Xabcde no trauma: abordagem prática para profissionais de saúde

Xabcde no trauma: abordagem prática para profissionais de saúde

Resumo conciso para médicos e estudantes sobre o protocolo XABCDE, visando priorizar intervenções que salvam vidas no atendimento inicial ao traumatizado. Este guia sintetiza ações imediatas, sinais de alarme e medidas práticas em ambiente pré-hospitalar e hospitalar, com ênfase em controle de hemorragia, vias aéreas e ressuscitação contínua.

X – hemorragia exsanguinante

A identificação rápida de sangramento massivo é prioritária: hemorragias arteriais pulsáteis, jatos sanguíneos e perda sanguínea visível abundante exigem controle imediato. A cadeia de ações inclui compressão direta, curativo hemostático e aplicação de torniquete proximal quando indicado. O uso precoce de torniquete reduz mortalidade por sangramento exsanguinante e deve ser ensaiado em protocolos de equipes de emergência e serviço pré-hospitalar (xabcde-trauma: abordagem prática para equipes de emergência).

Controle hemorrágico e transfusão

Atuar com objetivos claros: interromper sangramento, avaliar circulação e preparar logística para transfusão massiva quando houver choque hemorrágico. Protocolos de transfusão 1:1:1 (hemácias:plasma:plaquetas) e ativação do protocolo de transfusão maciça (PTM) devem estar estabelecidos no serviço. A prevenção da coagulopatia inclui aquecimento do paciente, uso racional de cristaloides e administração precoce de hemoderivados conforme protocolo local.

Referência prática sobre controle inicial de hemorragia: EADPlus – Protocolo XABCDE.

A – vias aéreas

Garanta via aérea pérvia com proteção de coluna cervical. Avaliação rápida para obstrução por sangue, vómito, corpo estranho ou edema. Manobras adequadas (chin lift, jaw thrust) e aspiração devem ser executadas imediatamente. Indicação de intubação orotraqueal em Glasgow ≤ 8 ou quando houver risco iminente de falha ventilatória.

Intubação e imobilização cervical

Intubação de sequência rápida com controle manual da coluna cervical é técnica padrão quando disponível operador experiente. Em ausência de equipamento ou expertise, manter ventilação com máscara via-valva e canalizar transporte para centro capaz. Protocolos ATLS e PHTLS recomendam abordagem estruturada — consulte orientações atualizadas do ATLS para implementação local (ATLS – American College of Surgeons).

B – respiração

Avalie ventilação e oxigenação: frequência respiratória, esforço respiratório, ruídos adventícios e saturação (SpO2). Administre oxigênio suplementar conforme necessidade. Identifique condições que ameaçam a ventilação, como pneumotórax hipertensivo, hemotórax massivo e contusão pulmonar.

Pneumotórax hipertensivo e descompressão torácica

Pneumotórax hipertensivo é emergência: descompressão imediata por agulha ou troca por tubo torácico conforme cenário e treinamento da equipe. O ultrassom à beira-leito (FAST/POCUS) é ferramenta valiosa para detecção rápida de pneumotórax e hemotórax; considere implementar ultrassom portátil no serviço (ultrassom portátil na prática clínica).

C – circulação e choque hemorrágico

Avalie pulsos, pressão arterial, tempo de enchimento capilar e perfusão periférica. Inicie dois acessos venosos calibrosos, controle definitivo das fontes de sangramento e reposição volêmica guiada. Evitar ressuscitação agressiva com cristaloides isolados quando houver hemorragia ativa: priorizar hemoderivados quando necessário e ativar PTM.

Monitorização e medidas temporizadoras

Monitorização contínua (ECG, SpO2, PA) e reavaliações frequentes definem resposta à terapia. Em centros com recurso, o uso de transfusão em proporção e técnicas hemostáticas cirúrgicas/endovasculares devem ser considerados. Protocolos de reanimação com enfoque na prevenção da tríade letal (hipotermia, coagulopatia, acidose) melhoram desfechos.

D – deficiência neurológica: Glasgow, pupilas e glicemia

Realize avaliação neurológica rápida: Escala de Coma de Glasgow, exame de pupilas e glicemia capilar. Glasgow ≤ 8 é indicação de intubação para proteção de via aérea. Glicemia capilar é passo obrigatório para excluir causas metabólicas de rebaixamento do nível de consciência; hipoglicemia deve ser tratada imediatamente (veja também monitoramento glicêmico em atenção primária: monitoramento contínuo de glicose).

Avaliação neurológica dirigida

Alterações unilaterais de pupila ou declínio neurológico sugerem lesão intracraniana com indicação para imagem e neurocirurgia conforme disponibilidade. Utilize escala padronizada e documente serialmente para orientar condutas.

E – exposição e controle de temperatura

Exponha completamente o paciente para identificar lesões ocultas, mantendo controle de privacidade e aquecimento ativo. Prevenir hipotermia é essencial para evitar piora da coagulopatia e acidose. Utilize cobertores térmicos, aquecedores de líquidos e ambiente aquecido conforme disponibilidade.

Tríade letal: hipotermia, coagulopatia e acidose

Reconhecer e interromper a progressão da tríade letal é parte integrante do XABCDE. Estratégias incluem: controle de sangramento, reposição adequada de hemoderivados, aquecimento ativo e otimização da perfusão para reduzir lactato e acidose. A correção dessas alterações melhora significativamente a sobrevida em trauma grave.

Integração de exames e suporte diagnóstico

FAST/POCUS complementa exame físico na detecção de sangramento intraperitoneal e derrame pericárdico; raio‑X de tórax rápido e tomografia computadorizada devem ser usados conforme estabilidade hemodinâmica. A tomada de decisões deve equilibrar velocidade com segurança diagnóstica.

Para aprofundamento prático e fluxos organizacionais para equipes de emergência, consulte material adicional sobre XABCDE e aplicação em triagens locais (xabcde-trauma: abordagem prática para equipes de emergência) e revisões educacionais (histórico e evolução do XABCDE).

Resumo prático

Passos imediatos e ação coordenada salvam vidas: 1) identifique e controle hemorragias exsanguinantes (torniquete/curativo hemostático); 2) proteja via aérea e immobilize a coluna cervical; 3) avalie ventilação e trate pneumotórax hipertensivo prontamente; 4) mantenha perfusão com acesso venoso adequado e transfusão quando indicada; 5) monitore nível de consciência, pupilas e glicemia; 6) exponha o paciente e evite hipotermia. Treinamento regular, checklists e integração com protocolos locais (ATLS/PHTLS) garantem desempenho efetivo da equipe.

Leitura recomendada para implementação e educação continuada: ATLS (American College of Surgeons), revisão prática sobre XABCDE (EADPlus) e material histórico/evolutivo (ACSJ Projetos).

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