Apneia central do sono: diagnóstico e manejo para profissionais de saúde

Apneia central do sono: diagnóstico e manejo para profissionais de saúde

A apneia central do sono (ACS) é caracterizada pela redução ou suspensão do esforço ventilatório durante o sono, sem obstrução das vias aéreas. Para profissionais de saúde, reconhecer os sinais, diferenciar da apneia obstrutiva do sono e escolher estratégias terapêuticas baseadas na causa são passos essenciais para reduzir morbimortalidade e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Apneia central do sono: fisiopatologia e condições associadas

A ACS decorre de falha na regulação central da ventilação, com alteração na sensibilidade ao dióxido de carbono ou instabilidade do controle respiratório no tronco encefálico. Pode ser primária ou secundária a doenças como insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, uso crônico de opioides, lesões estruturais do tronco encefálico ou distúrbios metabólicos.

Em pacientes com insuficiência cardíaca congestiva a presença de apneia central, frequentemente do tipo de Cheyne–Stokes, está associada a pior prognóstico; por isso a otimização do tratamento cardiológico deve ser prioridade na abordagem. Para revisão sobre manejo da insuficiência cardíaca na atenção primária, consulte os protocolos locais e revisões em reabilitação e telemonitorização cardíaca disponíveis.

Fatores de risco e apresentação clínica

  • Sintomas: sonolência diurna, despertares frequentes, insônia, ronco menos proeminente que na apneia obstrutiva do sono;
  • História: uso de opioides, insuficiência cardíaca, AVC prévio, hipotireoidismo, acromegalia;
  • Sinais: dessaturações noturnas, episódios de apneia notados por acompanhante, flutuações da frequência cardíaca.

Polissonografia e diagnóstico diferencial

A polissonografia (PSG) é o padrão-ouro para confirmar ACS e quantificar a gravidade das apneias centrais e misturadas. Testes domiciliares podem ser úteis em triagem, mas não substituem a PSG para diagnóstico definitivo em quadros complexos. A gasometria arterial e o monitoramento de CO2 transcutâneo ajudam na diferenciação entre insuficiência respiratória crônica e eventos isolados de apneia.

É fundamental distinguir apneia central da apneia obstrutiva do sono, uma vez que o tratamento primário difere. Para comparação prática entre os dois quadros e estratégias de rastreio na atenção primária, veja o material sobre apneia obstrutiva do sono disponível no nosso site.

Exames complementares recomendados

  • Polissonografia completa com capnografia quando possível;
  • Gasometria arterial em casos com suspeita de hipoventilação crônica;
  • TC ou RM de crânio se houver suspeita de lesão do tronco encefálico;
  • Avaliação cardiológica detalhada em pacientes com sinais de insuficiência cardíaca.

Tratamento baseado na etiologia: CPAP, ASV e terapias adjuvantes

O manejo deve ser individualizado:

  • Otimização da condição subjacente: ajustar terapêutica da insuficiência cardíaca pode reduzir a frequência de eventos centrais. Consulte recomendações práticas sobre insuficiência cardíaca e telemonitorização para integração entre atenção primária e especializada (insuficiência cardíaca e telemonitorização).
  • CPAP: indicado quando há componente obstrutivo concomitante ou na apneia do sono complexa; pode melhorar sintomas e dessaturação em alguns pacientes.
  • Servoventilação adaptativa (ASV): eficaz em muitos casos de ACS com instabilidade ventilatória; atenção ao perfil cardiológico do paciente antes da indicação.
  • Oxigenoterapia noturna: pode ser útil em dessaturações persistentes ou quando dispositivos ventilatórios não são tolerados.
  • Medicações ventilatórias: acetazolamida pode reduzir eventos ao estimular ventilação, porém exige avaliação do risco/benefício e monitorização por possíveis efeitos adversos (uso clínico e limitações da acetazolamida).
  • Abordagens invasivas: estimulação do nervo frênico ou outros implantes em casos selecionados, avaliando riscos e evidência disponível.

Para estratégias não-farmacológicas e integração com reabilitação respiratória domiciliar, considere protocolos de reabilitação que favoreçam adesão e monitorização remota (ex.: reabilitação cardíaca domiciliar quando indicada) e modelos de telemedicina para seguimento da terapia com CPAP.

Intervenções de suporte e multidisciplinares

Fonoaudiologia para treino de musculatura orofaríngea, fisioterapia respiratória e orientação nutricional em pacientes com sobrepeso são complementares ao tratamento. A adesão ao CPAP/ASV, ajustes de máscaras e suporte educacional aumentam a resposta terapêutica.

Resumo prático e recomendações para a clínica

Apneia central do sono exige abordagem diagnóstica estruturada e tratamento dirigido à causa. Na prática clínica priorize:

  1. Avaliação de comorbidades (insuficiência cardíaca, uso de opioides, doenças neurológicas);
  2. Confirmação com polissonografia e apoio de gasometria quando indicado (referência diagnóstica);
  3. Individualização terapêutica: otimizar a doença de base, considerar CPAP quando há componente obstrutivo, ASV para instabilidade ventilatória e oxigenoterapia conforme necessidade;
  4. Integração multidisciplinar: cardiologia, pneumologia, fisioterapia respiratória, fonoaudiologia e cuidados primários para seguimento e adesão.

Para ampliar protocolos de triagem e manejo na atenção primária, incluindo comparação com apneia obstrutiva e rotas de encaminhamento, acesse nossa página sobre apneia obstrutiva do sono e recursos de reabilitação:

Fontes selecionadas para atualização clínica: British Medical Journal Best Practice sobre apneia central e insuficiência cardíaca (BMJ Best Practice), MSD Manuals para definições e recomendações diagnósticas (MSD Manuals) e revisão sobre opções terapêuticas e limitações farmacológicas (revisão clínica).

Aplicando essas diretrizes com julgamento clínico e trabalho interdisciplinar, é possível reduzir eventos adversos relacionados à apneia central do sono e otimizar resultados a longo prazo.

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