Triagem e manejo de quedas em idosos
Introdução
Quedas em pessoas idosas são frequentes e potencialmente devastadoras: já pensou que uma queda pode desencadear fratura, perda de autonomia e isolamento? A avaliação de risco, programas de exercícios direcionados e a adaptação ambiental reduzem eventos e melhoram prognóstico — aqui está um roteiro prático para profissionais que atendem idosos.
Avaliação de risco: quem precisa e como avaliar
Realize triagem de quedas na admissão e de forma periódica. Procure identificar fatores individuais e ambientais que aumentam a probabilidade de queda.
Fatores a investigar
- Idade avançada, história prévia de quedas e fragilidade.
- Condições neuropsiquiátricas: declínio cognitivo, delírio, depressão e ansiedade.
- Doenças crônicas que afetam equilíbrio: AVC prévio, neuropatia periférica, Parkinson, síncope e tontura.
- Hipotensão postural e episódios de síncope.
- Polifarmácia e medicamentos que prejudicam equilíbrio (benzodiazepínicos, anticolinérgicos, sedativos, alguns antihipertensivos e diuréticos).
- Riscos ambientais imediatos no domicílio ou unidade de internação.
Instrumentos e fluxo prático
- Use testes simples (p. ex. Timed Up and Go, avaliação de marcha e equilíbrio, prova de levantar da cadeira) e registro de história de quedas.
- Inclua avaliação funcional e de mobilidade sempre que houver modificação clínica; documente e repita a triagem em mudanças de condição.
- Revise medicamentos como parte da triagem — a despenscrição dirigida reduz risco. Veja orientações sobre avaliação e desprescrição na polifarmácia para integração ao plano de cuidado.
Exercícios: quais, quando e como prescrever
Programas estruturados demonstram redução de quedas. A prescrição deve ser individualizada e, quando possível, orientada por fisioterapia.
Componentes eficazes
- Treinamento de força para membros inferiores — pelo menos duas sessões semanais de exercícios resistidos moderados.
- Treino de equilíbrio e marcha: exercícios estáticos e dinâmicos progressivos.
- Atividades com componente cognitivo-motor e de propriocepção; Tai Chi apresenta evidência de redução de quedas em idosos com risco moderado.
Para integrar exercícios à reabilitação, veja recomendações práticas em recursos sobre avaliação e fisioterapia na prevenção de quedas: prevenção de quedas: avaliação, fisioterapia e ambiente. Revisões e guias clínicos também destacam a eficácia de programas combinados de força e equilíbrio.
Intervenção ambiental: intervenções de alto impacto
Modificar o ambiente reduz eventos evitáveis. A intervenção deve ser baseada na avaliação de risco ambiental e na capacidade funcional do idoso.
Medidas iniciais e de baixo custo
- Instalar barras de apoio e assentos no banheiro; usar pisos antiderrapantes.
- Melhorar iluminação em corredores, escadas e banheiros; reduzir sombras e reflexos que confundem percepção.
- Remover tapetes soltos, fios e obstáculos nos trajetos frequentemente usados.
- Organizar mobiliário para trajetos diretos e previsíveis; usar calçados com sola antiderrapante.
Intervenções institucionais e domiciliares devem ser planejadas com a equipe multiprofissional. Para protocolos e medidas em serviços de saúde, consulte o Protocolo de Prevenção de Quedas do Ministério da Saúde e documentos de regulamentação e boas práticas.
Manejo após queda e complicações
Após qualquer queda, avalie rapidamente lesões agudas, estado neurológico e risco de fraturas. Investigue causas precipitantes (medicamentos, síncope, hipoglicemia, arritmias) e reavalie o ambiente e a mobilidade.
- Suspeita de fratura ou lesão grave: imobilização e encaminhamento para imagem e ortopedia.
- Avaliação funcional pós-queda e reabilitação precoce reduzem risco de recorrência e de perda de independência.
- Atente para impacto psicológico: medo de cair, redução de atividades e isolamento social — encaminhe para reabilitação e educação.
Orientações práticas para a equipe e família
- Realize revisão de medicação e considere desprescrição de fármacos de alto risco; integre com cuidados de polifarmácia (veja material sobre polifarmácia e segurança).
- Encaminhe para programa de exercícios dirigido por fisioterapia e mantenha monitorização funcional — mais informações em prevenção de quedas: avaliação e intervenção.
- Eduque cuidadores sobre supervisão, adaptações domiciliares e uso de dispositivos assistivos; para cuidados no consultório, veja prevenção de quedas no consultório.
Documentação e indicadores de qualidade
Registre avaliações, quedas ocorridas, intervenções realizadas e plano de seguimento. Monitore indicadores locais (incidência de quedas, quedas com lesão, adesão a programas de exercício) para ajustar estratégias.
Referências úteis
Protocolos e revisões oferecem suporte para implementação prática: o Protocolo de Prevenção de Quedas do Ministério da Saúde descreve medidas institucionais e fluxos de atendimento (Ministério da Saúde); documentos de serviço trazem orientações operacionais; e revisões sobre reabilitação e exercícios descrevem evidências de eficácia, incluindo programas de força e Tai Chi (estratégias baseadas em evidências). Protocolos institucionais complementares e checklists de admissão podem ser encontrados em publicações técnicas (IBES – Protocolo de prevenção de quedas).
Fechamento e recomendações práticas: em cada contato clínico, avalie risco, revise medicamentos, organize encaminhamento para fisioterapia e proponha adaptações ambientais simples. Pequenas mudanças combinadas — revisão de medicação, treino de força/equilíbrio e ajustes no domicílio — reduzem quedas, preservam autonomia e melhoram a saúde do idoso.