Manejo de dermatites e infecções superficiais na atenção primária

Manejo de dermatites e infecções superficiais na atenção primária

Manejo de dermatites na atenção primária

As dermatites são causas frequentes de queixa nos serviços de atenção primária. O diagnóstico clínico bem feito e intervenções simples – como hidratação adequada, controle do prurido e educação do paciente – resolvem a maior parte dos casos ou permitem o manejo até o encaminhamento especializado.

Dermatite atópica

A dermatite atópica apresenta prurido intenso, lesões eczematosas e flutuações por fatores ambientais. No manejo inicial, enfatize:

  • Restaurar a barreira cutânea com emolientes diários e orientações sobre banhos; o uso regular de hidratantes reduz exacerbações.
  • Tratar surtos com corticosteroides tópicos de baixa a média potência por curtos períodos, com instruções claras sobre aplicação e riscos.
  • Orientar sobre fatores desencadeantes (irritantes, alérgenos, estresse) e esquema de fotoproteção quando indicado.

Para revisão sobre o papel do microbioma na dermatite atópica e recomendações práticas, consulte o guia local sobre microbioma cutâneo e dermatite atópica e materiais da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD).

Dermatite de contato

Identificar substâncias irritantes ou sensibilizantes é essencial. Condutas básicas:

  • História ocupacional e uso doméstico detalhado; quando possível, encaminhar para testes de contato.
  • Suspender o agente causal e usar corticosteroides tópicos para controle inflamatório.
  • Reforçar medidas de proteção e emolientes para recuperação da barreira epidérmica.

Infecções superficiais da pele

As infecções superficiais mais comuns na atenção primária incluem impetigo e dermatomicoses. A escolha entre tratamento tópico e sistêmico deve considerar extensão, sinais de celulite e resposta inicial.

Impetigo

O impetigo geralmente é causado por Staphylococcus aureus ou Streptococcus pyogenes. Recomendações práticas:

  • Lesões localizadas: antibiótico tópico (por exemplo, mupirocina) e higiene rigorosa.
  • Casos extensos, sinais sistêmicos ou falha do tratamento tópico: antibiótico oral direcionado, respeitando orientações sobre posologia e duração.
  • Educar sobre evitar compartilhamento de objetos pessoais e cuidados com curativos.

Para abordagem racional de antibióticos e resistência, veja a página sobre gestão de antibióticos e resistência e recomendações de posologia, por exemplo em amoxicilina-clavulanato, quando aplicável.

Dermatomicoses (tinha e candidíase cutânea)

Tratamento inicial com antifúngicos tópicos (terbinafina, clotrimazol) em lesões limitadas; considerar antifúngico oral em onicomicose extensa ou tinea corporis extensa. Educação sobre higiene, secagem adequada das áreas e troca de roupas/lençóis é fundamental para prevenção de reinfecção.

Alterações cutâneas benignas com importância clínica

Queratoses actínicas

Lesões pré-malignas associadas à exposição solar crônica. Na atenção primária:

  • Monitorar e documentar número e aparência das lesões; orientar fotoproteção com protetor solar de amplo espectro.
  • Tratamento tópico (5‑fluorouracil, imiquimode) quando apropriado ou encaminhar para procedimento dermatológico se houver reação suspeita.

Nevos

Nevos comuns exigem vigilância por mudanças em assimetria, borda, cor, diâmetro ou evolução. Utilize a regra ABCDE como triagem; suspeitas devem ser encaminhadas para avaliação dermatológica e dermatoscopia.

Recomendações práticas para atenção primária

  • Documente imagens quando possível para acompanhamento e comparação.
  • Explique claramente o objetivo do tratamento (p. ex., controle do prurido, restauração da barreira, erradicação da infecção) e possíveis efeitos adversos dos medicamentos tópicos e sistêmicos.
  • Evite antibioticoterapia desnecessária; siga protocolos locais e orientações sobre resistência, como no material sobre resistência bacteriana.
  • Quando houver dúvida diagnóstica, sinais de infecção profunda, falha terapêutica ou suspeita de malignidade, encaminhe ao dermatologista.

Para leitura complementar e atualizações sobre manejo e diretrizes clínicas, consulte os recursos recomendados da literatura nacional e internacional, como o artigo prático citado na intramed (diretrizes práticas – Intramed) e material de revisão disponível na editora médica (Atena Editora).

Recomendações finais

O manejo exitoso de dermatites e infecções superficiais na atenção primária combina diagnóstico clínico cuidadoso, terapêutica tópica apropriada, orientação sobre cuidados da pele e escolha criteriosa de antimicrobianos. Integre educação do paciente, vigilância e encaminhamento quando necessário para manter segurança e qualidade do cuidado. Para aprofundar aspectos práticos e a interface com farmacoterapia, revisite os guias internos sobre microbioma cutâneo, gestão de antibióticos e posologia de amoxicilina‑clavulanato quando aplicável.

* Alguns de nossos conteúdos podem ter sido escritos ou revisados por IA. Fotos por Pexels ou Unsplash.