O que é bronquiolite obliterante: sintomas, diagnóstico e tratamento

O que é bronquiolite obliterante: sintomas, diagnóstico e tratamento

A bronquiolite obliterante (BO) é uma doença rara caracterizada por inflamação e fibrose das vias aéreas pequenas (bronquíolos), com obstrução progressiva que reduz a ventilação e a troca gasosa. Pode surgir após infecções graves, exposição a irritantes ocupacionais ou ambientais, ou como complicação do transplante de pulmão (obliterative bronchiolitis). O objetivo deste texto é esclarecer, para pacientes e profissionais de saúde, sinais de alerta, exames essenciais, opções terapêuticas e orientações práticas de manejo.

O que é bronquiolite obliterante

A bronquiolite obliterante envolve cicatrização e remodelamento das vias aéreas pequenas, levando a perda da luz bronquiolar e ao fenômeno de air‑trapping. Clinicamente manifesta‑se por tosse crônica e dispneia progressiva. Há formas pós‑infectiosas, pós‑transplante, relacionadas à exposição ocupacional e formas idiopáticas. Identificar a causa influencia escolhas terapêuticas, acompanhamento e prognóstico.

Fatores de risco e causas associadas

  • Transplante de pulmão: rejeição crônica do enxerto (obliterative bronchiolitis) é causa clássica.
  • Infecções respiratórias virais ou bacterianas graves, especialmente na infância ou com prolongamento da inflamação.
  • Exposição ocupacional a fumos, vapores, pós e agentes irritantes — consulte um guia de doenças respiratórias ocupacionais para contexto de avaliação e prevenção.
  • Uso de algumas drogas ou agentes tóxicos em inalação ou por via sistêmica.

Sinais e sintomas

Os sintomas são frequentemente insidiosos e podem ser confundidos com asma, bronquite crônica ou DPOC. Os mais comuns são:

  • Dispneia progressiva aos esforços.
  • Tosse crônica seca ou produtiva intermitente.
  • Sibilos em menor proporção dos casos.
  • Infecções respiratórias recorrentes ou com duração prolongada.
  • Fadiga e limitação à atividade física.

Como é feito o diagnóstico

O diagnóstico é clínico e funcional, apoiado em exames de imagem e, quando necessário, em biópsia. Elementos essenciais:

Espirometria, volumes e DLCO

Espirometria geralmente mostra padrão obstrutivo com redução do VEF1 e relação VEF1/CVF diminuída. A DLCO (difusão de monóxido de carbono) pode estar reduzida quando há comprometimento da troca gasosa. Repetições seriadas ajudam a documentar progressão.

TCAR (tomografia computadorizada de alta resolução)

A TCAR é o exame de imagem de escolha: padrão em mosaico de atenuação, air‑trapping em cortes de inspiração/expiração, espessamento das vias aéreas pequenas e, por vezes, bronquiectasia coexistente sugerem BO. A TCAR ajuda a diferenciar outras doenças obstrutivas.

Broncoscopia e biópsia

Em casos selecionados, a broncoscopia com lavagem e biópsia transbrônquica pode excluir infecção, neoplasia ou confirmar inflamação. O diagnóstico definitivo nem sempre depende de biópsia, que tem sensibilidade limitada para as lesões das vias aéreas pequenas.

A avaliação deve ser feita por equipe experiente em doenças respiratórias; em pacientes transplantados, a investigação é integrada ao seguimento do serviço de transplante.

Tratamento e manejo

Não há cura universal para a bronquiolite obliterante; o manejo visa controlar sintomas, reduzir progressão e prevenir complicações. Abordagens principais:

  • Tratamento da causa: tratar infecções respiratórias com base em avaliação clínica e exames; para orientação sobre decisão de antibiótico e manejo de infecções, veja materiais sobre infeccões respiratórias em adultos e decisão sobre antibiótico e manejo de infecções respiratórias agudas.
  • Reabilitação pulmonar: programa de exercícios, treinamento ventilatório e educação que melhora tolerância ao exercício e qualidade de vida; a reabilitação pulmonar é um pilar terapêutico recomendado.
  • Broncodilatadores inalatórios: podem aliviar sintomas em pacientes com componente obstrutivo reversível.
  • Oxigenoterapia: indicada em hipoxemia de repouso ou ambulatorial conforme gasometria/oximetria.
  • Corticosteroides e imunossupressores: uso individualizado. Em formas pós‑transplante, ajuste de imunossupressão é frequentemente necessário. Em BO não relacionada a transplante, resposta a corticosteroides é limitada.
  • Macrolídeos (azitromicina): por seus efeitos anti‑inflamatórios/imunomoduladores podem ser considerados em alguns casos, após avaliação de riscos e benefícios.
  • Ensaios e terapias antifibróticas: áreas de pesquisa; participação em estudos clínicos em centros especializados pode ser proposta quando apropriado.

Estratégias práticas para o dia a dia

  • Adesão à vacinação (influenza, pneumococo) e medidas para prevenir infecções respiratórias.
  • Evitar exposição a fumaça, poeiras, vapores e irritantes ocupacionais sempre que possível.
  • Monitorar sintomas e realizar espirometria seriada para avaliar estabilidade ou progressão.
  • Fluir plano de atividade física gradativo e manter contato regular com a equipe de saúde para ajuste terapêutico.

Quando encaminhar

Encaminhe a serviços especializados quando houver:

  • Declínio rápido do VEF1 em semanas/meses.
  • Necessidade crescente de oxigênio suplementar.
  • TCAR com sinais de doença progressiva ou dúvidas diagnósticas.
  • Consideração de avaliação para transplante de pulmão ou acesso a programas de pesquisa clínica.

Prognóstico e impacto na qualidade de vida

O curso é variável. Alguns pacientes estabilizam com intervenções e reabilitação pulmonar; outros apresentam progressão lenta que pode levar à insuficiência respiratória. Fatores que influenciam o prognóstico incluem etiologia, velocidade de perda funcional, comorbidades e adesão ao tratamento. Suporte multidisciplinar (pneumologista, fisioterapeuta respiratório, nutricionista e equipe de transplante quando indicado) melhora desfechos funcionais e qualidade de vida.

Comunicação clínica e orientações finais

Ao comunicar o diagnóstico, explique de forma clara que se trata de uma obstrução crônica das vias aéreas pequenas com caráter fibrosante e que o manejo requer acompanhamento regular. Combine metas realistas (melhora da tolerância ao esforço, prevenção de exacerbações) e discuta opções de tratamento, incluindo reabilitação pulmonar, vacinas, uso racional de broncodilatadores e quando considerar terapias específicas como azitromicina ou ajuste de imunossupressão em transplante. Para dúvidas específicas, encaminhe ao pneumologista ou centro de referência em doenças respiratórias.

Este conteúdo foi revisado para uso clínico e para pacientes, com linguagem acessível e fundamentação prática. Para aprofundamento sobre exposições ocupacionais e prevenção, consulte o guia de doenças respiratórias ocupacionais e, para decisões sobre tratamento de infecções respiratórias, os materiais sobre infeccões respiratórias em adultos e decisão sobre antibiótico e manejo de infecções respiratórias agudas.

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