Doenças dermatológicas: diagnóstico rápido e manejo básico
Introdução
Quais são os sinais que ajudam a distinguir rapidamente uma psoríase de uma dermatite atópica ou de uma dermatite de contato no consultório? Lesões cutâneas são frequentes na prática clínica e uma abordagem estruturada permite diagnóstico ágil, início precoce do tratamento e prevenção de complicações. Este texto resume pontos práticos para quem atende na atenção primária e quer decisões seguras e baseadas em evidência.
Quadros clínicos e diagnóstico rápido
Abordagem inicial (passo a passo)
- História clínica concisa: início, evolução, prurido, exposição ocupacional/medicamentos, antecedentes pessoais e familiares (ex.: psoríase).
- Inspeção dirigida: topografia (flexuras vs. extensões), morfologia (pápula, placa, escama), distribuição simétrica, sinais de infecção secundária.
- Exames simples no consultório: teste de KOH para suspeita de fungo, cultivo bacteriano quando houver supuração, e considerar teste de contato (encaminhar para patch test) quando houver padrão relacionado a produtos/ocupação.
- Registre fotografias (com consentimento) para acompanhar resposta ao tratamento.
Características rápidas das principais dermatoses
- Psoríase: placas eritematoescamosas bem delimitadas em couro cabeludo, cotovelos, joelhos; unhas com pitting; história familiar pode ajudar. Em casos típicos, o diagnóstico é clínico (veja mais sobre fisiopatologia e terapias locais em fontes referenciadas).
- Dermatite atópica: prurido intenso, distribuição por flexuras em adultos, história pessoal ou familiar de atopia; tendência à lichenificação em início crônico.
- Dermatite de contato: padrão localizado que corresponde à exposição a alérgenos ou irritantes; surge após contato com produtos, cosméticos, metais, látex etc.
- Dermatite seborreica: áreas ricas em glândulas sebáceas (couro cabeludo, face) com descamação oleosa e prurido; melhora com antifúngicos tópicos em muitos casos.
Para leitura rápida nos casos de psoríase e outras condições, referências abertas como a enciclopédia médica on-line podem ser úteis no ambulatório para reforçar orientação inicial: ver informações clínicas sobre psoríase, dermatite e dermatite seborreica.
Manejo prático baseado em evidências
Passos terapêuticos iniciais na atenção primária
- Educação e medidas gerais: hidratantes (emolientes) regulares, evitar gatilhos e irritantes, orientar sobre banhos curtos e sabonetes suaves.
- Terapia tópica de primeira linha:
- Corticosteroides tópicos de potência adequada por tempo limitado para controlar inflamação (escalonar potência conforme local e idade).
- Em psoríase localizada: análogos da vitamina D tópico ou combinação com corticosteroide.
- Na dermatite seborreica: antifúngicos tópicos (cetoconazol) e xampús medicinais.
- Antibiótico oral apenas quando há clara infecção bacteriana secundária; use critérios clínicos e, quando possível, cultura. Consulte diretrizes locais sobre uso racional de antibióticos (uso racional de antibióticos).
- Fototerapia e terapias sistêmicas (metotrexato, ciclosporina, biológicos) reservadas para casos moderados a graves e indicadas após avaliação especializada.
Orientações específicas por condição
- Psoríase: avaliar extensão, impacto na qualidade de vida e sinais de artrite. Para placas limitadas: tratamento tópico; para doença extensa ou refratária, considerar encaminhamento para dermatologia e avaliar comorbidades (cardiometabólicas).
- Dermatite atópica: foco em restauração da barreira (emolientes intensivos) e controle do prurido; corticoterapia tópica por episódios inflamatórios e terapia sistêmica em casos graves sob orientação especializada.
- Dermatite de contato: identificar e eliminar o agente causador; se persistir, encaminhar para patch test e dermatologia. Em ambiente de atenção primária, documentar exposição ocupacional e orientar medidas de proteção.
Manejo no contexto da atenção primária e ferramentas úteis
Na APS, combine práticas clínicas com apoio remoto e protocolos: usar teledermatologia quando houver dúvida diagnóstica ou necessidade de triagem para consultas especializadas pode agilizar encaminhamentos. Veja aplicativo e fluxos de teletriagem em material prático sobre teledermatologia e triagem.
Quando houver dúvida entre dermatoses inflamatórias e infecções superficiais, revise protocolos sobre manejo de infecções cutâneas e condutas antimicrobianas: manejo de dermatites e infecções superficiais.
Sinais de alerta e critérios de encaminhamento
- Eritrodermia, lesões ulceradas, rápida disseminação, febre ou linfadenopatia — encaminhar com urgência.
- Falha terapêutica após tratamento tópico adequado ou suspeita de doença sistêmica (psoriase extensa com sintomas articulares) — encaminhar para dermatologia.
- Suspeita de reação medicamentosa (exantema generalizado, bolhas) — ação imediata e avaliação especializada.
Orientações práticas ao paciente e seguimento
- Explique a importância da adesão a emolientes diários e uso correto de corticoterapia tópica (duração, local, potência).
- Forneça instruções escritas sobre gatilhos a evitar (produtos, contato ocupacional) e quando retornar (aumento de prurido, sinais de infecção, piora rápida).
- Marque reavaliação em 2–6 semanas dependendo da gravidade e resposta inicial; fotografe progressão.
Integre, sempre que relevante, avaliação de comorbidades (p.ex. risco cardiovascular em pacientes com psoríase) e coordene com outros programas da APS para acompanhamento longitudinal (prevenção cardiovascular).
Fechamento e orientações práticas para o dia a dia
Na prática clínica, priorize um exame dirigido, medidas barreira/educação e terapêutica tópica inicial. Use testes simples (KOH, cultura) quando indicado, e aplique critérios claros de encaminhamento para acelerar tratamento avançado. Documente evolução com fotos e eduque o paciente sobre metas terapêuticas e sinais de alarme. Estas ações melhoram resultados e reduzem consultas desnecessárias.