Anamnese do aparelho cardiovascular: guia prático para profissionais de saúde

Anamnese do aparelho cardiovascular: guia prático para profissionais de saúde

Uma anamnese bem conduzida é a base do diagnóstico e manejo das doenças cardiovasculares. Este guia curto e objetivo orienta a coleta de dados essenciais — incluindo identificação de fatores de risco, sinais de insuficiência cardíaca e história de infarto do miocárdio — e indica encaminhamentos e exames complementares mais úteis no contexto ambulatorial.

Anamnese do aparelho cardiovascular: itens essenciais

  • Identificação: idade, profissão, contatos e contexto social (uso de álcool, trabalho, apoio familiar).
  • Queixa principal: descreva em palavras do paciente: dor torácica, palpitações, dispneia, fadiga, síncope ou edema.
  • História da doença atual: tempo de início, evolução, fatores desencadeantes (esforço, repouso, refeições), fatores de alívio (repouso, nitrato), irradiação e sintomas associados (náusea, sudorese).
  • Doenças pregressas: hipertensão arterial, diabetes, dislipidemia, doença renal crônica, doença coronariana prévia.
  • História familiar: morte súbita, infarto do miocárdio precoce, cardiomiopatia ou arritmias hereditárias.
  • Medicações e alergias: adesão a anti-hipertensivos, estatinas, anticoagulantes, uso de anti-inflamatórios e fitoterápicos.
  • Hábitos de vida: tabagismo (paquetes-ano), consumo de álcool, atividade física e padrão alimentar.

Queixa principal: como explorar dor torácica e palpitações

Dor torácica

Caracterize tipo (opressiva, em pontada), localização (retroesternal, precordial), irradiação (braço esquerdo, mandíbula), relação com esforço e duração. Suspeite de síndrome coronariana aguda quando houver dor opressiva com irradiação e fatores de risco como dislipidemia e tabagismo; nesses casos, priorize avaliação rápida e ECG.

Palpitações e síncope

Documente início, frequência, duração e associação com esforço ou perda de consciência. Em pacientes com história de hipertensão arterial de longa data ou cardiopatia isquêmica, investigue arritmias com monitorização quando indicado.

História médica pregressa: foco em comorbidades

Registre datas de diagnóstico, exames de controle (hemoglobina glicada, perfil lipídico, função renal) e eventos prévios (infarto do miocárdio, angioplastia, cirurgia cardíaca). Pacientes com dislipidemia em uso de estatina ou com diabetes precisam de avaliação de risco cardiovascular global e metas terapêuticas individualizadas.

Exame físico e sinais red flags

  • Sinais vitais: pressão arterial em ambos os braços, frequência cardíaca, saturação de oxigênio.
  • Inspeção e palpação: edema periférico, ictus, frêmito.
  • ausculta: sopros novos, B3 indicativa de sobrecarga ventricular, estertores pulmonares sugestivos de insuficiência cardíaca.

Se houver suspeita de isquemia aguda, realize ECG em até 10 minutos e solicite troponina conforme protocolo local. Para investigação ambulatorial, considere ECG de repouso, ecocardiograma e, conforme quadro, testes funcionais ou imagem coronariana.

Exames complementares: quando pedir ECG, ecocardiograma e biomarcadores

O ECG é obrigatório diante de dor torácica ou palpitações; o ecocardiograma esclarece disfunção ventricular e valvopatias; troponina é sensível para lesão miocárdica aguda. Em seguimento pós-infarto, integre reabilitação cardiológica e monitorização de fatores modificáveis (reabilitação cardiovascular ambulatorial).

Avaliação do risco cardiovascular e decisões práticas

Calcule risco cardiovascular (escalas relevantes ao contexto) e ajuste metas: controle pressórico, intensidade de redução do LDL em pacientes com doença aterosclerótica e metas glicêmicas em diabetes. Use diretrizes nacionais e internacionais para decidir início de terapias (estatinas, antiplaquetários, inibidores SGLT2/GLP‑1 quando indicados).

Para aprofundar prevenção e seguimento, consulte materiais de referência: diretrizes da Sociedade Brasileira de Cardiologia e revisões atualizadas (SciELO – SBC), orientações da European Society of Cardiology (ESC) e dados globais da Organização Mundial da Saúde sobre doenças cardiovasculares (WHO).

Comunicação com o paciente e orientação prática

Explique riscos em linguagem acessível, enfatize mudanças de estilo de vida (cessação do tabagismo, dieta, exercício), importância da adesão medicamentosa e quando retornar ou procurar emergência (dor torácica persistente, síncope, falta de ar progressiva).

Resumo prático: passos essenciais na anamnese cardiovascular

1) Priorize identificação de dor torácica isquêmica e sinais de insuficiência cardíaca; 2) registre comorbidades relevantes — hipertensão arterial, dislipidemia e diabetes — e revise medicações; 3) solicite ECG e troponina quando indicado; 4) calcule risco cardiovascular e alinhe metas terapêuticas; 5) encaminhe para imagem ou reabilitação conforme critério clínico.

Para aprofundar condutas e protocolos na atenção primária e ambulatorial, veja também materiais relacionados no nosso blog sobre prevenção cardiovascular, manejo da hipertensão e reabilitação cardíaca.

Este guia destina-se a profissionais que atuam na atenção primária e secundária e deve ser aplicado em conjunto com diretrizes locais e julgamento clínico individualizado.

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