Manejo inicial de infecção urinária na mulher adulta
A infecção do trato urinário (ITU) é uma das condições infecciosas mais frequentes em mulheres, com impacto clínico e socioeconômico significativo. Os sinais clássicos incluem disúria, aumento da frequência urinária, urgência miccional e às vezes dor suprapúbica; febre e dor lombar sugerem acometimento do trato superior. Para uma visão geral acessível sobre epidemiologia e definições, consulte a entrada da Wikipédia sobre infecção do trato urinário.
Infecção urinária (ITU) em mulheres: diagnóstico clínico e exames indicados
O diagnóstico inicial é, na maioria dos casos, clínico. Em mulheres com quadro típico de cistite aguda não complicada (disúria e urgência sem sinais sistêmicos), a conduta pode ser iniciada empiricamente. Solicite exame de urina (EAS) e urocultura em situações atípicas: febre, gravidez, sintomas persistentes após tratamento, recorrência frequente, suspeita de pielonefrite ou em pacientes com comorbidades que aumentem o risco de complicações.
Quando houver dúvida diagnóstica ou falha terapêutica, a urocultura orienta a terapia dirigida. A avaliação do microbioma urinário e fatores locais pode ser útil em pacientes com infecções recorrentes ou sinais de alterações repetidas.
Tratamento antimicrobiano: opções recomendadas e duração
Para ITU não complicada em mulheres adultas, as opções orais e a duração usual são:
- Fosfomicina trometamol: dose única (3 g), conveniente e eficaz para muitos patógenos da cistite não complicada.
- Nitrofurantoína: 100 mg duas vezes ao dia por 5 dias (preferível quando há sensibilidade confirmada e sem suspeita de ITU alta).
- Trimetoprima-sulfametoxazol: 160/800 mg duas vezes ao dia por 3 dias, quando a prevalência de resistência local é baixa.
- Cefalexina ou outras cefalosporinas orais: alternativas em casos específicos, por 3 a 7 dias conforme apresentação clínica.
A escolha deve incorporar alergias, gravidez, função renal, interações medicamentosas e a prevalência local de resistência. Para orientações sobre gestão de resistência e estratégias de uso racional de antimicrobianos veja o material sobre resistência bacteriana. Em situações que exijam alternativa à primeira linha, consulte a posologia da amoxicilina-clavulanato para indicação e dosagem correta.
Diretrizes internacionais e europeias, como as da European Association of Urology, e revisões sistemáticas embasam essas recomendações e detalham indicações em populações especiais.
Fatores que influenciam a escolha do antibiótico
- Probabilidade de resistência local (use dados locais sempre que disponíveis).
- Gravidez: evitar certos fármacos; preferir opções com segurança comprovada na gestação.
- Insuficiência renal e interações medicamentosas (ajuste de doses quando necessário).
- História de infecções recorrentes ou uropatias estruturais.
Manejo dos sintomas: alívio imediato e medidas de suporte
Além do antibiótico, oriente medidas sintomáticas:
- Hidratação adequada (não necessariamente excessiva, mas regular) para facilitar a micção e eliminação bacteriana.
- Analgésicos comuns (paracetamol ou AINEs) para dor e desconforto.
- Fenazopiridina pode ser usada por curto período para alívio da queimação urinária, com explicação ao paciente de que colora a urina e não trata a infecção.
Explique que sintomas podem melhorar nas primeiras 48 horas com tratamento adequado; persistência ou piora requer reavaliação e cultura.
Prevenção de infecções recorrentes e medidas comportamentais
Para reduzir episódios repetidos, oriente práticas com evidência razoável de benefício:
- Higiene íntima correta (limpeza da frente para trás).
- Micção após relação sexual; considerar dose profilática pós-coito em pacientes com padrão claramente associado ao ato sexual.
- Evitar duchas íntimas e produtos irritativos que alterem a flora local.
- A evidência sobre cranberry é heterogênea; revisões sistemáticas sugerem benefício limitado em alguns subgrupos — consulte fontes como a Cochrane Review para discussão detalhada.
Quando encaminhar ou investigar além da urocultura
Encaminhe para avaliação urológica ou investigação complementar se houver episódios recidivantes (três ou mais por ano), suspeita de uropatia, hematúria persistente, sinais de pielonefrite recorrente ou falha terapêutica apesar de tratamento adequado. Investigações podem incluir imagem renal, uretrocistoscopia ou avaliação funcional conforme quadro clínico.
Orientações práticas para profissionais e pacientes sobre ITU
Resumo prático: em mulheres com quadro típico de cistite não complicada, considerar tratamento empírico com fosfomicina ou nitrofurantoína, orientar medidas de suporte e agendar reavaliação se não houver melhora em 48–72 horas. Use urocultura quando houver sinais de infecção complicada, gravidez, recorrência ou falha terapêutica. Para material de referência nacional e posicionamentos, a Sociedade Brasileira de Nefrologia e documentos de sociedades europeias trazem recomendações atualizadas; profissionais podem complementar com diretrizes internacionais e revisões sistemáticas para decisões baseadas em evidências.
Fontes externas consultadas e recomendadas: Wikipédia (PT), guidelines da EAU e revisão da Cochrane. Consulte também as recomendações locais e protocolos institucionais para ajustar escolhas antimicrobianas conforme resistência bacteriana local.