Uso racional de antibióticos na atenção primária: estratégias para reduzir resistência

Uso racional de antibióticos na atenção primária: estratégias para reduzir resistência

A resistência antimicrobiana é uma ameaça crescente à saúde pública e exige ações práticas na atenção primária. Este texto apresenta medidas objetivas — baseadas em evidência — para otimizar prescrições, reduzir a circulação de bactérias multirresistentes e melhorar os desfechos clínicos de pacientes com infecções comuns.

Resistência antimicrobiana: o problema na atenção primária

A resistência antimicrobiana ocorre quando bactérias desenvolvem mecanismos que anulam o efeito dos antibióticos. Na atenção primária, prescrições inadequadas para quadro viral, falta de diagnóstico diferencial e uso empírico prolongado são fatores que alimentam esse problema. Estudos e notas técnicas nacionais destacam esse risco e a importância de campanhas de uso racional para profissionais e população, como apontado por Fiocruz e evidências publicadas em periódicos científicos.

Stewardship e protocolos clínicos

Programas de stewardship são essenciais para orientar escolhas terapêuticas seguras e eficazes. Estruturas locais de stewardship devem incluir revisão periódica de prescrições, orientações de desescalonamento e critérios claros para duração do tratamento. Para implementar essas ações na rede primária, vale consultar guias práticos sobre uso racional e stewardship em atenção ambulatorial, que abordam desde a escolha empírica até o ajuste com base em cultura e sensibilidade (programas de stewardship na prática clínica).

Protocolos baseados em evidência

Protocolos clínicos devem considerar gravidade, sinais de alarme e epidemiologia local. Em infecções respiratórias agudas e infecções do trato urinário, por exemplo, muitas vezes a conduta inicial é suporte e orientação, com prescrição somente quando há indicação objetiva. Repositórios de protocolos e diretrizes locais ajudam a padronizar decisões e reduzir variabilidade de prescrição.

Prescrição segura e checklist

Adotar ferramentas simples no momento da prescrição — como verificar alérgenos, duração indicada e possibilidade de terapia oral — reduz erros e exposição desnecessária a antimicrobianos. Materiais sobre prescrição segura em ambulatório podem ser úteis para equipes multidisciplinares e fazem parte das boas práticas (prescrição segura em ambulatório).

Monitoramento, vigilância e indicadores

Rastrear padrões de prescrição e sensibilidade local permite ajustar recomendações e detectar surtos de cepas resistentes. Sistemas de vigilância simples, integrados ao prontuário eletrônico, facilitam auditorias e feedback aos prescritores. A literatura científica destaca a utilidade de indicadores básicos (consumo de DDD, proporção de prescrições adequadas) para medir impacto das intervenções.

Para o manejo clínico de infecções mais frequentes na atenção primária, há materiais práticos que orientam diagnóstico e condutas, integrando princípios de uso racional de antibióticos (manejo de infecções na atenção primária).

Educação do paciente e adesão

Explicar claramente por que um antibiótico não é indicado em quadros virais, definir sinais de alerta e agendar retorno quando necessário aumenta a satisfação do paciente e reduz pedidos indevidos. Estratégias educativas — folhetos, mensagens SMS e diálogo centrado no paciente — demonstram efeito na redução do uso inadequado.

Barreiras e soluções práticas

Entre as barreiras estão expectativa do paciente, pressão por atendimento rápido e ausência de suporte diagnóstico point-of-care. Soluções incluem comunicação assertiva, uso de testes rápidos quando disponíveis, decisões compartilhadas e educação continuada da equipe. Revisões sistemáticas e estudos locais mostram que intervenções multifacetadas (educação + feedback + suporte à decisão) têm maiores chances de sucesso.

Ações prioritárias para reduzir resistência

  • Padronizar protocolos clínicos locais e treinar equipes para aplicá-los rotineiramente.
  • Implementar programas de stewardship com auditoria e feedback aos prescritores.
  • Estabelecer monitoramento de consumo e de padrões de resistência para orientar decisões empíricas.
  • Fortalecer a comunicação com pacientes: explicar riscos, indicações e duração do tratamento.
  • Usar recursos diagnósticos simples quando disponíveis (CRP point-of-care, testes rápidos) para reduzir incerteza.

Reforçar essas ações na atenção primária contribui para a prevenção de eventos adversos, economia de recursos e preservação da eficácia dos antibióticos.

Fontes nacionais e internacionais que podem aprofundar a leitura: Organização Mundial da Saúde sobre resistência antimicrobiana (WHO – antimicrobial resistance), Organização Pan-Americana da Saúde sobre uso racional (PAHO – uso racional de medicamentos) e análises brasileiras e científicas sobre estratégias na atenção primária, como relatado pela Fiocruz e em periódicos indexados (Fiocruz, SciELO – prevenção e controle na atenção primária). Estudos de revisão também destacam a eficácia de intervenções multifacetadas na redução de prescrições inadequadas (PubMed).

Aplicar essas estratégias de forma integrada e contextualizada ao território de saúde local é a maneira mais eficiente de reduzir a resistência antimicrobiana sem comprometer a segurança do paciente.

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