Estratégias de prevenção cardiovascular no consultório de atenção primária
Doenças cardiovasculares permanecem a principal causa de morte e incapacidade no Brasil. Na atenção primária, a atuação preventiva reduz eventos e melhora qualidade de vida por meio de avaliação de risco, intervenções no estilo de vida, tratamento dirigido de hipertensão, dislipidemia e diabetes, e acompanhamento sistemático.
Prevenção cardiovascular na atenção primária
A prevenção cardiovascular começa com identificação de risco. Use escores validados como Framingham ou ASCVD para orientar decisões, sempre contextualizando o paciente. Ferramentas digitais e algoritmos podem melhorar a predição do risco e a estratificação individual — para referências sobre modelos de predição, veja experiências práticas em predição de risco cardiovascular em ambiente clínico como discutido em estudos recentes: predição de risco cardiovascular.
Avaliação de risco cardiovascular
Na avaliação inicial, registre histórico familiar, tabagismo, sedentarismo, dieta, IMC, pressão arterial, glicemia de jejum/HbA1c e perfil lipídico (LDL, HDL, triglicerídeos). Exames adicionais (creatinina, microalbuminúria) orientam manejo em diabéticos e pacientes com doença renal. Atualize a estratificação periodicamente, especialmente quando houver mudança de medicação ou de estilo de vida.
Modificação de estilo de vida e controle de fatores de risco
Mudanças no estilo de vida são a base da prevenção primária e secundária. Recomende atividade física regular (≥150 min/semana de intensidade moderada), dietas baseadas em vegetais e grãos integrais (como princípios da dieta DASH), redução de sal e gorduras saturadas, perda de peso em pacientes com sobrepeso/obesidade e cessação do tabagismo.
Hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes
O controle da pressão arterial reduz substancialmente o risco cardiovascular. Para condutas clínicas detalhadas sobre manejo da pressão arterial na atenção primária, consulte o protocolo local de hipertensão: manejo da hipertensão.
Na dislipidemia, priorize redução do LDL com estatinas em pacientes de alto risco; discuta riscos e benefícios com o paciente. Em diabetes mellitus, o controle glicêmico (metas individualizadas de HbA1c, geralmente <7% em muitos adultos) e manejo de fatores cardiometabólicos são essenciais — protocolos atualizados para diabetes ajudam na escolha terapêutica: manejo do diabetes tipo 2.
Tratamento farmacológico: quando e como indicar
Decisões sobre estatinas, anti-hipertensivos (IECA/BRA), antiplaquetários e novas classes (inibidores de SGLT2, agonistas de GLP‑1 em contexto selecionado) devem seguir avaliação de risco e evidências. Em prevenção primária, a indicação de aspirina exige cautela pela relação benefício/risco hemorrágico. Em pacientes com alto risco aterosclerótico, a terapia com estatina tem benefício claro na redução de eventos.
Abordagem individualizada
Considere comorbidades, idade, fragilidade e preferências do paciente. Explique metas (pressão arterial alvo, LDL desejável, HbA1c) e estabeleça plano de seguimento. Utilize consultas de retorno para ajustar doses, monitorar efeitos adversos e reforçar mudanças de comportamento.
Acompanhamento, adesão terapêutica e educação do paciente
Monitoramento contínuo é necessário para avaliar eficácia e adesão. Incentive aferição domiciliar da pressão arterial e autocontrole glicêmico quando indicado. Abordagens estruturadas de adesão aumentam o sucesso terapêutico — recursos práticos sobre adesão podem ser consultados em materiais dedicados à adesão terapêutica: adesão terapêutica na atenção primária.
A educação deve ser objetiva: explique os riscos do tabagismo, benefícios da reabilitação física, interpretação de exames básicos e sinais de alerta para procurar emergência. Envolver família e utilizar materiais escritos ou digitais melhora retenção e motivação.
Prevenção cardiovascular: mensagem para a prática clínica
No consultório, combine avaliação de risco, mudança de estilo de vida, controle rigoroso de hipertensão, dislipidemia e diabetes, decisões farmacológicas baseadas em evidência e seguimento regular. Baseie suas práticas em diretrizes e revisões confiáveis; por exemplo, recomendações nacionais e científicas podem ser consultadas em publicações indexadas como as disponíveis na plataforma SciELO: diretrizes cardiológicas.
Para enquadrar ações da atenção primária na prevenção de doenças crônicas, materiais de revisão sobre estratégias de atenção primária ajudam a estruturar programas locais e educativos: estratégias de atenção primária. Para conceitos amplos de promoção e prevenção em saúde, consulte sínteses acessíveis que contextualizam intervenções populacionais e individuais: saúde preventiva.
Adote uma abordagem contínua e centrada no paciente: pequenas mudanças consistentes, somadas ao tratamento farmacológico quando indicado, reduzem eventos cardiovasculares e melhoram a sobrevida. Atualize-se com as diretrizes locais e nacionais e pratique a tomada de decisão compartilhada para otimizar resultados.