Infecções urinárias em mulheres adultas: prevenção, diagnóstico e manejo na atenção primária

Infecções urinárias em mulheres adultas: prevenção, diagnóstico e manejo na atenção primária

As infecções do trato urinário (ITU) são uma das queixas infecciosas mais frequentes na prática clínica para mulheres adultas. A maioria dos episódios corresponde a cistite aguda não complicada, mas casos de pielonefrite, recorrência e bacteriúria assintomática em grupos selecionados exigem atenção diferenciada. Este texto sintetiza medidas práticas de prevenção, critérios diagnósticos e condutas terapêuticas centradas na atenção primária.

Infecções urinárias: prevenção

Medidas simples reduzem a incidência de ITU e devem ser parte do aconselhamento em consultas de rotina:

  • Higiene genital correta: higiene de frente para trás e evitar duchas íntimas que alterem a flora vaginal.
  • Ingestão de líquidos: hidratação adequada para promover diurese e eliminação bacteriana.
  • Micção relacionada à atividade sexual: urinar após a relação sexual pode reduzir a colonização uretral.
  • Escolha de contraceptivos: avaliar métodos que não facilitem a migração bacteriana — orientar sobre preservativos quando indicado.
  • Evitar uso indiscriminado de antibióticos: prescrição criteriosa para diminuir a seleção de cepas resistentes. Para aprofundar as implicações da resistência, consulte o material sobre resistência bacteriana e gestão de antimicrobianos.

Também é útil discutir com pacientes fatores de risco que aumentam recorrência, como alterações anatômicas, diabetes e alterações do microbioma urinário, tema em crescimento na literatura.

Infecções urinárias: diagnóstico

Sinais e sintomas

Os sintomas clássicos de cistite incluem disúria, polaciúria, urgência miccional e dor suprapúbica. Febre, lombalgia, náuseas ou vômitos levantam suspeita de pielonefrite e demandam avaliação e conduta mais agressiva.

Exames complementares

  • Urina tipo 1 (EAS): detecta leucócitos, nitrito e hemácias; útil para triagem.
  • Urocultura: indicada em casos complicados, recorrentes, gestantes, idosos ou quando há falha terapêutica — fundamental para orientar tratamento em situações não responsivas ao tratamento empírico. Estudos regionais sobre perfil etiológico e sensibilidade auxiliam na escolha inicial (ver análise regional em perfil das ITU em atendimento ambulatorial).
  • Testes rápidos e point-of-care: têm papel complementar em cenários onde o resultado da urocultura não é imediatamente disponível.

Infecções urinárias: manejo na atenção primária

O manejo deve ser objetivo, baseado em evidências e adaptado ao risco individual.

Terapia empírica

Para cistite não complicada em mulheres adultas saudáveis, as opções de primeira linha incluem nitrofurantoína e fosfomicina, considerando duração e efeitos adversos. A escolha deve levar em conta o perfil local de sensibilidade; referências nacionais destacam a importância de protocolos locais e uso racional de antimicrobianos (manejo na atenção primária).

Em situações onde há indicação de outra cobertura (ex.: suspeita de Enterobacteriaceae resistentes), ajuste com base em urocultura é obrigatório. Para orientações sobre regimes e posologias de betalactâmicos quando necessários, consulte a revisão sobre posologia da amoxicilina-clavulanato.

Quando solicitar urocultura e encaminhar

  • Urocultura antes do tratamento em casos de pielonefrite, recorrência ou falha terapêutica.
  • Encaminhar ao nível secundário: febre alta persistente, sepse, gestação, anomalias anatômicas suspeitas ou falha clínica após terapia adequada.

Recorrência e prevenção farmacológica

Para pacientes com episódios recidivantes, estratégias incluem medidas comportamentais, profilaxia antimicrobiana pós-coito ou profilaxia contínua em casos selecionados. A decisão deve ser individualizada, pesando risco de resistência e efeitos colaterais.

Aspectos práticos para a consulta

  • Registrar quadro clínico completo e comorbidades (diabetes, imunossupressão, alterações urológicas).
  • Explicar à paciente sinais de alarme que exigem retorno imediato (febre alta, dor lombar intensa, vômitos, dificuldade para ingerir líquidos).
  • Agendar reavaliação ou controle telefônico para verificar resposta em 48–72 horas quando tratar empiricamente.

Orientações finais

As infecções urinárias em mulheres adultas exigem abordagem que combine prevenção, diagnóstico criterioso e terapia baseada em contexto epidemiológico e exames quando indicados. Profissionais de atenção primária devem integrar educação em saúde, uso prudente de antimicrobianos e encaminhamentos adequados. Para leituras complementares e diretrizes práticas, destaco estudos revisados e recomendações nacionais (revisão sobre infecções recorrentes) e orientações de sociedades médicas sobre infecção urinária de repetição (artigo FEBRASGO).

Em resumo, priorize diagnóstico clínico bem fundamentado, solicite urocultura quando necessário, escolha antimicrobianos de primeira linha conforme perfil local e eduque a paciente sobre medidas preventivas. A articulação entre prevenção comportamental, vigilância da resistência e encaminhamento apropriado reduz complicações e melhora resultados clínicos.

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