Diretrizes atuais para manejo da otite média aguda

Diretrizes atuais para manejo da otite média aguda

A otite média aguda (OMA) é uma das causas mais frequentes de consulta pediátrica e causa importante de prescrição de antibióticos. Este texto sintetiza as recomendações práticas para diagnóstico, alívio da dor, conduta sobre antibioticoterapia e medidas preventivas, com base em revisões de referência e diretrizes clínicas.

Otite média aguda: definição e epidemiologia

A OMA corresponde à inflamação/infeção do ouvido médio frequentemente secundária a infecções do trato respiratório superior. A maior incidência ocorre entre 3 meses e 3 anos, refletindo a imaturidade anatômica e funcional da tuba de Eustáquio. Para revisão clínica e epidemiológica, consulte o MSD Manual e a síntese do Best Practice (BMJ).

Otite média aguda: agentes e fatores de risco

Etiologia: vírus respiratórios (rinovírus, VSR, influenza) e, frequentemente como sobreinfecção, as bactérias Streptococcus pneumoniae, Haemophilus influenzae não tipável e Moraxella catarrhalis. A relação entre infecções virais e OMA reforça a importância do manejo adequado das infecções respiratórias virais em serviços de atenção primária.

  • Fatores de risco: idade (6 meses a 2 anos), creche, exposição ao tabaco, não amamentação exclusiva e história familiar.
  • Prevenção: vacinação pneumocócica reduz a incidência de OMA bacteriana.

Otite média aguda: quadro clínico

Sintomas típicos: otalgia súbita, febre, irritabilidade, dificuldade para dormir e, se houver perfuração, otorreia purulenta. Em lactentes, sinais não específicos (recusa de alimentação, puxar a orelha) são comuns.

Otite média aguda: diagnóstico

O diagnóstico é clínico, baseado em história e exame otoscópico. A otoscopia pode mostrar abaulamento e hiperemia da membrana timpânica; a otoscopia pneumática (ou timpanometria quando disponível) ajuda a documentar perda de mobilidade, confirmando efusão. A avaliação correta reduz prescrições desnecessárias de antibiótico e identifica casos com risco de complicações, como mastoidite.

Exame otoscópico e documentação

Registrar achados: abaulamento, opacificação, nível hidroaéreo ou perfuração. Quando houver dúvida diagnóstica, buscar segunda opinião ou encaminhamento para otorrinolaringologia.

Otite média aguda: tratamento

Controle da dor

Priorize analgesia: paracetamol ou ibuprofeno nas doses pediátricas adequadas. O alívio sintomático melhora conforto e permite observação segura nos casos elegíveis. (Veja orientações práticas no Tratado de Clínica Pediátrica.)

Antibioticoterapia: quando e como

A decisão deve considerar idade, gravidade dos sintomas e evolução temporal:

  • Crianças menores de 6 meses: indicação para antibiótico.
  • Crianças entre 6 meses e 2 anos: tratar se diagnóstico certo e sintomas moderados a graves; em casos incertos, considerar observação com acompanhamento rigoroso.
  • Crianças ≥2 anos com sintomas leves-moderados: estratégia de observação por 48–72 horas é aceita quando possível, iniciando antibiótico se não houver melhora.

Escolha do antibiótico: amoxicilina em altas doses continua sendo primeira linha na maioria dos casos não complicados; em suspeita de resistência ou falha clínica, amoxicilina-clavulanato ou cefalosporinas orais (ex.: cefdinir) são opções. Documente alergias e fatores de risco para falha terapêutica.

Condutas invasivas e encaminhamento

Encaminhe ao otorrinolaringologista se: otite recorrente com perda auditiva persistente, suspeita de mastoidite, perfuração crônica com secreção contínua ou falha terapêutica após tratamento adequado.

Prevenção e medidas complementares

Recomendações práticas: aleitamento materno exclusivo, evitar exposição à fumaça, reduzir frequência em creches quando possível e manter vacinação em dia, incluindo a vacina pneumocócica. Para o papel do microbioma respiratório e suas implicações, consulte o artigo sobre microbioma pulmonar, que discute interações entre vírus, bactérias e resposta inflamatória.

Orientações práticas para otite média aguda

Resumo de condutas imediatas:

  • Priorize avaliação clínica e documentação otoscópica (otoscopia pneumática quando possível).
  • Controle da dor com analgésicos apropriados é obrigatório.
  • Aplique a estratégia de observação para crianças com doença não grave, garantindo retorno em 48–72 horas; trate imediatamente crianças muito sintomáticas, < 6 meses, ou com comorbidades.
  • Prescreva amoxicilina em primeira linha e considere alternativas em alergia ou falha terapêutica.

Para aprofundar o manejo das infecções respiratórias que frequentemente antecedem a OMA, utilize as recomendações práticas sobre antivirais orais para influenza e COVID-19 quando indicados; para orientações vacinais em pacientes especiais, consulte vacinação em pacientes transplantados, que também aborda estratégias de imunoprevenção em populações vulneráveis.

Fontes e leituras complementares: revisões e diretrizes do Best Practice, MSD Manual e o Tratado de Clínica Pediátrica. Estas fontes ajudam a alinhar práticas locais às recomendações internacionais.

Aplicando critérios clínicos claros, priorizando analgesia e usando a antibioticoterapia de forma direcionada, é possível reduzir complicações (como mastoidite) e minimizar o uso indevido de antibióticos, preservando eficácia terapêutica para as crianças.

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