Triagem e manejo inicial do câncer colorretal

Triagem e manejo inicial do câncer colorretal

Como identificar pacientes que precisam de investigação imediata e quais exames solicitar na atenção primária? O câncer colorretal permanece entre as principais causas de morbimortalidade; a triagem do câncer colorretal e a decisão compartilhada são determinantes para reduzir incidência e mortalidade.

Papel da atenção primária na triagem

A atenção primária é o ponto de entrada ideal para estratificar risco, iniciar rastreamento organizado e coordenar encaminhamentos. Diretrizes brasileiras recomendam rastreamento em adultos de 50 a 75 anos, com opções que incluem pesquisa de sangue oculto nas fezes, colonoscopia ou sigmoidoscopia. Consulte o resumo das recomendações do Ministério da Saúde para contextualizar o programa local (Ministério da Saúde).

Estratificação de risco

  • Risco aumentado: história familiar de câncer colorretal (1º grau), síndromes hereditárias (p.ex. Síndrome de Lynch), doença inflamatória intestinal de longa evolução.
  • Sintomas-alvo: sangue visível nas fezes, anemia ferropriva inexplicada, alteração persistente do hábito intestinal, perda de peso não intencional, dor abdominal progressiva.
  • Abordagem: identifique fatores de risco na consulta e direcione para triagem apropriada; casos com suspeita de síndromes hereditárias devem ser encaminhados para serviços de genética e gastroenterologia conforme orientação do INCA (INCA).

Decisão compartilhada: como orientar o paciente

A decisão sobre método de rastreamento é sensível às preferências do paciente. Explique de forma clara:

  • benefícios esperados (detecção precoce, redução de mortalidade);
  • limitações (falso-negativos, falso-positivos, riscos do procedimento);
  • frequência e necessidade de seguimento conforme o resultado.

Use linguagem acessível, discoscussões centradas no paciente e registre a escolha. Para estratégias práticas de conversa e material de apoio na atenção primária, veja nosso guia local sobre decisão compartilhada em rastreamento (decisão compartilhada no rastreamento).

Passos práticos para a consulta

  • Explorar valores: prioridade para evitar colonoscopia versus desejo de teste mais sensível.
  • Explicar alternativas: exame de sangue oculto nas fezes (preferencialmente FIT), sigmoidoscopia ou colonoscopia.
  • Documentar a escolha e agendar/encaminhar conforme a opção.

Exames complementares: escolha, sequência e interpretação

Na prática, o fluxo mais utilizado na atenção primária é iniciar por teste não invasivo (FIT) e proceder para colonoscopia se o teste for positivo. O exame de sangue oculto nas fezes é simples, de baixo custo e facilita rastreamento populacional. Em serviços com capacidade endoscópica limitada, priorize colonoscopia para pacientes sintomáticos ou com risco elevado.

Evidências robustas mostram que a identificação e remoção de pólipos adenomatosos reduzem a incidência e mortalidade por câncer colorretal; para detalhes sobre as atualizações de protocolos terapêuticos e rastreamento organizado, consulte o trabalho de atualização do PCDT com contribuições da Oncoguia (Oncoguia).

Condutas após resultados

  • FIT negativo e assintomático: reassessoria conforme intervalo recomendado pelo protocolo local (p.ex. a cada 1–2 anos conforme política local).
  • FIT positivo: encaminhar para colonoscopia com prioridade; a colonoscopia permite biópsia e polypectomia diagnóstica/terapêutica.
  • Achados de adenoma na colonoscopia: seguir recomendações locais/PCDT para vigilância (intervalos dependem de número, tamanho e histologia do pólipo).
  • Sintomas-alvo ou sinais de alarme: encaminhar com prioridade, independente do FIT.

Para orientações práticas sobre quando indicar colonoscopia a partir da atenção primária, consulte nosso material específico (quando indicar colonoscopia no rastreamento).

Organização do fluxo e priorização em locais com recursos limitados

Em cenários com oferta reduzida de colonoscopia, estratifique e priorize:

  • primeiro: pacientes sintomáticos e com sinais de alarme;
  • segundo: FIT positivo e pacientes com histórico familiar de alto risco;
  • terceiro: rastreamento de rotina em indivíduos assintomáticos de risco médio.

O INCA recomenda que serviços locais priorizem casos suspeitos e que pacientes com suspeita de síndromes hereditárias sejam encaminhados para unidades especializadas (INCA – intestino).

Coordenação e registro

  • Documente rastreamento, consentimentos e decisões compartilhadas no prontuário.
  • Estabeleça circuitos de retorno para resultados positivos e mecanismos de navegação para auxiliar agendamento de colonoscopia.
  • Integre ações de educação para aumentar adesão ao teste de sangue oculto nas fezes.

Fechamento e insights práticos

Checklist rápido para a consulta na atenção primária:

  • Identificar fatores de risco e sintomas de alarme.
  • Oferecer exame de sangue oculto nas fezes (FIT) como porta de entrada ao rastreamento em adultos elegíveis (50–75 anos), discutindo alternativas.
  • Aplicar decisão compartilhada: apresentar benefícios/risks e documentar escolha.
  • Encaminhar prontamente para colonoscopia se FIT positivo ou se houver sinais/sintomas de alerta.
  • Garantir seguimento para achados de pólipos adenomatosos conforme protocolos locais e PCDT atualizados.

Implementar um rastreamento organizado na atenção primária, com comunicação eficaz e priorização quando os recursos são limitados, é uma estratégia de alto impacto para reduzir a carga do câncer colorretal. Para avaliação inicial de queixas gastrointestinais inespecíficas que antecedem a decisão de rastrear, veja também nosso guia de avaliação clínica: avaliação básica de queixas gastrointestinais.

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