Triagem e manejo inicial dos distúrbios do sono

Triagem e manejo inicial dos distúrbios do sono

Público‑alvo: profissionais de saúde. Distúrbios do sono, como insônia e apneia obstrutiva do sono, são prevalentes e impactam desfechos cardiovasculares, metabólicos e qualidade de vida. Quanto tempo você leva na consulta para identificar queixas do sono? Pequenas mudanças na triagem e no manejo inicial melhoram encaminhamentos e resultados clínicos.

1. Abordagem prática na triagem

Comece pela anamnese dirigida: duração dos sintomas, padrão do sono, ronco, pausas respiratórias observadas, sonolência diurna e impacto funcional. Use perguntas diretas e registre escore funcional. Ferramentas validadas ajudam a padronizar a triagem — por exemplo, o Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh para distúrbios gerais do sono e instrumentos de triagem para apneia (como o STOP‑BANG) quando houver suspeita de obstrução das vias aéreas.

Sinais de alarme e red flags

  • Sonolência diurna excessiva com episódios de adormecer ao volante
  • Ronco alto com relatos de pausas respiratórias
  • Insônia crônica (>3 meses) com prejuízo funcional importante
  • Sintomas neurológicos associados (sonambulismo com risco, movimentos periódicos de pernas marcantes)

Documente com cuidado comorbidades relevantes (hipertensão, doença cardiovascular, diabetes, obesidade) que aumentam a probabilidade de apneia obstrutiva do sono.

2. Diagnóstico inicial: quando investigar e quais exames solicitar

Para suspeita de AOS, a polissonografia é o padrão‑ouro diagnóstico. Em contextos de atenção primária ou quando a bolha de recursos é limitada, exames domiciliares de estudo respiratório (monitorização respiratória simplificada) podem ser considerados para pacientes com probabilidade clínica alta e sem comorbidades que exijam polissonografia completa.

Uso de questionários e exames complementares

  • Índice de Qualidade do Sono de Pittsburgh: triagem de distúrbios do sono e avaliação da gravidade
  • STOP‑BANG: boa sensibilidade na triagem de AOS moderada a grave
  • Polissonografia completa: indicada quando houver dúvida diagnóstica, suspeita de doenças do sono concomitantes ou necessidade de avaliação detalhada para tratamento

Diretrizes recentes, como o Consenso Brasileiro 2024, oferecem critérios para escolha de métodos diagnósticos e padronização de laudos — consulte ao planejar encaminhamentos e interpretação de exames.

3. Manejo inicial da insônia

Tratamento de primeira linha: terapia cognitivo‑comportamental para insônia (TCC‑I) associada a medidas de higiene do sono. A TCC‑I melhora latência do sono, eficiência e manutenção do benefício no longo prazo, sem os riscos das terapias farmacológicas prolongadas.

Intervenções práticas no consultório

  • Higiene do sono: rotina regular, reduzir uso de estimulantes à noite, ambiente escuro e silencioso, limitar sonecas diurnas
  • TCC‑I: encaminhar para programas presenciais ou digitais quando disponível; terapias digitais podem ampliar acesso em atenção primária (terapias digitais: insônia e ansiedade)
  • Farmacoterapia: considerar apenas por curto prazo e com plano de desmame; evitar benzodiazepínicos de longa duração quando possível e pensar em estratégias de desprescrição (desprescrição de benzodiazepinas)

Para pacientes com insônia associada a outros transtornos (depressão, ansiedade, dor crônica), coordene manejo conjunto e priorize intervenções não farmacológicas.

4. Manejo inicial da apneia obstrutiva do sono (AOS)

Quando houver diagnóstico confirmado ou suspeita clínica alta, as medidas iniciais incluem educação, mudanças de estilo de vida e terapias específicas:

  • Pressão positiva nas vias aéreas (CPAP): tratamento de escolha para AOS moderada a grave; melhora sonolência diurna e parâmetros cardiovasculares quando aderido.
  • Medidas de estilo de vida: perda de peso, evitar álcool e sedativos antes do sono, cessar tabagismo, otimização do sono posicional (em AOS positional).
  • Dispositivos orais e intervenções cirúrgicas: avaliar com odontologia do sono e otorrinolaringologia quando indicado.

O manejo inicial e o ajuste de CPAP devem considerar adesão e suporte interdisciplinar. Para protocolos práticos de seguimento em ambulatório, veja recomendações locais e materiais de gestão do sono (gestão do sono na prática ambulatorial).

5. Encaminhamentos e integração multidisciplinar

Encaminhe para especialista em medicina do sono quando:

  • falha do tratamento inicial (insônia refratária à TCC‑I, má resposta a CPAP);
  • comorbidades complexas (insuficiência cardíaca, doenças neurológicas, resistência ao tratamento);
  • neces­sidade de avaliação avançada (polissonografia completa, titulação de CPAP, avaliação para cirurgia).

A colaboração entre atenção primária, pneumologia/medicina do sono, otorrinolaringologia e odontologia do sono optimiza resultados. Recursos locais e protocolos de encaminhamento devem estar disponíveis no serviço.

Fechamento e insights práticos

Na prática clínica, a triagem sistemática de distúrbios do sono aumenta detecção e melhora encaminhamentos. Priorize TCC‑I e higiene do sono na insônia, use polissonografia quando indicado na suspeita de AOS e implemente medidas de estilo de vida e CPAP conforme gravidade. Consulte diretrizes e revisões para atualização continuada, como a revisão integrativa disponível em periódico científico e o consenso brasileiro de 2024 (revisão integrativa; Consenso ABSono 2024). Para referenciação rápida sobre AOS, materiais de revisão clínica são úteis (visão geral da AOS), mas prefira diretrizes e consensos para decisões clínicas.

Recursos internos úteis: protocolos de triagem e manejo em atenção primária sobre distúrbios do sono: triagem e manejo, abordagem prática de insônia e terapias digitais, e orientações para desprescrição de benzodiazepinas. Integre essas ferramentas ao fluxo de consulta para impactar positivamente adesão e resultados dos pacientes.

* Alguns de nossos conteúdos podem ter sido escritos ou revisados por IA. Fotos por Pexels ou Unsplash.