Infecções do trato urinário em mulheres: diagnóstico e tratamento

Infecções do trato urinário em mulheres: diagnóstico e tratamento

As infecções do trato urinário (ITU) são frequentes na prática clínica feminina e exigem abordagem objetiva: identificar sintomas sugestivos, confirmar com exames quando indicado e escolher terapia antimicrobiana adequada para reduzir complicações e resistência bacteriana.

Infecção do trato urinário: definição e epidemiologia

A ITU inclui cistite (infecção da bexiga) e pielonefrite (infecção do parênquima renal). Mulheres têm maior risco pela anatomia uretral e fatores comportamentais; Escherichia coli é o agente mais comum. A crescente resistência bacteriana torna essencial práticas de diagnóstico e tratamento baseadas em evidência (CDC: orientações sobre ITU).

Causas e resistência bacteriana

Além de E. coli, Streptococcus saprophyticus, Klebsiella e Proteus são potenciais agentes. Padrões locais de sensibilidade mudam com o tempo — por isso recomenda-se consultar revisões e guias atualizados (Guia EAU de infecções urinárias) e estudos sobre resistência (revisão sobre resistência em uropatógenos).

Diagnóstico: urocultura e exame de urina (EAS)

O diagnóstico é clínico quando típico (disúria, frequência, urgência miccional). Exames complementares orientam manejo nos casos complicados, recorrentes ou quando há sinais sistêmicos.

Quando solicitar EAS e urocultura

  • Sintomas típicos sem fatores de risco: manejo empírico é aceitável na maioria das mulheres não grávidas.
  • Suspeita de ITU complicada, febre, dor lombar, gravidez, imunossupressão, ou falha terapêutica: solicitar EAS e urocultura antes do início do antibiótico.
  • Recorrência: urocultura para identificar agente e sensibilidade.

O EAS pode mostrar piúria, nitrito e hematúria; a urocultura confirma o agente e orienta ajustes terapêuticos.

Tratamento: antibiótico, duração e manejo clínico

A escolha do antibiótico depende da gravidade clínica, alergias, uso prévio de antibióticos e dados locais de sensibilidade. Em áreas com baixa resistência, nitrofurantoína e fosfomicina são frequentemente opções de primeira linha para cistite não complicada. Evitar fluoroquinolonas como primeira linha quando possível, devido a efeitos adversos e seleção de resistência.

Duração do tratamento

  • Cistite não complicada: 3–5 dias (por exemplo, nitrofurantoína 100 mg 2x/dia por 5 dias ou dose única de fosfomicina conforme bula e disponibilidade).
  • Pielonefrite ou ITU complicada: 7–14 dias, iniciando por via oral ou venosa conforme gravidade e condição clínica.
  • Gravidez: tratar com antibióticos seguros e obter urocultura de seguimento até documentada cura.

Nos casos em que a urocultura mostra resistência, ajustar a terapia com base no antibiograma. A prescrição responsável de antimicrobianos reduz seleção de cepas resistentes — recomendações práticas e protocolos locais devem ser consultados para orientar a decisão (prescrição segura de antibióticos).

Medidas adjuvantes e prevenção

Medidas não farmacológicas são importantes para reduzir recidivas e sintomas:

  • Hidratação adequada e micção regular.
  • Higiene íntima: limpeza de frente para trás.
  • Urinar após a relação sexual; evitar espermicidas e diafragma quando há recorrência.
  • Em mulheres pós-menopáusicas, terapia local com estrogênio pode reduzir recorrências.

Para pacientes com episódios recorrentes, avaliar estratégias profiláticas (profilaxia pós-coital, profilaxia contínua ou imunoprofilaxia) e investigação de possíveis fatores anatômicos ou funcionais. Orientações práticas e fluxos para atenção primária detalham prevenção, diagnóstico e manejo ambulatorial (prevenção e manejo em atenção primária).

Recorrência e quando encaminhar

Encaminhar para urologia ou infectologia em casos de ITU recorrente (3 ou mais episódios por ano), suspeita de anomalia estrutural, falha terapêutica persistente ou infecção complicada. Investigações podem incluir ultrassonografia, urografia ou avaliação urodinâmica conforme indicação.

Boas práticas clínicas e stewardship

Combinar diagnóstico clínico criterioso com uso racional de exames e antibióticos é essencial. Protocolos locais, monitoramento de resistência e educação da paciente sobre adesão e medidas preventivas melhoram desfechos. Consulte materiais sobre manejo inicial e boas práticas no site para apoio ao atendimento (manejo inicial da infecção urinária).

Para profissionais que desejam aprofundar-se em protocolos e diretrizes atualizadas, recomenda-se revisar recomendações nacionais e internacionais, além de literatura científica sobre resistência e terapias de escolha.

Resumo prático

  • Tratar cistite não complicada com antibiótico de curta duração escolhendo opção localmente adequada (nitrofurantoína ou fosfomicina quando indicadas).
  • Solicitar EAS/urocultura em situações complicadoras, gravidez, recorrência ou falha terapêutica.
  • Adotar medidas preventivas não farmacológicas e considerar profilaxia em casos selecionados.
  • Priorizar prescrição responsável para conter resistência bacteriana (veja recomendações sobre prescrição segura).

Fontes e leituras recomendadas: CDC sobre UTIs (CDC), Guias da EAU (EAU) e revisões científicas sobre resistência em uropatógenos (PubMed Central).

Leia também materiais de suporte e fluxos práticos no nosso site para ampliar a segurança do atendimento e o cuidado às pacientes: manejo inicial da infecção urinária, prescrição segura de antibióticos e prevenção e diagnóstico na atenção primária.

Este texto visa orientar profissionais e leigos com base em evidências atuais, promovendo decisões clínicas seguras e estratégias de prevenção para reduzir morbidade associada às infecções do trato urinário em mulheres.

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