Abordagem clínica da dispepsia e sintomas gastrointestinais funcionais

Abordagem clínica da dispepsia e sintomas gastrointestinais funcionais

A dispepsia é uma queixa frequente em consultórios e serviços de atenção primária e especializada. Embora muitos casos sejam funcionais, é essencial identificar sinais de alerta, investigar causas orgânicas e propor tratamento individualizado para reduzir sintomas como dor epigástrica, sensação de plenitude pós-prandial, náusea e saciedade precoce.

Dispepsia funcional: definição e classificação

Chama-se dispepsia funcional quando não há alteração estrutural ou bioquímica suficiente para explicar os sintomas. A classificação clínica ajuda a orientar a investigação e o tratamento: subgrupos incluem dispepsia do tipo dolorosa/epigástrica e dispepsia por sensação de plenitude pós-prandial. Diferenciar refluxo gastroesofágico, úlcera péptica, gastroparesia e intolerâncias alimentares é parte do raciocínio diagnóstico.

Critérios diagnósticos e avaliação inicial

Os critérios internacionais (Rome IV) orientam o diagnóstico da dispepsia funcional e delimitam a duração e a frequência dos sintomas; detalhes estão disponíveis no site da Fundação Rome (Rome Foundation).

Na avaliação clínica, procure por:

  • Sinais de alarme: perda de peso não intencional, anemia, disfagia, vômitos persistentes, massa abdominal palpável ou história familiar de câncer gastrointestinal.
  • História de uso crônico de AINEs ou anticoagulantes.
  • Relação dos sintomas com alimentação, medicações e fatores psicossociais.

Exames complementares e papel da endoscopia

A indicação de endoscopia digestiva alta depende de idade, sinais de alarme e resposta inicial à terapia empírica. Para quadros sem sinais de alarme em pacientes jovens, pode-se iniciar tratamento empírico com acompanhamento; já pacientes com sinais de alarme ou acima da faixa etária de risco devem ser encaminhados para endoscopia. A abordagem prática da investigação da dor abdominal inespecífica pode ser consultada em materiais de apoio clínico (avaliação inicial da dor abdominal).

Helicobacter pylori

O teste e tratamento de Helicobacter pylori são fundamentais quando indicados: em pacientes com dispepsia não investigada pode haver benefício em testar e erradicar quando a infecção está presente. Protocolos de diagnóstico, opções terapêuticas e prevenção estão descritos em revisão disponível internamente (infecção por Helicobacter pylori) e em literatura internacional.

Tratamento: abordagem escalonada

O manejo deve ser individualizado, combinando mudanças no estilo de vida, terapêutica farmacológica e, quando apropriado, intervenções psicossociais.

Medidas não farmacológicas

  • Orientações alimentares: fracionar refeições, reduzir gorduras e condimentos que agravem sintomas, evitar bebidas com cafeína e álcool em excesso.
  • Gestão do estresse: técnicas de relaxamento, terapia cognitivo-comportamental quando indicado e incentivo à atividade física regular.
  • Revisão de medicamentos: suspender, quando possível, fármacos que possam causar ou agravar sintomas dispépticos.

Terapia medicamentosa

  • Inibidores de bomba de prótons (IBPs): indicados quando há sugestão de doença ácido-relacionada ou como teste terapêutico em certos casos.
  • Eradicadores de H. pylori: quando a infecção é confirmada; considerar interações e resistência local e aplicar recomendações de uso racional de antibióticos (uso racional de antibióticos).
  • Procinéticos: úteis quando há evidência de gastroparesia ou sintomas de esvaziamento gástrico retardado.
  • Antidepressivos em baixas doses (ex.: tricíclicos): podem reduzir sensibilidade visceral em pacientes com componente funcional e comorbidade psicológica.

Terapias complementares e apoio multidisciplinar

Algumas intervenções não farmacológicas, como acupuntura e fitoterápicos (ex.: hortelã), têm evidências heterogêneas e podem ser consideradas como complemento ao tratamento convencional, sempre discutidas com o paciente. Em casos refratários, referência para gastroenterologia funcional, fisioterapia respiratória/abdominal e equipe de saúde mental pode ser necessária.

Para pacientes com sintomas crônicos, é importante integrar práticas de comunicação centrada no paciente e acompanhamento longitudinal — isso reduz recidiva de consultas e melhora adesão.

Referências e leituras complementares

Recomenda-se consulta às diretrizes e revisões para atualização de condutas: revisão pediátrica e epidemiológica disponível na SciELO (SciELO), informações práticas para pacientes no site da Mayo Clinic (Mayo Clinic) e material de referência sobre critérios de Rome (Rome Foundation).

Para integrar a investigação da dispepsia com rastreamento adequado de neoplasias e outras causas, considere também protocolos locais de rastreio, como o rastreamento do câncer colorretal quando aplicável (rastreio do câncer colorretal).

Manejo da dispepsia e orientações finais

Abordar a dispepsia exige equilíbrio entre investigação adequada e evitar exames desnecessários. Priorize a identificação de sinais de alarme, teste/trate Helicobacter pylori quando indicado, utilize IBPs ou procinéticos conforme a apresentação clínica e incorpore medidas de suporte psicossocial. A prescrição responsável de antibióticos e a coordenação com equipes especializadas melhoram desfechos. Para questões práticas sobre prescrição segura em ambulatório, há material de referência interno que pode orientar decisões clínicas (prescrição segura em ambulatório).

Manter o diálogo aberto com o paciente, monitorar resposta ao tratamento e reavaliar periodicamente é a melhor estratégia para reduzir limitações funcionais e melhorar qualidade de vida.

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