Síncope: algoritmo prático de avaliação, ECG, monitorização e quando encaminhar

Síncope: algoritmo prático de avaliação, ECG, monitorização e quando encaminhar

Síncope é um evento clínico frequente em pronto-socorro e consultório. Suas causas variam desde episódios vasovagais benignos até arritmias e doenças cardíacas estruturais com risco de morte súbita. Este texto apresenta um algoritmo objetivo para estratificação de risco, interpretação de ECG, opções de monitorização cardíaca (Holter, monitor ambulatorial, ILR) e critérios claros para encaminhamento a cardiologia ou serviços especializados.

Síncope: definição, etiologia e relevância clínica

Síncope é perda transitória do nível de consciência por redução cerebral global do fluxo sanguíneo, com recuperação rápida e espontânea. Etiologicamente, costuma-se agrupar em: (1) neurocardiogênica/vasovagal; (2) cardíaca (arritmias, doença valvar, cardiomiopatia); e (3) ortostática/disautonômica. Diferenciar síncope cardíaca de não cardíaca é essencial porque a primeira tem prognóstico pior e requer avaliação e monitorização mais intensiva.

Algoritmo prático de avaliação da síncope

O fluxo recomendado: triagem rápida de risco, história dirigida, exame físico orientado, ECG inicial e, conforme necessidade, exames complementares e monitorização. A seguir, um passo a passo aplicável em atenção primária, urgência e ambulatório.

  • Passo 1 — triagem de risco imediato: sinais de instabilidade hemodinâmica, síncope durante esforço, dor torácica sugestiva de isquemia, pulso fraco, sinais neurológicos focais, ou história prévia de arritmia grave indicam necessidade de internação ou avaliação cardiológica urgente.
  • Passo 2 — história clínica orientada: descreva início, posição, gatilhos (esforço, posição ortostática, emoção), prodromos (náusea, sudorese, visão turva), duração, recuperação e uso de medicações (antiarrítmicos, diuréticos, vasodilatadores). Investigue história familiar de morte súbita e suspeita de síncope vasovagal vs. cardíaca.
  • Passo 3 — exame físico focado: medir pressão em decúbito e em ortostase, auscultar sopros, avaliar sinais de insuficiência cardíaca e pesquisar déficits neurológicos. Em idosos, considere fatores de risco para quedas e polifarmácia.
  • Passo 4 — ECG inicial: realize imediatamente o ECG e procure por isquemia, bloqueios de ramo, bloqueio AV, bradiarritmias, sinais de Brugada, QTc prolongado e pré-excitação (WPW). Alterações no ECG orientam necessidade de monitorização prolongada e encaminhamento.
  • Passo 5 — monitorização e exames adicionais: se indicada, solicite ecocardiograma, troponina (se suspeita de isquemia), eletrólitos, teste de esforço ou tilt test conforme suspeita. Para detecção de arritmias intermitentes, escolha entre Holter, monitor de eventos/patch e implantable loop recorder (ILR).
  • Passo 6 — encaminhamento estratégico: encaminhe rapidamente para cardiologia pacientes com suspeita de síncope cardíaca, arritmia documentada ou ECG anormal; agende acompanhamento ambulatorial para casos de síncope vasovagal bem caracterizada e estáveis.

ECG na síncope: leitura prática

O ECG é pilar diagnóstico. Ao interpretar, verifique ritmo, frequência, presença de bloqueios, alterações de repolarização (QTc), sinais de isquemia e padrões específicos (Brugada, pré-excitação). Um ECG normal não exclui doença cardiológica — mas alterações importantes aceleram a decisão por monitorização cardíaca ou correção imediata.

Monitorização cardíaca: opções, indicações e SEO para Holter

A escolha da monitorização depende da frequência dos eventos e da suspeita clínica. Termos-chave para otimização de busca (SEO) neste tema: Holter 24h, monitor de eventos, implantable loop recorder (ILR), monitorização ambulatorial.

  • Holter (24–48 h): indicado para eventos frequentes ou sintomas diários.
  • Monitor de eventos/patch: captura episódios por semanas, útil quando a síncope é menos frequente.
  • ILR (implantable loop recorder): indicado em síncope recorrente e inexplicada quando há suspeita de arritmia e a detecção ambulatorial não foi conclusiva.
  • Telemetria hospitalar e wearables: opções adicionais para monitorização contínua durante internação ou acompanhamento remoto — ver orientação sobre wearables para integração com prontuário eletrônico.

Exames complementares e investigação direcionada

Se ECG e história não definirem a causa, solicite ecocardiograma para avaliar função e estrutura cardíaca; teste de esforço quando há suspeita isquêmica; tilt test para síncope vasovagal suspeita; e exames laboratoriais (eletrólitos, função renal, tiroideanos, troponina) conforme o contexto.

Quando encaminhar: critérios práticos e prioridades

Encaminhe para avaliação especializada quando houver:

  • ECG anormal (isquemia, bloqueios de alto grau, QTc prolongado, padrão Brugada, pré-excitação);
  • síncope durante esforço ou associada a dor torácica ou dispneia;
  • sinais de insuficiência hemodinâmica ou arritmia documentada;
  • síncope recorrente e inexplicada apesar de investigação inicial.

Para síncope vasovagal típica e pacientes estáveis, manejo ambulatorial com orientação, revisão de medicamentos e plano de retorno é adequado; encaminhe para clínica de síncope ou cardiologia se houver dúvida diagnóstica ou recorrência.

Síncope em populações especiais: idosos e pacientes com arritmia

Em idosos, avalie polifarmácia, hipotensão ortostática e risco de quedas; considere avaliação geriátrica. Pacientes com arritmia conhecida exigem priorização da monitorização e discussão sobre terapia antiarrítmica ou dispositivos implantáveis.

Síncope: comunicação com pacientes e fluxo no serviço

Explique ao paciente e familiares o diagnóstico provável, riscos, exames propostos e sinais de alarme que exigem retorno imediato. Padronize no serviço um protocolo de síncope com checklists de alto risco e critérios claros de encaminhamento, facilitando a integração com outras áreas (por exemplo, avaliação de tontura, quedas em idosos e interpretação de exames).

Síncope: resumo prático e conduta final

  • Faça triagem rápida de risco e registre ECG imediatamente.
  • Use monitorização cardíaca proporcional à suspeita (Holter, monitor de eventos, ILR).
  • Encaminhe com base em critérios objetivos: ECG anormal, síncope ao esforço, sinais neurológicos ou instabilidade.
  • Adote abordagem multidisciplinar em idosos e em pacientes com polifarmácia.

Aplicação prática e atualização contínua

Implemente o algoritmo no fluxo do serviço, treine a equipe em leitura de ECG e escolha de monitorização, e atualize protocolos conforme diretrizes locais e evidências. Consulte materiais de apoio sobre interpretação de exames (interpretação de exames), wearables (wearables), e quedas em idosos (quedas em idosos).

Observação de segurança clínica: este conteúdo complementa, mas não substitui, avaliação clínica individualizada. Em qualquer caso de síncope com sinais de instabilidade, procure atendimento de urgência.

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