Distúrbios do sono: insônia, apneia obstrutiva e sono não reparador

Distúrbios do sono: insônia, apneia obstrutiva e sono não reparador

Distúrbios do sono são comuns e têm impacto direto na qualidade de vida, no desempenho diurno e na saúde cardiovascular e metabólica. A seguir, descrevemos de forma prática e baseada em evidências três condições frequentes na prática clínica: insônia, apneia obstrutiva do sono (AOS) e sono não reparador. O texto é destinado a pacientes e profissionais de saúde e inclui orientações diagnósticas, opções terapêuticas e medidas preventivas.

Insônia

O que é e por que acontece

Insônia é a dificuldade persistente em iniciar ou manter o sono, ou o despertar precoce com incapacidade de voltar a dormir, associado a comprometimento funcional durante o dia. Fatores precipitantes e perpetuantes incluem estresse, ansiedade, depressão, uso de cafeína e álcool, dor crônica e maus hábitos de sono.

Avaliação e diagnóstico

O diagnóstico é clínico: anamnese detalhada do padrão de sono, horários, sonecas e uso de medicamentos ou substâncias. Questionários como o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh ajudam na quantificação. Em casos com suspeita de comorbidade (por exemplo, hipersonia, síndrome das pernas inquietas ou AOS), complementar com polissonografia ou actigrafia pode ser indicado.

Tratamento

A primeira linha é a terapia cognitivo-comportamental para insônia (TCC-I), que objetiva reestruturar hábitos e crenças sobre o sono e reduzir a higiene inadequada do sono. Intervenções farmacológicas podem ser usadas por períodos curtos e com monitorização, considerando risco de dependência e efeitos adversos. Estratégias comportamentais incluem estímulo ao sono, restrição do tempo na cama e técnicas de relaxamento.

Prevenção

Higiene do sono: manter horários regulares, ambiente escuro e silencioso, limitar telas e cafeína à noite. Quando a insônia coexistir com ansiedade ou depressão, integrar cuidados de saúde mental é essencial para o tratamento efetivo.

Apneia obstrutiva do sono (AOS)

O que é e fatores de risco

A AOS envolve colapso parcial ou total das vias aéreas superiores durante o sono, com episódios repetidos de apneia e hipopneia, dessaturação de oxigênio e microdespertares. Fatores de risco incluem obesidade, pescoço curto, alterações anatômicas das vias aéreas, idade avançada e ser do sexo masculino. Ronco alto e sono não reparador são sinais comuns.

Diagnóstico

A confirmação é feita por polissonografia, que gera o índice de apneia-hipopneia (IAH) e classifica a gravidade. Em triagens primárias, instrumentos como o questionário STOP-Bang e o histórico clínico orientam a indicação do exame. A dessaturação noturna também pode ser um marcador de gravidade.

Tratamento

Medidas conservadoras incluem perda de peso, evitar álcool e sedativos antes de dormir e uso de dispositivos orais em casos selecionados. O CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) é o padrão-ouro para AOS moderada a grave e reduz morbidade cardiovascular quando bem aderido. Em pacientes com alterações anatômicas, cirurgia pode ser considerada. A adesão ao tratamento é fator crítico para eficácia.

Prevenção e seguimento

Promover controle do peso, atividade física e evitar tabagismo. Em idosos, a identificação e manejo da AOS também contribuem para reduzir risco de quedas e declínio funcional; veja recomendações sobre prevenção de quedas quando houver sonolência diurna significativa.

Sono não reparador

Como se manifesta e causas mais comuns

Sono não reparador é a sensação de despertar sem descanso, mesmo com tempo aparentemente suficiente de sono. Pode decorrer de fragmentação do sono (AOS, despertares frequentes), insônia, síndrome das pernas inquietas, dor crônica, depressão ou uso de medicamentos. A fibromialgia e transtornos psiquiátricos frequentemente estão associados.

Avaliação

A história clínica deve investigar padrões de sono, fadiga diurna, cognição, humor e sinais de distúrbios respiratórios do sono. Questionários específicos e, conforme suspeita, polissonografia ou actigrafia complementar ajudam a determinar causa subjacente.

Tratamento e abordagem multidisciplinar

O manejo depende da causa: tratar AOS com CPAP, insônia com TCC-I, síndrome das pernas inquietas com terapêutica adequada, e abordar condições comórbidas (dor, depressão). Intervenção multidisciplinar envolvendo médico de família, especialista em sono, fisioterapeuta ou psicólogo aumenta a chance de recuperação do sono reparador. Para aprofundar mecanismos e opções terapêuticas, consulte materiais sobre medicina do sono.

Quando procurar ajuda e próximas etapas

Procure avaliação médica se houver: sonolência diurna que comprometa atividades, ronco intenso com pausas respiratórias percebidas, insônia persistente por mais de três meses, ou sensação crônica de sono não reparador. O encaminhamento pode incluir polissonografia, avaliação de comorbidades (como hipertensão e diabetes) e plano terapêutico individualizado.

Fontes confiáveis e leituras complementares incluem documentos nacionais da Biblioteca Virtual em Saúde, revisões científicas presentes na SciELO e guias clínicos como o Manual MSD. Para material de divulgação e estatísticas iniciais, há resumos acessíveis na Associação Portuguesa do Sono.

Intervenções focadas em higiene do sono, diagnóstico preciso (incluindo polissonografia quando indicada), adesão ao tratamento (por exemplo, CPAP) e abordagem das comorbidades trazem benefícios mensuráveis para saúde física e mental. Se tiver dúvidas sobre avaliação ou terapias, converse com seu médico de atenção primária para encaminhamento e acompanhamento adequado.

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