Doação de medula óssea: guia prático para profissionais de saúde

Doação de medula óssea: guia prático para profissionais de saúde

A doação de medula óssea fornece células-tronco hematopoéticas essenciais para o tratamento de doenças como leucemias, linfomas e anemias graves. Este texto sintetiza critérios, métodos de coleta, avaliação do doador e aspectos éticos e práticos que todo profissional de saúde deve dominar para orientar pacientes e voluntários com segurança e clareza.

Doação de medula óssea: critérios do doador

Os principais critérios para seleção de doadores incluem idade, estado geral de saúde e histórico médico. Em termos práticos:

  • Idade recomendada: tipicamente entre 18 e 55 anos, com variações conforme o centro de transplante.
  • Exclusão de doenças transmissíveis pelo sangue (HIV, hepatites), neoplasias ativas ou doenças autoimunes descompensadas.
  • Avaliação prévia detalhada do histórico clínico e de medicação, incluindo uso recente de imunossupressores ou anticoagulantes.

É importante que o profissional esclareça o voluntário sobre riscos e benefícios, garantindo consentimento livre e informado.

Doação de medula óssea: cadastro e tipagem HLA

O cadastro começa com coleta de amostra para tipagem HLA, que determina compatibilidade entre doador e receptor. No Brasil, o registro nacional (REDOME) organiza buscas por doadores não aparentados; os profissionais devem orientar sobre o processo de inscrição, coleta de sangue para HLA e atualizações cadastrais quando necessárias.

Quando houver suspeita de predisposição familiar para neoplasias hematológicas ou síndromes hereditárias, integrar avaliação com rastreio genético e aconselhamento é essencial para decisões sobre doação e transplante.

Compatibilidade HLA

A compatibilidade HLA é o principal determinante de sucesso do transplante de células-tronco. Explique aos profissionais a importância de testes de alta resolução e de avaliar antígenos e alelos relevantes quando há tempo e recursos.

Doação de medula óssea: métodos de coleta

Punção medular (coleta por aspiração do osso)

Realizada em centro cirúrgico sob anestesia, a coleta de medula óssea por punção retira tecido do osso ilíaco. O procedimento exige observação e orientações para analgesia pós‑operatória e cuidados locais.

Aférese (coleta a partir da corrente sanguínea)

Na aférese, o doador recebe fatores estimuladores (ex.: G‑CSF) por alguns dias para mobilizar células‑tronco ao sangue periférico; a coleta é feita por máquina de aférese em ambiente ambulatorial. Profissionais devem informar sobre efeitos esperados (mialgia, cefaleia) e contrainidicações relativas como determinadas doenças autoimunes.

Avaliação e acompanhamento do doador

A avaliação pré‑doação inclui exames laboratoriais para infecções, hemograma completo, função renal e hepática e avaliação física detalhada. O acompanhamento pós‑doação deve cobrir:

  • Monitoramento clínico e laboratorial para identificar complicações imediatas e tardias.
  • Orientação sobre retorno gradual às atividades e sinais de alerta que justificam reavaliação.
  • Suporte psicológico quando necessário, principalmente em doadores mobilizados para transplantes de alto risco.

Além disso, antes de procedimentos eletivos ou imunossupressão, revisar o esquema de vacinas é fundamental; recomenda-se consulta e atualização das vacinas indicadas, integrando o plano com estratégias de imunização em adultos com doenças crônicas quando aplicável.

Aspectos éticos, legais e comunicação

O consentimento informado deve documentar riscos, alternativas e o caráter voluntário da doação. Garantir confidencialidade e esclarecer sobre ausência de remuneração são práticas mandatórias. A comunicação entre equipes (hemocentro, centro de transplante, atenção primária) precisa ser clara para manejo de intercorrências e para o suporte ao doador.

Integração com outras áreas clínicas

Profissionais que acompanham pacientes com doenças hematológicas devem articular multidisciplinarmente. Em síndromes raras ou apresentações atípicas, aproximar‑se de serviços especializados e conteúdos sobre doenças raras na prática clínica facilita diagnóstico e planejamento terapêutico, incluindo indicação de transplante.

Também é prática recomendada estabelecer fluxos locais para encaminhamento ao hemocentro e para atualização cadastral no registro nacional, evitando perda de potenciais doadores.

Implicações para a prática clínica

Para colocar o conhecimento em prática, siga estas ações objetivas: orientar potenciais doadores sobre procedimentos e riscos, checar tipagem HLA e manter cadastro atualizado, coordenar vacinação pré‑transplante e suporte psicológico, e instituir fluxos de comunicação entre atenção primária e centros especializados. A doação de medula óssea salva vidas; o papel do profissional é garantir segurança, informação e suporte ao doador e ao receptor.

Referências e recursos institucionais—consulte protocolos locais do hemocentro e orientações nacionais—devem ser integrados às práticas descritas acima para conformidade e qualidade assistencial.

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