Doença celíaca em adultos: diagnóstico e manejo atualizados

Doença celíaca em adultos: diagnóstico e manejo atualizados

A doença celíaca é uma enteropatia autoimune desencadeada pelo glúten em indivíduos geneticamente predispostos. Em adultos, pode apresentar-se com quadro clássico intestinal, manifestações extraintestinais ou até formas oligosintomáticas, por isso a suspeita clínica deve ser mantida em situações de anemia ferropriva, osteoporose de início precoce ou fadiga inexplicada.

Manifestações clínicas

As apresentações em adultos variam do quadro intestinal (diarreia crônica, esteatorreia, perda de peso) a manifestações extraintestinais — anemia ferropriva refratária, neuropatia periférica, dermatite herpetiforme e comprometimento da massa óssea. A associação com outras doenças autoimunes é frequente e deve ser investigada na anamnese.

Diagnóstico: anti-tTG IgA e biópsia do intestino delgado

O diagnóstico combina avaliação clínica, testes sorológicos e confirmação histológica. A sorologia de primeira linha é o anticorpo anti-transglutaminase tecidual IgA (anti-tTG IgA); em casos de deficiência de IgA recomenda-se anti-tTG IgG ou anti-DGP IgG. O anticorpo anti-endomísio (EMA IgA) tem alto valor confirmatório.

Interpretação dos exames sorológicos

É fundamental que os exames sejam realizados com o paciente ainda consumindo glúten (idealmente por pelo menos 6 semanas) para evitar falsos negativos. Em situações de alto índice de suspeita com sorologia negativa, investigar deficiência de IgA e considerar testes alternativos.

Biópsia do intestino delgado

A endoscopia com múltiplas biópsias do duodeno (incluindo bulbo) permanece como padrão-ouro para confirmar a lesão vilositária e a hiperplasia criptal, classificadas pela escala de Marsh-Oberhuber. A biópsia também auxilia no diagnóstico diferencial e na avaliação de lesões extensas ou complicações.

Para diretrizes práticas de confirmação diagnóstica e condutas, recomenda-se consulta às diretrizes da American College of Gastroenterology e a informação atualizada disponível no NHS, que orientam testes sorológicos e indicações de biópsia.

Manejo: dieta sem glúten e acompanhamento nutricional

A dieta estrita e vitalícia isenta de trigo, centeio e cevada é o tratamento central. A orientação nutricional especializada é essencial para evitar deficiências (ferro, vitaminas D e B12, cálcio) e garantir uma alimentação equilibrada.

Controle da contaminação cruzada e rótulos

Educar sobre leitura de rótulos e prevenção de contaminação cruzada em casa e em ambientes alimentares é parte do manejo prático. Muitos pacientes beneficiam-se de atendimento conjunto com nutricionista experiente em doença celíaca para planejamento da dieta e suporte no dia a dia.

Para abordagens práticas sobre aconselhamento nutricional e orientações clínicas complementares, veja o material disponível sobre manejo clínico da doença celíaca no nosso portal.

Monitoramento: sorologia, estado nutricional e saúde óssea

O acompanhamento deve incluir avaliação clínica periódica, repetição da sorologia (anti-tTG IgA) para monitorar adesão e investigação de deficiências nutricionais. A massa óssea deve ser avaliada com densitometria em pacientes com fatores de risco — a relação entre doença celíaca e osteoporose é bem estabelecida e exige vigilância e tratamento quando indicado.

Suplementação de vitamina D e cálcio deve ser considerada quando houver deficiência ou risco de perda óssea; orientações práticas podem ser cruzadas com recomendações sobre vitamina D em população de risco.

Manejo de complicações e diagnóstico diferencial

Complicações incluem deficiência nutricional severa, linfoma intestinal e formas refratárias de doença celíaca. Em casos com sintomas persistentes apesar da dieta sem glúten, investigar causas alternativas (síndrome do intestino irritável, doença inflamatória intestinal, intolerância à lactose) e, se indicado, considerar nova biópsia ou avaliação por centro especializado.

Recursos informativos de apoio ao paciente e profissionais, como a Celiac Disease Foundation, oferecem material sobre qualidade de vida, adesão à dieta e manejo de complicações.

Considerações finais sobre adesão, educação e encaminhamento

O sucesso terapêutico depende da adesão rigorosa à dieta sem glúten, educação continuada do paciente e acompanhamento multidisciplinar (médico, nutricionista, equipe de enfermagem). Encaminhar para serviço especializado quando houver dúvidas diagnósticas, formas refratárias ou suspeita de complicações acelera o manejo adequado.

Para atualização profissional, resumo de evidências e orientação clínica aplicada, consulte também as diretrizes internacionais e recursos revisados por pares, como artigos indexados e sociedades científicas. Informações práticas e protocolos locais podem complementar o cuidado individualizado do paciente.

Leituras e referências úteis (selecionadas): diretrizes ACG, guia do NHS e Celiac Disease Foundation. Para materiais clínicos ligados ao nosso site, consulte o conteúdo sobre prática clínica, osteoporose e vitamina D.

Se preferir, é possível compartilhar o caso clínico (com dados anonimizados) para orientação sobre investigação diagnóstica ou esquema de acompanhamento individualizado.

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