Rastreamento do câncer colorretal: decisão compartilhada

Rastreamento do câncer colorretal: decisão compartilhada

Introdução

Você sabe quando começar a verificar a saúde do seu intestino? O câncer colorretal é uma das neoplasias mais comuns no mundo e tem apresentado aumento especialmente entre pessoas antes dos 50 anos. Para quem tem risco médio, o rastreamento do câncer colorretal salva vidas ao detectar lesões precocemente — mas só funciona se você aderir às estratégias disponíveis e participar da escolha do método. Diretrizes divergem sobre a idade de início, por isso a decisão compartilhada entre paciente e médico virou peça-chave.

Opções de rastreamento: o que você precisa saber

Pesquisa de sangue oculto nas fezes (PSOF)

A PSOF é um exame não invasivo, realizado anualmente. É simples — feito em casa — e detecta sangue nas fezes que pode indicar pólipos ou câncer. Por ser menos invasivo, costuma aumentar a adesão ao rastreamento, mas resultados positivos exigem investigação complementar.

Colonoscopia

A colonoscopia permite visualizar todo o cólon e remover pólipos durante o exame; é indicada, em geral, a cada 10 anos para pessoas de risco médio quando negativa. É o padrão-ouro em detecção e prevenção, porém exige preparo intestinal, sedação e tem risco baixo, mas real, de complicações.

Retossigmoidoscopia flexível

A retossigmoidoscopia flexível examina o reto e a porção distal do cólon (sigmoide) e pode ser indicada a cada 5 anos. Tem menor alcance que a colonoscopia, mas também pode diminuir o risco de câncer distal e, em alguns contextos, ser uma opção viável.

Como funciona a decisão compartilhada

A decisão compartilhada é um diálogo: o médico apresenta as evidências — benefícios, riscos, disponibilidade local — e o paciente expõe suas preferências e preocupações. O objetivo é escolher, juntos, o melhor método para cada pessoa, levando em conta fatores práticos (como tolerância ao preparo, acesso à colonoscopia) e valores pessoais.

  • Perguntas úteis para levar à consulta: “Quais são os prós e contras da PSOF versus colonoscopia para mim?”, “Qual é meu risco pessoal?”, “O que acontece se o exame der positivo?”
  • Se você prefere evitar procedimentos invasivos, a PSOF anual pode ser a melhor porta de entrada; se prefere um exame único com poder diagnóstico e terapêutico, a colonoscopia é mais apropriada.
  • Peça que o médico explique a frequência recomendada e o plano em caso de resultado alterado.

Para profissionais e para pacientes interessados em orientações práticas na atenção primária, veja o material complementar sobre rastreamento colorretal e decisão compartilhada na APS e o guia de triagem e manejo inicial.

Idade de início: 45 ou 50 anos?

As recomendações variam. A American Cancer Society passou a recomendar início aos 45 anos, citando aumento de casos entre adultos jovens; já o American College of Physicians mantém 50 anos para indivíduos assintomáticos de risco habitual. No Brasil, as orientações do INCA devem ser consideradas em conjunto com a situação clínica individual. Consulte as fontes e discuta a decisão com seu médico: por exemplo, a ACS explica os motivos para antecipar o início em 45 anos (leitura ACS via Medscape), enquanto o ACP mantém posição diferente (leitura ACP via Medscape). Informações oficiais do INCA ajudam a contextualizar as recomendações nacionais (orientações INCA).

Fatores que pesam na escolha

  • Risco individual: história familiar, polipose, doenças inflamatórias intestinais exigem seguimento diferenciado.
  • Preferência e aceitação: medo de procedimento, disponibilidade de tempo, acesso a unidades com endoscopia.
  • Disponibilidade local e logística: em programas organizados, o envio de kits de PSOF aumenta a cobertura; em centros com boa oferta endoscópica, a colonoscopia pode ser a escolha.

Se quiser entender mais sobre como programas de rastreamento e adesão influenciam resultados, este post do blog aprofunda o tema: rastreamento e prevenção do câncer colorretal na APS.

Melhorando a adesão ao rastreamento

A adesão ao rastreamento é crucial: testes só reduzem mortalidade quando realizados em larga escala. Estudos mostram que quando o paciente participa da escolha do método, a adesão ao rastreamento aumenta. Estratégias práticas que ajudam:

  • Oferecer alternativas (PSOF anual versus colonoscopia) e explicar claramente o que cada exame envolve.
  • Enviar lembretes, facilitar a retirada/devolução do kit de PSOF e agendar diretamente quando for necessário.
  • Educar sobre sinais de alerta e a importância do seguimento de resultados positivos.

Para profissionais, recomenda-se integrar educação em consultas de rotina; pacientes podem encontrar materiais de apoio e orientações sobre como conversar com o médico em nossa página sobre manejo e triagem em atenção primária: rastreamento e manejo do câncer colorretal na APS.

Fechamento e orientações práticas

Se você tem risco médio: converse com seu médico sobre começar o rastreamento, especialmente se tem entre 45 e 50 anos. Pergunte sobre PSOF, colonoscopia e retossigmoidoscopia flexível, exponha suas preferências e verifique o plano de seguimento em caso de resultado positivo. Diretrizes internacionais (ACS e ACP) e as orientações locais (INCA) devem informar — mas a decisão ideal é aquela feita em conjunto, adaptada ao seu risco e às suas escolhas.

Leitura recomendada para saber mais e preparar perguntas para a consulta: artigos das sociedades e guias nacionais (ver referências ACS, ACP e INCA nas seções acima) e nossos materiais práticos no blog para pacientes e profissionais.

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