Profilaxia do RSV em idosos com nirsevimab 2025: indicações e protocolo
Este artigo é direcionado principalmente a profissionais de saúde e sintetiza, com base em evidências até 2025, as indicações, a eficácia e um protocolo prático para o uso do nirsevimab na profilaxia do vírus sincicial respiratório (RSV) em idosos com comorbidades. O RSV permanece causa relevante de doença respiratória grave em adultos mais velhos — especialmente naqueles com DPOC, insuficiência cardíaca ou imunossupressão leve a moderada — e a profilaxia com anticorpo monoclonal complementa medidas como vacinação, higiene respiratória e manejo de comorbidades.
Ao longo do texto, apresentamos um guia prático para implementação clínica, com critérios de elegibilidade, considerações de segurança, planejamento logístico e integração com outras ações de prevenção. Consulte também recursos de apoio sobre imunizações em adultos com comorbidades e educação terapêutica e adesão em doenças crônicas, que complementam a tomada de decisão clínica.
O que é RSV e por que a profilaxia importa em idosos
O RSV é um vírus respiratório capaz de provocar desde sintomas leves até pneumonia grave. Em idosos, infecções por RSV podem precipitar exacerbações de DPOC, descompensação de insuficiência cardíaca e aumentar o risco de hospitalização e mortalidade. Com a circulação sazonal do vírus, estratégias combinadas — vacinação quando disponível, profilaxia passiva e medidas não farmacológicas — são importantes para reduzir a carga de doença em pacientes frágeis.
- Impacto clínico: estudos emergentes sugerem redução de hospitalizações por RSV em subgrupos geriátricos de alto risco.
- Perfis de risco: idade ≥60 anos, doenças crônicas respiratórias e cardíacas, imunossupressão leve a moderada ou hospitalização recente por infecção respiratória.
- Saúde pública: priorizar indivíduos em lares de longa permanência e ambientes com surtos sazonais pode otimizar benefício populacional.
Nirsevimab: mecanismo, farmacologia e segurança
Nirsevimab é um anticorpo monoclonal de longa meia-vida que se liga à proteína F de fusão do RSV, bloqueando a entrada viral nas células e reduzindo a replicação. Embora sua eficácia esteja mais consolidada em populações pediátricas de alto risco, os dados em idosos são promissores em subgrupos selecionados.
- Mecanismo de ação: neutralização do vírus por ligação à proteína F, diminuindo carga viral no trato respiratório.
- Regime: dose única por temporada de RSV, facilitando logística e adesão em ambulatórios geriátricos.
- Segurança: perfil favorável até o momento; eventos adversos são, em geral, leves (dor local, febre transitória). Recomenda-se monitorar o paciente por 15–30 minutos após a administração e orientar sobre sinais de reação nas primeiras 48–72 horas.
Indicações e elegibilidade em 2025
As indicações devem seguir diretrizes locais e a avaliação individual do risco. Um modelo prático de elegibilidade inclui:
- Alto risco clínico: DPOC severa, insuficiência cardíaca congestiva, doença pulmonar crônica grave, imunossupressão leve a moderada.
- Idade: geralmente ≥60 anos, com fragilidade funcional ou múltiplas comorbidades que aumentem o risco de complicações.
- Histórico recente: internação por infecção respiratória nos últimos 12 meses aumenta a chance de benefício.
- Contexto institucional: residentes de instituições de longa permanência ou pacientes expostos a surtos sazonais.
Decisões devem ponderar benefício esperado, riscos, custo e preferência do paciente. As recomendações são dinâmicas e dependem da disponibilidade de dados e da aprovação regulatória local.
Evidência de eficácia e limitações
Até 2025, a evidência em idosos é menos robusta que em lactentes, mas indica redução de doença grave e hospitalizações em subgrupos geriátricos com comorbidades relevantes. A magnitude do efeito varia conforme perfil de risco, circulação concomitante de outros vírus (ex.: influenza) e adesão a medidas preventivas.
- Seleção criteriosa: priorizar pacientes com maior probabilidade de beneficiamento.
- Interações com vacinas: coordenar com o calendário vacinal (influenza, pneumococo) para otimizar proteção e minimizar sobreposição de eventos locais ou sistêmicos.
- Limitações: muitos dados provêm de subanálises ou estudos observacionais; a individualização da decisão é essencial.
Protocolo prático para profilaxia com nirsevimab
Implementação clínica exige fluxo padronizado, capacitação da equipe e integração com prontuário eletrônico. Proposta de protocolo para clínicas e ambulatórios geriátricos:
1) Identificação e triagem
- Adicionar triagem de risco para RSV em consultas de rotina de idosos com comorbidades, usando alertas no prontuário eletrônico.
- Usar questionários simples sobre DPOC, insuficiência cardíaca, imunossupressão e internações recentes.
- Verificar pendências no calendário vacinal (influenza, pneumococo) e registrar no prontuário.
2) Decisão de indicação
- Avaliar risco/benefício individual, considerando estado clínico, comorbidades e contexto epidemiológico.
- Documentar discussão compartilhada sobre incertezas, custo e logística de administração.
3) Administração e logística
- Via de administração: dose única por temporada, via intramuscular (IM); aplicar antes do pico sazonal de circulação.
- Armazenamento: conservar em refrigerador conforme recomendações do fabricante.
- Observação pós-aplicação: monitorar 15–30 minutos; ampliar vigilância em pacientes com história de reações alérgicas.
4) Monitoramento e seguimento
- Registrar eventos adversos com data e gravidade; comunicar efeitos relevantes ao serviço de farmacovigilância local.
- Reavaliar necessidade de estratégias adicionais ao início da próxima temporada.
- Integrar a profilaxia com medidas não farmacológicas (higiene respiratória, manejo de comorbidades).
5) Segurança e contraindicações
- Contraindicações: hipersensibilidade conhecida a qualquer componente do produto.
- Advertências: adiar administração em quadro de infecção aguda grave; monitorar sinais de anafilaxia.
6) Consentimento e comunicação
Explique claramente benefícios esperados, incertezas e riscos. Registre consentimento informado e documente a decisão compartilhada com paciente e cuidadores. Recursos de educação terapêutica podem apoiar adesão e entendimento.
Integração com outras medidas de prevenção
O nirsevimab não substitui outras ações preventivas. Recomenda-se combinar a profilaxia com:
- Vacinação anual contra influenza e esquemas pneumocócicos conforme indicação clínica.
- Higiene respiratória: uso de máscara em surtos, etiqueta respiratória e higiene das mãos.
- Manejo otimizado das comorbidades: controle de DPOC, insuficiência cardíaca, diabetes e demais condições que aumentem o risco de complicações por RSV.
Para orientações práticas sobre esquemas vacinais em adultos com comorbidades, consulte o guia de imunizações em adultos com comorbidades.
Custos, acesso e priorização
A adoção de nirsevimab depende de custo por dose, disponibilidade e capacidade logística. Em contextos de recursos limitados, priorizar por risco clínico maximiza o benefício. Considere parcerias com programas locais de imunização, acordos com fornecedores e alocação dirigida a grupos de maior necessidade.
Avaliações econômicas devem comparar o custo da profilaxia com a redução esperada de internações, diárias hospitalares e complicações em pacientes de alto risco. Decisões institucionais devem envolver comitês clínicos, farmacêuticos e gestores.
Aspectos práticos para serviços de saúde
- Padronizar fluxo de identificação, consentimento, administração e registro no prontuário eletrônico.
- Capacitar equipes de enfermagem para aplicação IM, monitorização pós-injeção e manejo de reações adversas.
- Atualizar critérios de elegibilidade conforme novas evidências e aprovações regulatórias.
- Integrar a profilaxia com calendários vacinais para evitar sobreposição de eventos adversos ou conflitos operacionais.
Nirsevimab e RSV na prática clínica
O uso de nirsevimab para profilaxia do RSV em idosos com comorbidades é uma estratégia promissora, especialmente para reduzir hospitalizações em pacientes de maior risco. A decisão clínica deve ser individualizada, considerando evidência local, disponibilidade de recursos e preferência do paciente. A combinação de profilaxia passiva, vacinação (influenza, pneumococo), higiene respiratória e manejo das comorbidades tende a otimizar resultados em saúde pública e a qualidade de vida dos idosos.
Observação: este conteúdo destina-se a profissionais da saúde. Informações específicas sobre dosagem, cronogramas e aprovações regulatórias devem seguir diretrizes locais atualizadas e as orientações do fabricante.