O que é melasma: causas, diagnóstico e tratamentos eficazes
O melasma é uma condição de hiperpigmentação facial caracterizada por manchas acastanhadas, frequentemente simétricas, que surgem em áreas expostas ao sol. Afeta principalmente mulheres em idade reprodutiva, mas pode ocorrer em qualquer sexo e em diferentes fototipos (Fitzpatrick I–VI). O manejo clínico exige diagnóstico correto, fotoproteção rigorosa e uma estratégia terapêutica multimodal que considere hidroquinona, ácido tranexâmico, peelings e, quando indicado, procedimentos com luz ou laser.
O que é o melasma?
Melasma é uma hiperpigmentação adquirida por aumento da atividade dos melanócitos na pele. As apresentações mais comuns são:
- Melasma epidermico: pigmentação na camada superficial da pele, com melhor resposta a terapias tópicas e à fotoproteção.
- Melasma dérmico: pigmento em camadas mais profundas, de resposta mais lenta e que pode requerer estratégias combinadas.
- Melasma misto: combinação das duas situações acima, com resposta variável aos tratamentos.
A fisiopatologia envolve predisposição genética, estímulos hormonais (gravidez, anticoncepcionais), exposição solar e processos inflamatórios ou irritativos que mantêm o estímulo melanogênico. Termos importantes a serem considerados no manejo incluem fotoproteção, hiperpigmentação pós-inflamatória e dermatoscopia para avaliação do padrão pigmentário.
Fatores de risco e gatilhos para melasma
Os principais fatores que favorecem o aparecimento ou a piora do melasma são:
- Exposição solar sem proteção adequada, a principal causa de manutenção e recidiva das manchas.
- Alterações hormonais, como gravidez e uso de anticoncepcionais hormonais.
- Histórico familiar positivo, indicando predisposição genética.
- Irritação cutânea e procedimentos mal indicados, que podem levar à hiperpigmentação pós-inflamatória.
- Uso de cosméticos ou tratamentos agressivos sem supervisão dermatológica.
Como a inflamação e irritação influenciam o quadro, recomenda-se atenção a alergias ou dermatites de contato; para orientações sobre manejo de reações cutâneas que podem agravar o melasma, veja o guia clínico de dermatites e manejo clínico.
Diagnóstico do melasma: como identificar e diferenciar
O diagnóstico é majoritariamente clínico, com avaliação do padrão e da distribuição das manchas (bochechas, testa, nariz, lábio superior). Exames auxiliares orientam o prognóstico e a escolha terapêutica:
- Lâmpada de Wood: útil para diferenciar pigmentação epidérmica de dérmica, embora não substitua exame clínico detalhado.
- Dermatoscopia: permite avaliar padrões de pigmentação e vascularização, ajudando no planejamento terapêutico.
- Diferenciais: lentigos, nevus, pigmentação pós-inflamatória e outras dermatoses pigmentares. Um diagnóstico correto evita tratamentos que possam agravar a hiperpigmentação.
Para algoritmos práticos de diagnóstico e manejo de doenças dermatológicas que auxiliam na diferenciação, consulte o guia dermatológico básico para diagnóstico e manejo.
Abordagens de tratamento para melasma
O tratamento eficaz do melasma é multimodal: combina fotoproteção, terapias tópicas, medicamentos orais em casos selecionados e procedimentos dermatológicos. A escolha depende do tipo de melasma, fototipo, tolerância do paciente e riscos associados.
Proteção solar e fotoproteção
A fotoproteção é a base do tratamento. Recomendações práticas:
- Protetor solar de amplo espectro (SPF ≥ 50) com proteção UVA e UVB, aplicado generosamente e reaplicado a cada 2 horas durante exposição.
- Proteção física: chapéus, viseiras, óculos de sol e barreiras têxteis para reduzir exposição.
- Evitar procedimentos agressivos sem preparo adequado, que podem desencadear hiperpigmentação pós-inflamatória.
Hidroquinona, retinoides e terapias tópicas
Agentes tópicos são a espinha dorsal do clareamento:
- Hidroquinona (2–4%): agente despigmentante eficaz em melasma epidérmico; uso sob supervisão médica, por períodos controlados, para minimizar riscos (irritação, ochronose com uso prolongado inadequado).
- Retinoides (tretinoína, adapaleno): melhoram renovação epidérmica e potencializam a ação de clareadores.
- Ácidos e antioxidantes: ácido azelaico, ácido glicólico, ácido kójico e vitamina C (ácido ascórbico) complementam protocolos, reduzindo pigmentação e oferecendo ação antioxidante.
- Formulações combinadas: a combinação de hidroquinona, retinoide e um corticosteroide suave (fórmula tripla) é usada em pacientes selecionados com monitorização cuidadosa.
A adesão ao regime e a paciência são cruciais; respostas iniciais costumam surgir entre 6 e 12 semanas.
Ácido tranexâmico no tratamento do melasma
O ácido tranexâmico tem papel crescente como terapia adjunta. Mecanismo envolve modulação de vias inflamatórias e redução da transferência de melanina. Formas de uso:
- Tópico: cremes ou séruns com tranexâmico (2–5%) usados em combinação com clareadores convencionais.
- Oral: em pacientes selecionados, doses como 250–500 mg duas vezes ao dia por 8–16 semanas podem ser consideradas, após avaliação de riscos (história de trombose, uso de anticoagulantes, gravidez, lactação).
A introdução do tranexâmico deve ser feita por médico, avaliando risco-benefício individual.
Peelings químicos e procedimentos com laser
Peelings superficiais (ácido glicólico, ácido salicílico) podem ser úteis em melasma epidérmico, sempre com indicação e sequência adequadas para minimizar riscos. Lasers e luz intensa pulsada (IPL) são alternativas em casos resistentes, mas exigem experiência para reduzir o risco de hiperpigmentação pós-inflamatória, especialmente em peles de fototipo mais alto.
Para decidir sobre peelings ou lasers, considere fototipo, presença de melasma dérmico e histórico de resposta a tratamentos; procedimentos mal indicados podem agravar o quadro.
Estratégia prática para o tratamento do melasma
Um plano terapêutico adaptável e realista pode seguir etapas:
- Intensificar a fotoproteção como medida inicial e contínua.
- Iniciar terapia tópica combinada (por exemplo, hidroquinona + retinoide + antioxidante) conforme tolerância.
- Adicionar ácido tranexâmico tópico ou considerar via oral em casos refratários, após triagem de segurança.
- Recorrer a peelings superficiais ou lasers apenas com indicação precisa e acompanhamento próximo.
- Revisões periódicas para ajustar o protocolo, monitorar efeitos adversos e planejar manutenção.
Resultados variam: melhora inicial em 6–12 semanas, com progressão ao longo de meses; recidivas são frequentes sem manutenção adequada.
Cuidados diários e aspectos de qualidade de vida
Medidas cotidianas facilitam o controle e a prevenção de novas áreas pigmentadas:
- Rotina de skincare suave, evitando produtos irritantes.
- Reaplicação de protetor solar a cada 2 horas durante exposição.
- Hidratação adequada e dieta rica em antioxidantes; o equilíbrio do microbioma da pele pode influenciar a barreira cutânea e a reação inflam muito embora não substitua tratamentos médicos.
- Buscar avaliação dermatológica para personalizar o plano e reduzir riscos de complicações.
Resumo prático para melasma
- Mantenha fotoproteção rígida (SPF ≥ 50, barreiras físicas e reaplicação frequente).
- Adote terapias tópicas individualizadas (hidroquinona, retinoides, ácido azelaico, vitamina C) conforme orientação médica.
- Considere ácido tranexâmico tópico ou oral quando indicado, avaliando riscos pessoais.
- Procedimentos (peelings, lasers) devem ser realizados por especialistas e com preparo prévio para reduzir risco de hiperpigmentação pós-inflamatória.
- Estabeleça metas realistas com o paciente e plano de manutenção para evitar recidivas.
O melasma é uma condição crônica que requer acompanhamento contínuo. Para aprofundar critérios de diagnóstico e manejo em dermatologia, assim como para suporte em quadros que envolvem reações inflamatórias, utilize os recursos clínicos e guias especializados indicados ao longo do texto.