O que é POTS pós-COVID: sinais, diagnóstico e manejo inicial

O que é POTS pós-COVID: sinais, diagnóstico e manejo inicial

POTS pós-COVID é uma forma de disautonomia que pode surgir após infecção por SARS-CoV-2. Este texto, escrito por profissionais de saúde, descreve de forma direta os sinais clínicos, a abordagem diagnóstica prática na atenção primária e as primeiras medidas de manejo — incluindo intervenções não farmacológicas e quando considerar tratamento medicamentoso. O objetivo é oferecer orientações claras para profissionais e pacientes, com base em evidências e na prática clínica.

POTS pós-COVID: definição e contexto clínico

POTS (Postural Orthostatic Tachycardia Syndrome) é uma síndrome de disautonomia caracterizada por taquicardia ortostática significativa ao assumir a posição ereta, acompanhada de sintomas de intolerância ortostática. Pacientes frequentemente relatam tontura, sensação de desmaio, fraqueza, fadiga marcada, confusão mental (“brain fog”), palpitações, cefaleia, náusea e intolerância ao calor. Quando esses sintomas surgem ou se agravam após COVID-19, usa-se o termo POTS pós-COVID para enfatizar a relação temporal com a infecção.

POTS pós-COVID: sinais e sintomas principais

  • Taquicardia ortostática: aumento da frequência cardíaca ≥30 bpm em adultos (≥40 bpm em adolescentes) dentro de 10 minutos ao ficar em pé, sem queda significativa da pressão arterial.
  • Intolerância ortostática: tontura, sensação de desmaio ou fraqueza ao mudar de posição.
  • Fadiga incapacitante, confusão mental (brain fog) e intolerância ao exercício.
  • Palpitações, cefaleia, náuseas e sintomas gastrointestinais.

A apresentação é heterogênea; exclusão de causas secundárias (desidratação, anemia, hipotireoidismo, drogas, doenças cardíacas) é obrigatória antes de confirmar POTS.

POTS pós-COVID: fatores de risco e mecanismos

Mulheres em idade reprodutiva são mais frequentemente afetadas, embora POTS ocorra em ambos os sexos e em várias idades. A fisiopatologia é multifatorial e pode envolver disfunção autonômica, pooling venoso periférico, hiperatividade simpática e respostas inflamatórias residuais após a COVID-19. Em muitos casos, mecanismos vasculares e dessensibilização neurocardiorrespiratória contribuem para a intolerância ortostática.

Diagnóstico: abordagem prática na atenção primária

  • História clínica detalhada: documentar início dos sintomas, relação temporal com infecção por COVID-19, gatilhos, duração, resposta a medidas simples (hidratação, elevação da cabeceira) e impacto funcional.
  • Avaliação ortostática: medir frequência cardíaca e pressão arterial em repouso (supino) e após 1 e 3 minutos em pé; observar incremento da FC e sintomas associados.
  • Exames de triagem: hemograma, eletrólitos, função renal, TSH e outros conforme suspeita clínica para excluir causas tratáveis de tontura e síncope.
  • Testes adicionais (quando necessário): tilt-table test, monitorização ambulatorial de FC/BP ou avaliação em centros especializados para caracterizar subtipos de POTS (neuropático, hiperadrenérgico, hipovolêmico).

Para aprofundar o diagnóstico diferencial de síncope em consultório, o leitor pode consultar o material sobre principais causas de síncope, que auxilia na identificação de outras etiologias possíveis.

Exames complementares e encaminhamento

Quando houver dúvida diagnóstica ou sintomas severos, encaminhar para cardiologia ou neurologia (clínicas de disautonomia) é indicado. Testes específicos e acompanhamento multidisciplinar (fisioterapia, reabilitação cardiovascular) costumam ser necessários em casos persistentes.

Manejo inicial não farmacológico

As estratégias não farmacológicas são a base do tratamento e muitas vezes trazem alívio significativo:

  • Hidratação e sal: aumento da ingestão hídrica e, quando indicado, aumento do sódio na dieta para melhorar o volume intravascular.
  • Meias de compressão ou top de compressão para reduzir o pooling venoso nas pernas.
  • Exercícios graduais e reabilitação: programa progressivo centrado em treino de resistência para membros inferiores, reabilitação cardiovascular e exercícios em posição supina/inclinada inicialmente.
  • Medidas posturais: elevar a cabeceira da cama, levantar-se lentamente e fracionar refeições/liquidos para reduzir episódios de tontura.
  • Identificação e evicção de gatilhos: calor excessivo, álcool e refeições muito pesadas.

Manejo farmacológico: quando e quais opções

Se as intervenções não farmacológicas forem insuficientes ou a incapacidade for significativa, considerar terapia medicamentosa com orientação especializada:

  • Fludrocortisona: aumenta retenção de sódio e volume plasmático; monitorar pressão arterial e eletrólitos.
  • Midodrina: vasoconstritor que melhora tônus vascular quando em pé; atenção para hipertensão supina.
  • Piridostigmina: pode beneficiar alguns subtipos ao aumentar neurotransmissão colinérgica autonômica.
  • Outras opções (beta-bloqueadores, inibidores de recaptação de serotonina em dose baixa, entre outros) dependem do subtipo de POTS, comorbidades e resposta individual.

O início e ajuste de medicamentos deve ser feito por equipe experiente em disautonomia, com monitorização regular.

POTS pós-COVID: evolução e prognóstico

Alguns pacientes melhoram gradualmente em semanas a meses, especialmente com intervenção precoce e adesão às medidas de manejo. Outros podem apresentar curso prolongado e necessitar de reabilitação multidisciplinar. Prognóstico depende de idade, comorbidades e resposta às intervenções.

Conteúdos relacionados que organizam fluxos de cuidado e reabilitação podem ser úteis, como a discussão sobre rastreamento e organização na atenção primária e orientações sobre protocolos clínicos em situações complexas (protocolo SEPSE adultos diretrizes práticas), que ilustram modelos de coordenação do cuidado.

POTS pós-COVID: impacto na qualidade de vida e recomendações práticas

  • Planejar o dia com pausas regulares, dividir tarefas e evitar picos de esforço.
  • Adaptações no trabalho/escola para reduzir tempo em pé contínuo e permitir pausas.
  • Educação do paciente e família sobre reconhecimento de sinais de agravamento e quando procurar emergência (síncope súbita, dor torácica, dificuldade respiratória).
  • Acompanhamento longitudinal com reavaliações periódicas do quadro ortostático e ajuste das intervenções.

POTS pós-COVID: orientações finais

POTS pós-COVID é uma manifestação de disautonomia que pode reduzir muito a qualidade de vida, mas é passível de melhora com medidas não farmacológicas (hidratação, compressão, reabilitação) e, quando necessário, terapias medicamentosas como fludrocortisona, midodrina ou piridostigmina. O diagnóstico começa na atenção primária com avaliação ortostática e exclusão de causas secundárias; casos complexos devem ser encaminhados para centros especializados em disautonomia. Manter um registro de sintomas, adesão às medidas e acompanhamento multidisciplinar são estratégias-chave para recuperar a tolerância à posição vertical e promover a reabilitação funcional.

Para ampliar o entendimento sobre síncope e disautonomia no contexto clínico, consulte também o conteúdo sobre síncope e disautonomia, que complementa a abordagem diagnóstica e de gestão.

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