Doença renal crônica na atenção primária: avaliação, classificação e encaminhamento

Doença renal crônica na atenção primária: avaliação, classificação e encaminhamento

A Doença Renal Crônica (DRC) é uma condição prevalente e progressiva que exige atuação proativa na Atenção Primária à Saúde (APS). O diagnóstico precoce, a estratificação por risco e o encaminhamento oportuno reduzem complicações e melhoram prognóstico. Este texto resume critérios diagnósticos, classificação por estágios, sinais de alerta para encaminhamento e medidas iniciais de manejo que todo profissional na APS deve conhecer.

Avaliação da doença renal crônica na atenção primária

A avaliação começa na consulta: anamnese focada em fatores de risco (hipertensão, diabetes, história familiar de doença renal, uso crônico de anti-inflamatórios e exposição ocupacional), exame físico e exames laboratoriais básicos. A confirmação da DRC exige persistência de alterações por pelo menos três meses, segundo normas reconhecidas internacionalmente (critério de TFG e marcadores de dano).

Taxa de filtração glomerular e albuminúria

A estimativa da taxa de filtração glomerular (TFG) pela creatinina sérica ajustada por idade, sexo e raça e a avaliação da albuminúria (relação albumina/creatinina urinária) são centrais. TFG < 60 mL/min/1,73 m² por ≥3 meses ou albuminúria >30 mg/g configuram diagnóstico. Para informações epidemiológicas e critérios locais de encaminhamento, verifique análise publicada sobre triagem e encaminhamento na atenção básica (estudo brasileiro sobre critérios de encaminhamento).

Classificação por estágios e avaliação de risco

A classificação integra TFG e albuminúria para estratificação de risco e decisões terapêuticas. Estágios 1–2 apresentam TFG preservada com dano estrutural ou albuminúria; estágios 3a–3b, 4 e 5 correspondem à redução progressiva da TFG. Essa estratificação orienta frequência de acompanhamento, necessidade de exames de imagem e prontidão para encaminhamento especializado (referência técnica sobre estágios).

Exames complementares e imagem

Ultrassonografia renal é indicada quando há suspeita de alteração estrutural, hidronefrose, atrofia ou quando a história clínica sugere causas obstructivas ou renais crônicas. Investigação de etiologias secundárias (autoimune, tubulointersticial, nefropatias hereditárias) deve ser direcionada conforme achados iniciais.

Quando encaminhar e sinais de alerta

Encaminhe ao nefrologista pacientes com:

  • TFG < 30 mL/min/1,73 m² (estágios 4–5) ou queda rápida da TFG.
  • Albuminúria persistente macro ou proteinúria nefrótica.
  • Hipertensão difícil de controlar, hematuria não explicada, eletrolitícos refratários ou necessidade de avaliação para terapia renal substitutiva.

Encaminhamento precoce é associado a melhor preparação para diálise e planejamento de acesso vascular, além de redução de complicações. Diretrizes locais e trabalhos nacionais descrevem fluxos de encaminhamento e integração entre APS e nefrologia (repositório com análise de fluxos de encaminhamento).

Encaminhamento integrado e continuidade do cuidado

Estabeleça comunicação estruturada com o especialista: resumo clínico, evolução da TFG, albuminúria, medicações em uso (IECA/BRA, diuréticos, SGLT2), e metas de controle. A gestão compartilhada reduz lacunas no cuidado e evita atrasos.

Manejo inicial na atenção primária

Medidas iniciais que retardam progressão e são de implementação imediata na APS:

  • Controle da pressão arterial: meta individualizada, frequentemente < 140/90 mmHg, com ajustes conforme comorbidades. Monitoramento domiciliar e protocolos de tratamento devem ser aplicados (monitoramento da pressão arterial na prática).
  • Controle glicêmico em diabéticos, com avaliação de agentes que protegem o rim.
  • Uso de medicamentos renoprotetores: IECAs ou BRAs quando indicados; considerar inibidores SGLT2 em pacientes com diabetes ou DRC estáveis, por seu efeito renoprotector comprovado (manejo atual do diabetes tipo 2 e SGLT2) e conforme diretrizes recentes (guia sobre SGLT2 em DRC e IC).
  • Educação sobre dieta (restrição de sódio quando indicado), cessação tabágica, vacinação e revisão de medicações nefrotóxicas.

Monitorização e seguimento

Estabeleça periodicidade de controles (TFG, creatinina, eletrólitos, albuminúria) conforme estágio e risco. Pacientes com risco aumentado requerem monitorização mais frequente e planejamento antecipado para acesso à terapias renais substitutivas quando necessário.

Doença renal crônica: orientações finais para a atenção primária

A APS é peça-chave na detecção precoce e no manejo inicial da DRC. Identificar hipertensão e diabetes como fatores precipitantes, medir TFG e albuminúria, otimizar controle pressórico e glicêmico, usar medidas renoprotetoras quando indicadas (incluindo SGLT2) e encaminhar de forma estruturada são ações que impactam diretamente na progressão da doença. Para aprofundamento prático sobre modelos de atenção e abordagem interdisciplinar, confira revisão disponível em periódicos nacionais (artigo sobre abordagem interdisciplinar na DRC).

Implemente protocolos locais harmonizados com nefrologia, eduque a equipe multiprofissional e mantenha vínculo com o paciente: essas estratégias aumentam o sucesso do manejo na APS e melhoram desfechos a longo prazo.

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