordagens clínicas para doença celíaca.

Limitações e fatores que interferem

Infecções intestinais agudas, uso de anti-inflamatórios não esteroides (AINEs), sangramento intestinal e neoplasias podem elevar a calprotectina. A faixa etária e amostras coletadas incorretamente também alteram resultados. Portanto, a interpretação deve integrar achados clínicos, hemograma, proteína C-reativa e, quando indicado, exames de imagem e endoscopia.

Monitoramento da atividade de doença e prevenção de recidivas

Em pacientes com DII diagnosticada, a calprotectina fecal é útil para avaliar resposta ao tratamento e prever recidivas. Reduções significativas após início de terapia associam-se a remissão mucosa; níveis persistentemente elevados mesmo em remissão clínica podem sinalizar risco aumentado de recidiva e necessidade de intensificação terapêutica. O uso regular do marcador integra estratégias de vigilância semelhantes às empregadas em programas de rastreamento e vigilância preventiva, como discutido em orientações sobre rastreamento colorretal quando pertinente em pacientes com risco aumentado.

Como implementar na atenção primária

Para incorporar calprotectina no ambulatório, recomenda-se:

  • Definir fluxos de atendimento: quem solicitar, indicações e critérios de encaminhamento para gastroenterologia.
  • Padronizar valor de corte local com o laboratório parceiro e considerar faixa de referência para pediatria e idosos.
  • Associar resultados a medidas de acompanhamento: ajuste terapêutico, solicitação de colonoscopia e exames complementares.

A implementação também deve considerar o papel do microbioma intestinal na fisiopatologia das DII e na resposta ao tratamento; integrar conhecimento sobre o microbioma intestinal pode aprimorar decisões clínicas, uso de probióticos e intervenções dietéticas.

Fluxo prático sugerido

Em paciente com dor abdominal e diarreia crônica: solicitar calprotectina fecal + hemograma + PCR. Se calprotectina elevada → encaminhar para gastroenterologista para endoscopia; se baixa e quadro sugestivo de SII, orientar manejo sintomático e acompanhamento. Em situações intermediárias, repetir o exame após correção de fatores (suspensão de AINEs, resolução de infecção) antes de exames invasivos.

Referências e recursos para aprofundamento

Estudos e revisões confirmam correlação entre calprotectina e atividade mucosa, além de sua utilidade na predição de recidivas (repositório universitário). Informação prática para profissionais e pacientes também está disponível em fontes clínicas e laboratoriais confiáveis (Tuasaúde; informações de laboratório).

Síntese para prática clínica

A calprotectina fecal é uma ferramenta eficaz para triagem de DII na atenção primária, útil para distinguir inflamação de distúrbios funcionais, monitorar resposta terapêutica e antecipar recidivas. Sua interpretação exige correlação clínica e conhecimento dos fatores interferentes. Com protocolos claros de solicitação e encaminhamento, o exame pode reduzir procedimentos invasivos, otimizar o uso de recursos e melhorar o cuidado ao paciente.

Para aprofundar integração com rastreamentos e vigilância associados, consulte materiais sobre doença celíaca, microbioma intestinal e estratégias de rastreamento colorretal, que complementam o manejo ambulatorial de pacientes com sintomas gastrointestinais.

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