Vacinação adultos com comorbidades: esquemas e adesão
Introdução
Adultos com doenças crônicas e comorbidades têm risco aumentado de formas graves de infecções e de hospitalização. Você revisa o calendário vacinal desses pacientes em cada consulta? A imunização atualizada, com doses de reforço e estratégias para melhorar a adesão vacinal, reduz morbidade, óbitos e pressão sobre o sistema de saúde.
Por que priorizar pacientes com comorbidades?
- Doenças como diabetes, doença cardiovascular, doença pulmonar crônica e insuficiência renal elevam o risco de agravamento por infecções respiratórias e outras vacináveis.
- A eficácia e a duração da resposta imune podem ser menores em portadores de comorbidades e em imunocomprometidos — por isso há necessidade de esquemas adaptados e reforços.
- Diretrizes nacionais e sociedades científicas (por exemplo, SBIm) dedicam calendários específicos para este grupo; consulte as recomendações locais ao planejar a vacinação.
Para referências pandemiais e priorização por comorbidade durante a COVID-19, veja as orientações do Ministério da Saúde (gov.br).
Atualizações dos esquemas vacinais
Vacinas essenciais e pontos práticos
- Influenza — vacinar anualmente; importante em todos os adultos com comorbidades.
- Pneumocócica — seguir as recomendações de sequência conjugada e polissacarídica conforme risco; verificar necessidade de reforço conforme idade e condição clínica.
- COVID-19 — esquema primário e doses de reforço conforme calendário vigente; priorizar atualização em pacientes com comorbidades e em imunossuprimidos.
- Tdap (tétano, difteria, pertussis) — checar reforço em adultos com comorbidades que não apresentam esquema atualizado.
- Herpes zoster, hepatite B e outras — considerar indicações específicas por comorbidade; seguir calendário da SBIm para adultos.
Para detalhes por condição clínica e intervalos, consulte o calendário da SBIm e os materiais explicativos (ex.: SBIm – calendário do adulto).
Como incorporar atualizações no fluxo da clínica
- Revisão do cartão vacinal em toda consulta de acompanhamento de doença crônica.
- Protocolos de triagem na recepção para identificar pacientes elegíveis para vacinação.
- Uso de lembretes eletrônicos e prescrição ativa de vacina na consulta.
Doses de reforço: quando e por que
A imunidade vacinal pode diminuir com o tempo; por isso, doses de reforço são fundamentais para manter proteção, sobretudo contra COVID-19 e para alguns esquemas pneumocócicos. Pacientes com doenças crônicas frequentemente se beneficiam de reforços mais precoces ou adicionais — siga as recomendações formais para intervalo e tipo de vacina.
Em casos de imunossupressão, recomenda-se planejamento individualizado: sincronizar doses com terapia imunossupressora quando possível e considerar dose adicional do esquema primário para melhor resposta. O guia da SBIm e materiais específicos para onco-hematologia trazem orientações detalhadas (veja também guia oncológico citado por sociedades parceiras: Vaccini – guia oncológico).
Estratégias para aumentar a adesão vacinal
Baixa adesão vacinal em adultos com comorbidades está associada a barreiras estruturais (acesso, faltas), comunicacionais (desinformação) e clínicas (falta de recorde). Estratégias eficazes:
- Protocolos de prescrição ativa e ordens permanentes de vacinação na atenção primária.
- Estratégias de comunicação centradas no paciente: explique risco individual versus benefício da imunização; recorra a materiais escritos e digitais.
- Implementar lembretes e recalls (SMS/telefone) e agendamento facilitado — integre com consultas de acompanhamento crônico.
- Capacitar equipes de enfermagem para triagem vacinal e administração, reduzindo perda de oportunidade.
Recursos práticos sobre comunicação e adesão a doenças crônicas podem ser adaptados para programas vacinais: comunicação clínica e adesão e estratégias de adesão em ambulatório oferecem ferramentas úteis.
Considerações específicas para imunocomprometidos
Pessoas imunocomprometidas (transplantados, quimioterapia, uso de imunossupressores, HIV avançado) exigem planejamento:
- Avaliar timing: vacinar preferencialmente antes do início de imunossupressão quando possível.
- Evitar vacinas de vírus vivo atenuado em grande parte dos imunossuprimidos — siga orientações especializadas.
- Considerar doses adicionais do esquema primário e verificar sorologias quando indicado para documentar resposta.
- Articular com equipe oncológica/nefelógica/transplante para coordenar calendário vacinal.
Para esquemas e planejamento detalhado em imunossuprimidos, consulte o material dedicado: vacinação em imunossuprimidos e o calendário especializado da SBIm.
Monitorização e segurança
- Registrar todas as vacinas no prontuário e no cartão vacinal do paciente.
- Estar preparado para eventos adversos: protocolos de anafilaxia acessíveis (veja modelo prático abaixo) e rotina de notificação de eventos adversos.
- Educar o paciente sobre sinais pós-vacinação e quando procurar atendimento.
Modelo de referência para emergências vacinais: protocolo prático de anafilaxia.
Fechamento e recomendações práticas
Resumo de ações imediatas para implementar no serviço:
- Adote revisão vacinal em todas as consultas de doenças crônicas; crie checklists.
- Implemente lembretes e ordens permanentes para reduzir perdas de oportunidade.
- Atualize-se nos calendários da SBIm e nas orientações do Ministério da Saúde para COVID-19 e prioritização por comorbidades (gov.br, SBIm).
- Planeje abordagens específicas para imunocomprometidos em parceria com especialistas (onco-hematologia, transplante); consulte guias práticos (guia oncológico).
Implementar essas medidas melhora a proteção individual e coletiva dos pacientes com comorbidades, reduz internações e fortalece a prática clínica baseada em prevenção. Para ferramentas práticas e fluxos de trabalho, veja também: vacinacao adultos com comorbidades (ferramentas) e adesão terapêutica e educação em consulta.