Condutas hospitalares no seguimento da asma
A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que exige abordagem multidisciplinar para reduzir exacerbações, diminuir internações e preservar a função pulmonar. Este texto sintetiza recomendações práticas para seguimento hospitalar, com ênfase em diagnóstico, tratamento manutenção, manejo de crise e educação do paciente, alinhado a diretrizes nacionais e internacionais.
Asma e diagnóstico: espirometria
O diagnóstico preciso é a base do seguimento. Na internação e no ambulatório deve-se revisar a história clínica, identificar fatores agravantes (alérgenos, tabagismo, comorbidades) e confirmar obstrução reversível com espirometria quando possível. A espirometria é indispensável para documentar função pulmonar e acompanhar resposta ao tratamento — repetir testes periodicamente ajuda a identificar perda progressiva da função.
Espirometria na prática hospitalar
- Realizar espirometria basal e pós-broncodilatador sempre que o quadro clínico permitir.
- Em adultos com obstrução persistente considerar provas adicionais (pico de fluxo expiratório domiciliar, testes de broncoprovocação) conforme necessidade.
- Registrar valores percentuais do previsto e documentar em prontuário para comparações futuras.
Para protocolos resumidos e recomendações terapêuticas complementares, consulte o PCDT disponível pela CONITEC e os consensos da SBPT, que orientam decisões sobre investigação e escalonamento terapêutico.
Corticosteroides inalatórios e estratégias de manutenção
Os corticosteroides inalatórios (CI) são o pilar do tratamento de manutenção. A escolha da dose e da combinação com broncodilatadores de longa ação deve considerar gravidade, adesão e risco de exacerbações. Em hospitalização por crise, avalie ajuste do esquema de manutenção ao alta, forneça treinamento sobre técnica inalatória e plano de ação escrito.
Abordagem farmacológica prática
- Manter ou iniciar CI conforme gravidade; reduzir gradualmente apenas com acompanhamento estreito.
- Usar B2CA (salbutamol) para alívio imediato; considerar associação de B2LA com CI em pacientes com controle insuficiente.
- Em crises moderadas a graves, adicionar corticosteroide sistêmico por curto período e reavaliar necessidade de ajuste do CI após recuperação.
Manejo de exacerbações e crise asmática
Identificar precocemente sinais de agravamento (uso aumentado de meds de resgate, dessaturação, taquipneia, diminuição do pico de fluxo) é essencial. O manejo inicial inclui oxigenação, broncodilatação repetida, corticosteroide sistêmico e monitorização contínua. Pacientes com resposta inadequada devem ser encaminhados para UTI conforme critérios de gravidade.
Integre educação sobre reconhecimento precoce de exacerbação no plano de alta e oriente sobre quando procurar o serviço de urgência.
Plano de ação escrito e educação do paciente
Entregar um plano de ação individualizado aumenta a adesão e reduz reinternações. O plano deve explicar medicação de manutenção, medicação de resgate, sinais de alarme e instruções claras para escalonamento de terapias.
Tópicos essenciais para o plano
- Treinamento da técnica inalatória e verificação prática antes da alta.
- Controle ambiental: medidas para reduzir exposição a ácaros, poeira, fumaça e outros irritantes.
- Orientação sobre vacinas (influenza, vacina pneumocócica) em pacientes com asma persistente, conforme risco individual.
Monitoramento e seguimento pós-alta
O seguimento deve incluir consulta com reavaliação da técnica inalatória, adesão e controle de comorbidades como rinite, refluxo e apneia do sono. A articulação com atenção primária e programas de reabilitação respiratória pode acelerar recuperação e reduzir recorrências; veja recomendações sobre reabilitação respiratória domiciliar e telemonitoramento para otimizar a reabilitação funcional.
Quando houver suspeita de doenças ocupacionais ou fatores ambientais agravantes, integrar investigação e medidas de prevenção direcionadas para reduzir exposições e melhorar controle.
Controle da asma: orientações finais para equipe hospitalar
Em ambiente hospitalar, combine diagnóstico objetivo com espirometria, otimização de corticosteroides inalatórios, plano de ação esclarecido e encaminhamentos apropriados. Ações práticas incluem: verificar técnica inalatória antes da alta, registrar plano escrito no prontuário, agendar retorno precoce e avaliar necessidade de reabilitação respiratória. A integração entre hospital, atenção primária e especialidades (pneumologia, alergologia, otorrinolaringologia) é determinante para reduzir exacerbações futuras.
Fontes e leituras complementares que embasam estas recomendações: o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Asma (CONITEC), os consensos da SBPT e revisões clínicas internacionais como o Manual MSD. Para alinhamento com diretrizes globais e práticas locais, confira também o guia GINA 2025. Para estratégias de reabilitação e telemonitoramento que podem complementar o seguimento hospitalar, consulte a página sobre reabilitação respiratória domiciliar e tecnologias de telemedicina.
Links úteis internos:
GINA 2025,
reabilitação respiratória domiciliar,
apneia obstrutiva do sono — estes materiais ajudam a montar fluxos de seguimento e a identificar comorbidades.
Referências externas de apoio: GINA 2025 (diretrizes internacionais), PCDT da Asma – CONITEC, SBPT – consensos e diretrizes e Manual MSD – tratamento de agudizações.
Implementar essas medidas no ambiente hospitalar melhora a transição para o cuidado ambulatorial, reduz risco de novas internações e promove maior controle da doença para o paciente.