Hipertensão arterial: diretrizes recentes para diagnóstico e tratamento
A hipertensão arterial é o fator de risco cardiovascular mais prevalente em adultos e exige diagnóstico preciso, monitorização adequada e tratamento baseado em evidências. Este texto resume as recomendações recentes para classificação, metas terapêuticas, escolhas farmacológicas e seguimento, com foco em aplicação prática na atenção primária.
Hipertensão arterial: definição e classificação
As diretrizes recentes da AHA/ACC (2025) e recomendações globais definem categorias que orientam o manejo clínico. Considera-se pressão arterial normal valores < 120/80 mmHg; pressão arterial elevada quando a sistólica está entre 120–129 mmHg; hipertensão estágio 1 com sistólica 130–139 mmHg ou diastólica 80–89 mmHg; e hipertensão estágio 2 quando a sistólica ≥ 140 mmHg ou diastólica ≥ 90 mmHg. A medida deve ser confirmada preferencialmente por monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) ou monitorização domiciliar para evitar diagnóstico equivocado por efeito de jaleco branco.
Para contexto e dados epidemiológicos, consulte a Organização Pan-Americana da Saúde sobre impacto da hipertensão nas Américas (paho.org).
Risco cardiovascular e estratificação
A avaliação do risco global cardiovascular orienta a intensidade do tratamento: além da pressão arterial, considere histórico cardiovascular, presença de diabetes, dislipidemia, função renal e tabagismo. Ferramentas de predição de risco ajudam a decidir metas individuais; veja também nosso conteúdo sobre predição e risco cardiovascular (predição de risco cardiovascular).
Escolha da terapia e metas de tratamento
As recomendações da OMS e sociedades internacionais continuam a indicar, como opções de primeira linha para pacientes que necessitam de tratamento medicamentoso, as três classes: diuréticos tiazídicos (ou similares), inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) ou bloqueadores do receptor de angiotensina (BRA), e bloqueadores dos canais de cálcio di-hidropiridínicos de longa ação. Estudos e revisões sistemáticas (ver resumo em PMC/NIH) suportam essa estratégia.
Meta de tratamento e controle pressórico
Para a maioria dos adultos sem comorbidades significativas, a meta proposta pelas diretrizes recentes é pressão arterial < 140/90 mmHg; em pacientes de maior risco cardiovascular ou com comorbidades (insuficiência cardíaca, doença renal crônica, diabetes) metas individuais mais rigorosas podem ser indicadas. O objetivo é reduzir eventos cardiovasculares por meio do controle pressórico e da redução do risco aterosclerótico.
Além da terapia farmacológica, intervenções não farmacológicas (redução de peso, restrição de sódio, atividade física regular, moderação do álcool e dieta rica em frutas e vegetais) são fundamentais para o controle pressórico e redução do risco.
Monitorização e seguimento
A monitorização domiciliar e o MAPA são ferramentas centrais para confirmar o diagnóstico e avaliar resposta ao tratamento. As diretrizes da OMS sugerem acompanhamento mensal após início ou ajuste de medicação até atingir a meta, e depois intervalos maiores conforme estabilidade. Para orientações práticas na atenção primária sobre manejo e seguimento de hipertensão, consulte nosso guia de manejo na APS (manejo hipertensão primária).
Em idosos, atenção especial a hipotensão postural, polifarmácia e metas individualizadas. Nossa página sobre conduta em idosos detalha ajustes e monitorização recomendados (conduta hipertensão idosos).
Combinações e intensificação do tratamento
Se a monoterapia não for suficiente, combinações fixas (duas classes) aumentam adesão e eficácia. A escolha deve considerar comorbidades (p. ex., IECA/BRA em doença renal; BCC em população de origem africana) e efeitos adversos. Prescrição com atenção à segurança e ao uso racional de anti-hipertensivos reduz eventos e melhora adesão.
Orientações práticas para a atenção primária
- Confirmar o diagnóstico com MAPA ou monitorização domiciliar antes de iniciar tratamento crônico.
- Iniciar medicação quando PA confirmada ≥ 140/90 mmHg ou antes se alto risco cardiovascular.
- Priorizar mudanças no estilo de vida simultaneamente ao início farmacológico.
- Seguimento mensal até controle e depois a cada 3–6 meses conforme estabilidade.
- Registrar e revisar fatores de risco associados (diabetes, dislipidemia, doença renal) e encaminhar quando indicado; veja nosso conteúdo sobre avaliação da doença renal crônica na APS (doença renal crônica).
Para revisão prática das diretrizes internacionais, consulte também análise crítica disponível em fontes médicas confiáveis (Medscape).
Manter-se atualizado com diretrizes nacionais e internacionais e aplicar estratificação de risco individualizada são medidas centrais para reduzir morbimortalidade relacionada à hipertensão.
Leitura adicional e referências completas estão disponíveis nas orientações da OMS e em revisões científicas (revisão PMC).