Segurança na prescrição para idosos e polifarmácia

Segurança na prescrição para idosos e polifarmácia

Introdução

Como reduzir erros de medicação e melhorar a segurança do paciente em prescrições para idosos? A polifarmácia é cada vez mais prevalente em populações geriátricas e está associada a mais interações medicamentosas, reações adversas e falhas na posologia. Dados de estudos nacionais e internacionais mostram lacunas na qualidade da prescrição — por exemplo, alta frequência de siglas/abreviaturas e falta de posologia nas prescrições analisadas — fatores que aumentam o risco de erro.

1. Panorama e riscos da polifarmácia em idosos

Polifarmácia costuma ser necessária diante de múltiplas comorbidades, mas traz riscos que merecem atenção sistemática:

  • Interações medicamentosas e potencialização de efeitos adversos;
  • Alterações farmacocinéticas e farmacodinâmicas relacionadas à idade que aumentam a sensibilidade a doses;
  • Maior prevalência de medicamentos potencialmente inapropriados em idosos, observada em revisões em atenção primária;
  • Erros de prescrição por redação inadequada: uso de siglas, ausência de posologia e instruções incompletas.

Revisões integrativas internacionais destacam metas de segurança na atenção primária que incluem a redução de erros de medicação e a identificação precoce de riscos em pacientes polimedicados (ver metas internacionais de segurança citadas abaixo).

2. Onde ocorrem os erros e quais são as falhas comuns?

Redação e comunicação

Prescrições com abreviaturas ou sem posologia geram dúvidas na dispensação e administração. Um estudo em unidades de clínica médica brasileiras relatou alto percentual de prescrições com siglas e ausência de posologia, aumentando a chance de doses erradas.

Reconciliação e seguimento fragmentados

Falta de reconciliar medicamentos em transição de cuidado (ex.: alta hospitalar para atenção primária) e ausência de revisão periódica permitem que prescrições antigas e desnecessárias permaneçam ativas.

Ausência de avaliação sistemática do risco

Sem ferramentas e protocolos, torna-se difícil identificar medicamentos potencialmente inapropriados ou avaliar risco de quedas e comprometimento funcional associado à medicação.

3. Estratégias práticas para reduzir erros e manejar polifarmácia

Aplicáveis na atenção primária e na prática hospitalar, com foco interdisciplinar e processos padronizados:

Revisão periódica e desprescrição

  • Agendar revisão de medicação em consultas regulares, priorizando pacientes com >5 medicamentos ou história de eventos adversos.
  • Utilizar ferramentas para identificar medicamentos potencialmente inadequados e planejar desprescrição gradual quando seguro. Para orientação prática sobre avaliação e desprescrição em idosos, consulte o guia interno sobre avaliação e desprescrição em idosos.

Protocolos, checklist e prescrição eletrônica

  • Implementar protocolos locais que padronizem a escrita da prescrição (dose, via, frequência, duração, propósito).
  • Prescrição eletrônica com alertas de interação e verificação de dose reduz erros de transcrição e abreviaturas; integrar com o prontuário sempre que possível.
  • Veja recomendações práticas em prescrição segura para ambulatório na página sobre prescrição segura em ambulatórios.

Colaboração multidisciplinar

  • Envolver farmacêuticos clínicos em revisões de medicação e conciliação na alta.
  • Compartilhar plano terapêutico com enfermeiros, equipe de atenção primária e paciente/família para melhorar adesão e detectar reações precocemente.
  • Programas locais de educação continuada reduzem erros de dosagem e melhoram decisões terapêuticas.

Foco em medicamentos de alto risco e opioides

Identificar classes de maior risco (anticoagulantes, hipoglicemiantes, opioides, psicotrópicos) e instituir salvaguardas: dupla checagem, monitorização laboratorial e critérios claros para início/continuidade. Para orientações práticas sobre manejo e segurança de opioides na dor crônica, consulte o material em prescrição segura de opioides.

4. Ferramentas e evidências que sustentam a prática

Estudos e revisões reforçam a necessidade de políticas locais e intervenções que combinem tecnologia, protocolos e equipes. A revisão sobre metas internacionais de segurança na atenção primária destaca a importância da colaboração multidisciplinar e redução de erros de medicação; análises de prescrições em hospitais brasileiros mostram problemas recorrentes de redação; e pesquisas em atenção primária demonstram associação entre polifarmácia e maior prevalência de medicamentos potencialmente inadequados. Consulte análises e recomendações disponíveis em publicações relevantes para embasar mudanças locais: uma revisão integrativa das metas de segurança (ilaphar), análise de erros de dose em prescrições (revistas.usp.br) e estratégias multidisciplinares de segurança do paciente (revistaft).

Links úteis citados na literatura: estudo sobre metas internacionais de segurança na atenção primária disponível em ILAPHAR, análise de redação de prescrições em hospitais brasileiros em Revista RLAE/USP e discussão sobre estratégias multidisciplinares em Revista FT.

Fechamento e insights práticos

Para melhorar a segurança do paciente idoso na prescrição, priorize:

  • Revisões regulares da medicação e desprescrição quando apropriado;
  • Padronização da redação da prescrição e adoção de prescrição eletrônica com alertas;
  • Atuação efetiva da equipe multidisciplinar, incluindo farmacêuticos e enfermagem;
  • Foco em medicamentos de alto risco e em comunicação clara com pacientes/cuidadores.

Intervenções simples — checklist de prescrição, reconciliar medicamentos em cada transição de cuidado e envolver farmacêuticos na prática clínica — podem reduzir erros de medicação e melhorar desfechos em idosos polimedicados. Para ações práticas relacionadas à prevenção de quedas e impacto da polifarmácia na função física, consulte o recurso sobre prevenção de quedas e polifarmácia que integra avaliação funcional e estratégias de redução de risco.

Leve como meta: transformar a revisão de medicação em rotina clínica — pequena mudança, grande impacto na segurança do paciente.

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