Diagnóstico e manejo da anemia ferropriva em adultos

Diagnóstico e manejo da anemia ferropriva em adultos

A anemia ferropriva é a causa mais comum de anemia no mundo adulto e resulta da falta de ferro para síntese de hemoglobina. Manifesta-se por fadiga, dispneia aos esforços, cefaleia e palidez, mas pode também apresentar sinais discretos. A abordagem clínica combina identificação da causa (como hemorragia crônica ou má absorção), confirmação laboratorial e reposição adequada de ferro, seja por via oral ou intravenosa.

Hemograma e ferritina sérica: exames essenciais

O hemograma é o ponto de partida: hemoglobina e hematócrito baixos, microcitose (VCM reduzido) e redução da concentração de hemoglobina corpuscular média (CHCM) sugerem deficiência de ferro. A ferritina sérica é o melhor marcador dos estoques; valores baixos confirmam deficiência. Em pacientes com inflamação crônica, a ferritina pode estar falsamente normal ou elevada, sendo útil avaliar proteína C-reativa ou investigar outras causas.

Hemorragia gastrointestinal: investigação necessária

Perda crônica de sangue pelo trato gastrointestinal é uma das principais causas em adultos. Pacientes com anemia ferropriva sem causa óbvia devem ser investigados para sangramentos altos ou baixos: endoscopia digestiva alta e colonoscopia são indicadas conforme quadro clínico e idade. Em serviços com foco em rastreio e diagnóstico precoce, orientações sobre colonoscopia e triagem para câncer colorretal complementam a investigação (detecção precoce do câncer colorretal).

Considerar também investigação de infecções que causam gastrite com sangramento, como a infecção por Helicobacter pylori, cuja erradicação pode ser parte do manejo em casos selecionados.

Doença celíaca e má absorção

Em adultos com reposição ineficaz de ferro ou com sinais de má absorção (diarreia crônica, perda de peso), testar doença celíaca é essencial: a síndrome do intestino delgado comprometido reduz a absorção de ferro. Encaminhamentos e protocolos de manejo podem ser consultados para casos complexos (manejo da doença celíaca).

Sulfato ferroso: posologia prática e efeitos adversos

A reposição oral é a primeira escolha quando tolerada. O sulfato ferroso, por ser econômico e com boa biodisponibilidade, é frequentemente usado. Recomenda-se, em geral, 120–180 mg de ferro elementar por dia, dividido em 2–3 doses; alternativas com dosagens diferentes podem ser adotadas conforme tolerância. Efeitos gastrointestinais (náuseas, constipação ou diarreia) são comuns; orientar ingestão com alimentos se necessário e considerar formulações alternativas ou administração em dias alternados para reduzir eventos adversos.

Em casos de intolerância oral significativa, anemia grave ou falha de resposta, a reposição intravenosa de ferro (com formulações seguras e protocolos de monitorização) é indicada. Revisões recentes discutem indicações e segurança da terapia endovenosa (revisão clínica).

Tratamento da causa e medidas nutricionais

Tratar a causa subjacente é tão importante quanto repor ferro. Controle de sangramentos (úlcera péptica, lesões colônicas, hemorroidas), correção de alterações nutricionais e orientações para aumento da ingestão de alimentos ricos em ferro (carnes magras, leguminosas, verduras escuras) e de fatores que melhoram absorção (vitamina C na refeição) são recomendações práticas. Em gestantes e grupos de risco, a suplementação profilática deve seguir protocolos locais e orientações do Ministério da Saúde (Ministério da Saúde).

Monitoramento: seguimento com ferritina e hemoglobina

Esperamos aumento da hemoglobina em 2–4 semanas após início da terapia; reavaliar hemograma nesse período. Para garantir reposição completa dos estoques, medir ferritina após 3–6 meses. Ajustes na terapia são necessários se não houver resposta adequada — investigar aderência, absorção e persistência de perda sanguínea.

Prevenção e políticas públicas

Estratégias de prevenção incluem educação nutricional, suplementação dirigida a grupos de risco e programas de fortificação alimentar. A Organização Mundial da Saúde descreve impactos e medidas de saúde pública para reduzir a prevalência de anemia em populações vulneráveis (WHO — anemia factsheet).

Resumo prático para clínicos

  • Confirmar anemia e avaliar ferritina antes de iniciar reposição.
  • Investigar causas de perda sanguínea, com ênfase em trato gastrointestinal e ginecológico.
  • Iniciar sulfato ferroso por via oral quando possível; considerar ferro IV se indicado.
  • Monitorar hemoglobina em 2–4 semanas e ferritina após 3–6 meses.
  • Tratar a causa subjacente e orientar medidas dietéticas e preventivas.

Referências e leituras complementares

Para diretrizes e revisão das evidências em terapia e investigação da anemia ferropriva, consulte documentos de referência e revisões científicas recentes, incluindo orientações de saúde pública e literatura clínica (NEJM review, WHO, e publicações oficiais do Ministério da Saúde).

Se precisar de protocolos práticos para investigação de sangramento gastrointestinal ou triagem oncológica relacionada à anemia, veja também conteúdos sobre rastreio colorretal e a abordagem da infecção por Helicobacter pylori e de doença celíaca, que complementam o manejo clínico.

Seguimento: quando reavaliar e encaminhar

Reavaliar falha terapêutica em 4–8 semanas; se persistir anemia refratária, encaminhar para hematologia ou gastroenterologia para investigação ampliada (exames de imagem, endoscopias, testes de absorção e estudo de perdas ocultas). Um plano individualizado, com monitoramento de hemoglobina e ferritina, e investigação da causa base garante recuperação sustentada e prevenção de recorrência.

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