Disfagia em adultos: avaliação clínica e encaminhamentos adequados
A disfagia é a dificuldade em transportar alimentos, líquidos ou saliva da boca ao estômago. Em adultos, pode resultar de causas neurológicas, estruturais ou da motilidade esofágica e está associada a risco aumentado de desnutrição, desidratação e pneumonia por aspiração. A identificação precoce e o encaminhamento adequado reduzem complicações e melhoram a qualidade de vida.
Disfagia em adultos: avaliação clínica
Anamnese e documentação
Uma anamnese dirigida é essencial: tempo de início, progressão, tipos de alimento que causam dificuldade, presença de tosse, rouquidão ou regurgitação, perda de peso e antecedentes neurológicos como AVC ou doença neurodegenerativa. Registre achados e evolução de forma estruturada, integrando a história clínica no prontuário para facilitar seguimento e encaminhamentos.
Exame físico focal
Inspecione cavidade oral, dentes e próteses; avalie paladar, força e simetria de movimentos lingual e faríngeo e observe deglutição com diferentes consistências. Procure sinais indiretos de aspiração, como tosse crônica, rouquidão pós-refeição e sibilos. Em idosos, combine com avaliação funcional e revisão de medicamentos para reduzir risco de complicações relacionadas à polifarmácia (avaliação funcional de idosos).
Testes complementares que orientam o diagnóstico
- Videofluoroscopia da deglutição (videofluoroscopic swallowing study): padrão-ouro para disfagia orofaríngea, permite visualizar penetração e aspiração em tempo real. Estudos e descrições técnicas podem ser consultados em recursos especializados (scielo.pt).
- FEES (avaliação endoscópica da deglutição): alternativa útil em pontos de serviço com disponibilidade de endoscopia flexível e em avaliações repetidas.
- Manometria esofágica: indicada quando há suspeita de transtorno de motilidade esofágica, como acalasia; a manometria de alta resolução fornece dados funcionais decisivos (scielo.pt).
- Endoscopia digestiva alta é importante para excluir estenoses, tumores ou alterações inflamatórias que expliquem disfagia.
Orientações sistemáticas e protocolos locais ajudam a uniformizar a conduta; consulte diretrizes clínicas e protocolos para integrar exames e encaminhamentos (diretrizes clínicas).
Disfagia em adultos: encaminhamentos e manejo
Fonoaudiologia
O fonoaudiólogo é central na reabilitação da deglutição. Intervenções incluem exercícios de fortalecimento, manobras compensatórias, estratégias posturais e treinamento de consistências alimentares. O objetivo é reduzir risco de aspiração e melhorar segurança alimentar, aliado ao monitoramento clínico.
Nutrição clínica
A avaliação nutricional deve ser precoce: identificar risco de desnutrição, ajustar consistência da dieta, suplementar quando indicado e planejar acompanhamento. A articulação com o nutricionista é essencial para manter aporte energético e proteger o estado nutricional (prevenção de deficiências nutricionais).
Avaliação e conduta médica
O médico investiga causas subjacentes — neurológicas (AVC, demência), estruturais (estenose, tumor) ou funcionais (distúrbios da motilidade). Em casos de doença neurológica progressiva, a abordagem deve ser multidisciplinar. Procedimentos como dilatação endoscópica, tratamento farmacológico para motilidade ou intervenção cirúrgica podem ser necessários.
Quando houver suspeita de causa neurológica, considere avaliação específica e encaminhamento para neurologia ou serviços especializados; informação complementar sobre avaliação de comprometimento cognitivo e demência pode ajudar no seguimento (avaliação da demência).
Disfagia em adultos: orientações finais
Principais pontos práticos para a atenção primária e serviços ambulatoriais:
- Realize anamnese dirigida e exame físico focado na deglutição; registre de forma padronizada.
- Identifique sinais de aspiração e risco nutricional; promova encaminhamento rápido para fonoaudiologia e nutrição.
- Solicite exames complementares (videofluoroscopia, FEES, endoscopia, manometria) conforme suspeita clínica e disponibilidade local.
- Adote abordagem multidisciplinar para pacientes com AVC, demência ou doença neurodegenerativa, com monitorização periódica.
- Eduque cuidadores sobre técnicas de alimentação seguras e sinais de alerta para aspiração.
Para aprofundamento, recomenda-se consultar revisões e diretrizes internacionais sobre transtornos da deglutição e risco de aspiração (por exemplo, revisões disponíveis em bases como BVS e documentos técnicos sobre reabilitação da deglutição — pesquisa.bvsalud.org — e sínteses de recomendações clínicas disponíveis em referência técnica index-f.com).
O reconhecimento precoce, o uso racional de exames complementares (videofluoroscopia, manometria) e o encaminhamento multidisciplinar (fonoaudiologia, nutrição e especialidades médicas) são a base para reduzir complicações e restaurar a segurança da alimentação em adultos com disfagia.