Este guia, dirigido a profissionais de saúde e a pacientes, explica de forma direta as opções de contracepção de longa duração (CLD), com foco em DIU (hormonal e de cobre) e implante subdérmico. Apresentamos critérios de seleção, prescrição, manejo de efeitos colaterais e complicações, além de recomendações práticas para populações específicas. A decisão compartilhada entre paciente e profissional é essencial para escolher o método contraceptivo mais adequado ao perfil clínico e às preferências individuais.
O que são contraceptivos de longa duração (DIU e implante)
Contraceptivos de longa duração (CLD) são métodos altamente eficazes que oferecem proteção por meses ou anos sem exigir ação diária. Os principais métodos na prática são:
- DIU hormonal: dispositivo intrauterino que libera progestagênio localmente; geralmente reduz ou suspende o fluxo menstrual em muitas pacientes; dura tipicamente 3 a 5 anos, conforme o produto.
- DIU de cobre: método não hormonal que altera a viabilidade espermática; mantém padrão menstrual, mas pode aumentar o sangramento e as cólicas nos primeiros ciclos.
- Implante hormonal: pequeno bastão subdérmico que libera progestagênio; protege por 3 a 5 anos dependendo do dispositivo; tende a reduzir ou suprimir a menstruação ao longo do tempo.
Esses métodos apresentam alta eficácia, baixa dependência do usuário e reversibilidade razoavelmente rápida após remoção. Ao discutir anticoncepção, considere eficácia, padrão de sangramento, efeitos colaterais, contra‑indicações e disponibilidade local.
DIU: opções, eficácia e efeitos
O DIU é indicado para uma ampla gama de pacientes e é uma opção importante na anticoncepção reversível de longa duração.
Indicações e seleção
Escolha entre DIU hormonal e DIU de cobre conforme preferências sobre sangramento, histórico médico (por exemplo, câncer de mama, doença hepática), idade e desejo reprodutivo futuro. Para dúvidas sobre comorbidades que possam influenciar a escolha, consulte as diretrizes manejo asma quando houver doença respiratória crônica concomitante.
Inserção, remoção e seguimento
A inserção é feita em consultório com técnica asséptica; a remoção é simples e reversível. Recomende avaliação de follow‑up em 6–12 semanas para confirmar posição e tolerância. Em caso de expulsão parcial ou sintomas sugestivos, agendar avaliação imediata.
Efeitos colaterais e manejo
DIU hormonal tende a reduzir o sangramento menstrual, embora sangramento irregular ocorra nos primeiros meses. DIU de cobre pode causar aumento do fluxo e cólicas inicialmente. Oriente sobre manejo de sangramento irregular com estratégias conservadoras e analgesia, e encaminhe se houver sangramento intenso, dor persistente ou sinais de infecção.
Implante hormonal: indicações e manejo
O implante é uma alternativa eficaz quando se busca anticoncepção de longa duração com mínima necessidade de retorno para reposição.
Indicações e vantagens
Indicado para quem deseja proteção prolongada sem contraceptivos orais diários. Vantagens incluem alta eficácia e conveniência; rever contraindicações como câncer de mama ativo. Informe sobre possibilidade de alteração do padrão de sangramento e efeitos hormonais sistêmicos.
Inserção, remoção e acompanhamento
Inserção e remoção são procedimentos ambulatoriais realizados com anestesia local. Planeje acompanhamento em 6–12 semanas e orientações para sinais de complicação (dor, infecção no sítio, suspeita de migração). A fertilidade geralmente retorna rapidamente após remoção.
Como escolher entre DIU e implante
A escolha deve considerar:
- Preferência sobre menstruação: desejo de amenorreia temporária ou manutenção do sangramento.
- Histórico médico: trombose, doença hepática, câncer de mama ou infecções genitais.
- Facilidade de acesso a serviços: disponibilidade para inserção e remoção.
- Plano reprodutivo: tempo até tentativa de concepção após remoção.
Discussões sobre protocolo clínico e práticas de prescrição podem ser complementadas por nossos protocolos clínicos e diretrizes práticas, úteis para padronizar a prescrição segura e o manejo ambulatorial.
Prescrição segura e fluxo no consultório
O atendimento deve incluir anamnese completa (história obstétrica, uso de medicamentos, comorbidades), exame clínico quando indicado, avaliação de elegibilidade e counseling informado. Explique eficácia, duração, efeitos colaterais e sinais de alarme. Em situações de risco infeccioso, siga protocolos locais e consulte diretrizes como o protocolo SEPSE adultos quando relevante.
Plano de acompanhamento
Estabeleça retorno para 6–12 semanas, orientações para atendimento em caso de sangramento irregular intenso, dor pélvica severa ou febre, e agendamento para remoção ou substituição ao término da validade do dispositivo (3–5 anos conforme o produto).
Efeitos adversos comuns e quando encaminhar
Efeitos comuns: sangramento irregular, amenorreia (mais no DIU hormonal e implante), cólicas e desconforto pélvico (mais no DIU de cobre), alterações de humor ou acne em parcela das pacientes. Encaminhe para avaliação imediata se houver dor intensa, sangramento profuso, sinais de perfuração ou infecção.
Populações que merecem atenção especial
- Adolescentes e nulíparas: DIU e implante são opções seguras com aconselhamento adequado sobre privacidade e possíveis efeitos.
- Lactantes: DIU (incluindo o hormonal) pode ser usado após o parto conforme guideline local; avaliar conforto e padrão de sangramento.
- Portadoras de doenças crônicas (hipertensão, diabetes, autoimunes): integrar o cuidado com outras especialidades para escolher o método mais seguro.
Perguntas frequentes
- DIU pode ser usado em todas as fases reprodutivas? Na maioria dos casos, sim, salvo contraindicações individuais; realizar avaliação clínica antes da inserção.
- O implante dói? A inserção é feita com anestesia local; desconforto é temporário. Procure avaliação se a dor for intensa ou persistente.
- Quando a fertilidade retorna? Geralmente há retorno rápido após remoção, dependendo da idade e da saúde reprodutiva.
- Quais sinais indicam complicação? Dor intensa, sangramento desproporcional, febre ou corrimento anormal exigem avaliação imediata.
Resumo prático: orientações para a prática clínica
Contraceptivos de longa duração (DIU hormonal, DIU de cobre e implante) oferecem alta eficácia, conveniência e reversibilidade. Para uma prática clínica segura: avalie elegibilidade, realize counseling detalhado sobre eficácia, inserção, remoção e possíveis efeitos colaterais (incluindo sangramento irregular), agende acompanhamento em 6–12 semanas e mantenha caminhos claros para atendimento de urgência. Utilize diretrizes atualizadas e materiais educativos para apoiar a decisão compartilhada e garantir qualidade do cuidado.
Para aprofundar protocolos de prescrição e manejo em contexto ambulatorial, consulte também o conteúdo sobre prescrição segura de analgésicos e antibióticos quando necessário durante o seguimento.