Fratura por fragilidade em idosos: guia prático

Fraturas por fragilidade são eventos frequentes em idosos e exigem abordagem multidisciplinar. Este guia prático explica como identificar risco, prevenir quedas, diagnosticar osteoporose e conduzir a reabilitação, com orientações claras para profissionais da saúde, pacientes e cuidadores.

Fratura por fragilidade: definição e fatores associados

Fratura por fragilidade ocorre após trauma mínimo ou sem trauma significativo e está frequentemente associada à osteoporose, sarcopenia, má nutrição e comorbidades crônicas. Entre as consequências, a fratura de quadril (colo do fêmur) tem maior impacto funcional e aumentos da morbimortalidade, exigindo avaliações precoces de risco e planos de cuidado individualizados.

Diagnóstico: densitometria óssea, FRAX e avaliação clínica

Uso da densitometria óssea (DXA) e cálculo de risco

A densitometria óssea (DXA) é a referência para quantificar a massa óssea e calcular o score T. Ferramentas como o FRAX complementam a avaliação ao estimar o risco absoluto de fratura a 10 anos. Contudo, o diagnóstico e a decisão terapêutica devem considerar história de quedas, comorbidades, polifarmácia e condição funcional.

Avaliação inicial e exames complementares

  • História clínica detalhada: episódios de queda, mobilidade prévia, uso de medicamentos com risco de queda (benzodiazepínicos, sedativos, certos antidepressivos, anti-hipertensivos, diuréticos) e doença crônica.
  • Exame físico focado em força muscular, equilíbrio, marcha e função neurológica.
  • Exames laboratoriais básicos: cálcio, fosfato, vitamina D, hemograma, função renal e eletrólitos (excluir hiponatremia, anemia ou outras causas tratáveis de fragilidade).
  • Imagem: radiografia para fratura aguda; tomografia ou ressonância quando necessário para planejamento terapêutico.

Prevenção de quedas e intervenção ambiental

A prevenção de quedas é pilar central na redução de fraturas por fragilidade. Avalie o domicílio, mobilidade e visão/audição do idoso; ajuste calçados, iluminação e elimine obstáculos. Treinamento de equilíbrio e força diminui o risco de novos eventos.

Para estratégias práticas de prevenção em consultório e gestão da polifarmácia, veja os materiais sobre Prevencao quedas idosos consultorio e Prevencao quedas polifarmacia idosos aps.

Tratamento da osteoporose: opções farmacológicas e suplementação

O tratamento visa reduzir risco de novas fraturas e melhorar a qualidade de vida. As opções incluem:

  • Bisfosfonatos (alendronato, risedronato, zoledronato) por via oral ou intravenosa, conforme tolerância.
  • Denosumabe para pacientes com alto risco ou intolerantes aos bisfosfonatos.
  • Terapias anabólicas (teriparatida, abaloparatida) em osteoporose grave ou refratária.
  • Suplementação de vitamina D e cálcio conforme avaliação sérica e dieta.

Monitorar adesão, função renal e níveis de cálcio é essencial. Abordar a polifarmácia, revisando medicamentos que aumentam risco de quedas, melhora a segurança terapêutica e reduz eventos adversos.

Reabilitação e recuperação funcional

Reabilitação precoce e objetivos

A reabilitação precoce após fratura reduz complicações por imobilização e acelera a retomada das atividades diárias. O foco deve ser:

  • Exercícios de força progressiva (quadríceps, glúteos, core).
  • Treinamento de equilíbrio e marcha.
  • Adaptação domiciliar e treino de transferências.
  • Uso adequado de dispositivos de auxílio (andador, bengala) quando indicado.

Equipes com fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, nutricionista e equipe de enfermagem otimizam a recuperação e a reintegração funcional.

Nutrição, vitamina D e metas proteicas

A nutrição é componente chave no manejo de fragilidade e recuperação pós-fratura. Recomendações gerais:

  • Proteína: 1,0–1,2 g/kg/dia, ajustando conforme função renal e comorbidades.
  • Cálcio: 1.000–1.200 mg/dia, preferencialmente via dieta; suplementar quando insuficiente.
  • Vitamina D: 800–2.000 UI/dia ou conforme níveis séricos e orientação médica.
  • Hidratação adequada e correção de micronutrientes essenciais.

A avaliação nutricional por profissional qualificado deve integrar o plano terapêutico, especialmente em idosos com perda de apetite ou disfagia.

Avaliação de quedas recorrentes e polifarmácia

Quedas recorrentes exigem investigação multifatorial: visão, audição, ambiente, marcha, equilíbrio e medicação. A revisão de prescrições (deprescrição quando possível) reduz risco de quedas e melhora adesão. Recursos sobre adesão e manejo farmacoterapêutico podem ser consultados em Adesao terapeutica ddoencas cronicas.

Cirurgia e mobilização precoce

Quando indicada, cirurgia para fratura de quadril deve ser integrada a um plano perioperatório que minimize riscos e priorize mobilização precoce. Coordenação entre ortopedia, geriatria, fisioterapia e enfermagem reduz tempo de internação e melhora resultados funcionais.

Exemplo prático: abordagem integrada

Uma paciente de 78 anos com fratura de colo femoral após queda leve teve: correção de medicações sedativas, suplementação de vitamina D e cálcio, início de bisfosfonato, programa de reabilitação domiciliar com foco em equilíbrio e força, e intervenção nutricional. Após seis meses, apresentou maior independência funcional e redução do medo de cair — demonstrando a eficácia da abordagem multidisciplinar.

Recomendações práticas sobre fratura por fragilidade

  • Pacientes e cuidadores: participem ativamente da avaliação de risco, mantenham adesão ao tratamento, sigam programa de fisioterapia e otimizem a dieta (proteína, cálcio, vitamina D).
  • Profissionais de saúde: realizem avaliação multidisciplinar, utilizem DXA/FRAX quando apropriado, revisem medicações de risco e planejem reabilitação com metas claras.
  • Ambiente domiciliar: adapte iluminação, instale barras de apoio, remova obstáculos e priorize calçados adequados.

Fraturas por fragilidade exigem medidas integradas: prevenção de quedas, diagnóstico de osteoporose, tratamento farmacológico adequado, reabilitação e suporte nutricional. Detectar fragilidade precocemente e manter seguimento multidisciplinar são estratégias que preservam autonomia e reduzem complicações em idosos.

Para aprofundar estratégias de prevenção de quedas e manejo em atenção primária, consulte também Prevencao quedas idosos avaliacao fisioterapia ambiente.

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