Doenças de pele: reconhecimento, tratamento e encaminhamento

Doenças de pele: reconhecimento, tratamento e encaminhamento

Introdução

Quais sinais na pele exigem manejo básico na atenção primária e quando encaminhar ao dermatologista? Lesões cutâneas são uma das queixas mais frequentes em consultórios; identificar dermatite atópica, psoríase, dermatite de contato, micose e rosácea com abordagem prática melhora desfechos e reduz encaminhamentos desnecessários.

1. Reconhecimento clínico e diagnóstico diferencial

Dermatite atópica

Quadro típico: prurido intenso, lesões eczematosas com xerose, distribuição conforme idade (face e superfícies extensores em lactentes; pregas em crianças maiores e adultos). Diagnóstico clínico baseado em critérios como Hanifin & Rajka ou critérios do Reino Unido. Para orientação de manejo terapêutico atualizado consulte o consenso sobre manejo terapêutico da dermatite atópica.

Psoríase

Placas eritematosas bem demarcadas com escama prateada; locais comuns: cotovelos, joelhos, couro cabeludo e regiões interglúteas. Avalie extensão (PASI quando necessário) e sinais de artrite (encaminhar reumatologia se suspeita). Para uma visão sobre terapias direcionadas veja o artigo sobre terapia direcionada em doenças imunomediadas.

Dermatite de contato

Diferencie irritativa de alérgica: história de exposição a agentes (cosméticos, fragrâncias, metais, látex), padrão de contato e tempo de aparecimento. O teste de aplicação (patch test) é indicado quando há suspeita de alergia de contato persistente; orientações práticas sobre diagnóstico e manejo estão compiladas em guias clínicos, incluindo material disponível em nosso blog sobre dermatites de contato: guia clínicos.

Micose (dermatofitoses e candidíase cutânea)

Lesões anulares com borda ativa (tinea corporis), intertrigo, onicomicose. Procedimentos simples: exame com KOH para confirmar hifas; lembrar diferença entre onicomicose (frequente necessidade de terapia oral) e dermatofitose cutânea (tópicos muitas vezes suficientes). Informações de triagem e manejo básico estão disponíveis em resumos clínicos sobre doenças de pele no nosso blog (doenças dermatológicas: diagnóstico rápido e manejo básico).

Rosácea

Vermelhidão centrofacial com flushing, telangiectasias, pápulas/pústulas; fatores desencadeantes incluem álcool, calor, alimentos condimentados e atividade física intensa. Pergunte sobre sintomas oculares (blefarite, conjuntivite) e considere encaminhamento oftalmológico se houver envolvimento ocular.

2. Manejo inicial prático (rotina em atenção primária)

Princípios gerais aplicáveis

  • Hidratação e barreira: em todas as eczemas a primeira linha é emolientes regulares; oriente rotina (aplicar após banho, várias vezes/dia).
  • Potência e via dos anti-inflamatórios: corticosteroides tópicos de baixa a média potência para face e pregas; potências maiores para áreas palmoplantares, por períodos controlados. Em áreas faciais ou peri-orais, considere inibidores de calcineurina tópicos para uso prolongado.
  • Confirmar infecção: suspeita de sobreinfecção (exsudato, crostas, febre) → cultura/antibiótico tópico ou sistêmico conforme gravidade.

Condutas específicas por condição

  • Dermatite atópica: emolientes, corticosteroide tópico adequado à gravidade, ter cuidado com corticoterapia crônica; para formas extensas ou refratárias considerar fototerapia ou terapias sistêmicas conforme consenso citado anteriormente.
  • Psoríase: placas localizadas → combinações tópicas (corticosteroide + análogo da vitamina D); fototerapia (NB-UVB) para doença mais extensa; referir se necessidade de terapia sistêmica ou biológica.
  • Dermatite de contato: identificar e eliminar o agente agressor, corticosteroides tópicos e cuidados de suporte; considerar patch test se persistente.
  • Micose: KOH para confirmação; antifúngicos tópicos para tinea corporis e máculas limitadas; onicomicose geralmente requer tratamento oral (ex.: terbinafina por período definido com monitorização).
  • Rosácea: evitar desencadeantes, cuidados tópicos (metronidazol, ivermectina) e tetraciclinas orais em doses subantibacterianas para efeito anti-inflamatório em casos moderados.

3. Critérios de encaminhamento e sinais de alerta

Encaminhe ao dermatologista quando houver:

  • Diagnóstico incerto após avaliação inicial ou lesão suspeita de neoplasia cutânea (ulceração, bordo irregular, sangramento, mudança rápida).
  • Doença extensa (por exemplo, psoríase extensa, eczema envolvendo >10% da superfície corporal) ou sintomas sistêmicos.
  • Falha terapêutica após tratamento adequado e aderente ou necessidade de terapias sistêmicas/biológicas (imunossupressores, agentes biológicos).
  • Sinais de gravidade: eritrodermia, bolhas extensas, suspeita de doença autoimune cutânea, infecções profundas ou recorrentes.
  • Impacto significativo na qualidade de vida (prurido incapacitante, distúrbios do sono, repercussão psicossocial).

Para apoio no encaminhamento e acompanhamento de feridas e lesões cutâneas complicadas consulte nosso conteúdo sobre cuidados de pele e feridas no consultório e explore a teledermatologia como ferramenta de triagem em locais com acesso limitado: teledermatologia e IA para triagem.

4. Prevenção, adesão e impacto na qualidade de vida

As doenças de pele crônicas afetam sono, trabalho e saúde mental. Estratégias práticas:

  • Educação estruturada do paciente sobre hidratação, uso correto de corticoides tópicos e identificação de gatilhos (registros de gatilhos podem ajudar).
  • Reforçar adesão com instruções simples e revisões periódicas; materiais educativos e consulta breve de adesão aumentam resposta terapêutica (veja nosso material sobre adesão terapêutica e educação em consulta).
  • Considerar impacto psicossocial: encaminhar para suporte psicológico quando necessário.

Referências e leituras recomendadas

O consenso sobre manejo da dermatite atópica detalha indicações de fototerapia e terapias sistêmicas (Elsevier Clinics). Para terapias direcionadas e atualizações em doenças imunomediadas, incluindo psoríase, confira a revisão disponível em terapia direcionada. Recomendações práticas sobre micose e sinais clínicos básicos podem ser consultadas em material de referência clínica (Tua Saúde).

Para implementações práticas no consultório, combine diagnóstico clínico, exames simples (KOH, cultura, patch test quando indicado) e aplicação de medidas de proteção da barreira cutânea; encaminhe quando houver necessidade de tratamentos especializados, dúvidas diagnósticas ou impacto funcional/psicossocial significativo.

Feche o atendimento com orientações claras: plano de tratamento escrito, quando retornar (ou ligar), sinais de alarme que exigem avaliação urgente e, se necessário, encaminhamento precoce ao especialista.

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