Insuficiência renal leve na atenção primária

Insuficiência renal leve na atenção primária

Público: profissionais de saúde. Detectar e manejar a Doença Renal Crônica (DRC) em estágios iniciais na Atenção Primária à Saúde (APS) reduz riscos cardiovasculares e atrasar progressão. Como identificar pacientes com redução da Taxa de Filtração Glomerular (TFG) e decidir monitorização e encaminhamento para nefrologia?

1. Triagem e diagnóstico: o que solicitar e interpretar

Na APS, a triagem inicial deve combinar história clínica, exames básicos e avaliação de fatores de risco (hipertensão, Diabetes Mellitus, dislipidemia, história familiar). Solicite:

  • Creatinina sérica e cálculo da TFG (CKD-EPI);
  • Relação albumina/creatinina urinária (ACR) em amostra de urina para avaliar albuminúria (A1: <30 mg/g; A2: 30–300 mg/g; A3: >300 mg/g);
  • Glicemia/HbA1c, perfil lipídico e eletrólitos conforme necessidade.

Classifique o estágio conforme TFG e presença/gravidade da albuminúria. Lembre que a DRC leve abrange estágios 1–3 (TFG geralmente >30 mL/min/1,73 m² e <60 mL/min/1,73 m² para estágio 3), enquanto TFG <30 mL/min/1,73 m² sugere estágios avançados (4–5) e requer avaliação especializada.

Para orientações oficiais e fluxos de cuidado do Ministério da Saúde, consulte as diretrizes nacionais que detalham diagnóstico, condutas e encaminhamentos: linhas de cuidado DRC – referências.

2. Monitorização na APS: quem acompanhar e com qual frequência

Estruture a vigilância segundo risco (TFG e ACR):

  • Pacientes com TFG estável >60 e ACR A1: reavaliar anualmente, sobretudo se houver fatores de risco.
  • TFG 45–59 (estágio 3a) ou ACR A2: monitorização semestral a anual, com repetição de creatinina e ACR conforme variação clínica.
  • TFG 30–44 (estágio 3b) ou ACR A3: acompanhamento mais próximo (3–6 meses) e vigilância de complicações (anemia, distúrbios minerais).

Registre tendências da TFG (declínio anual) e variações na ACR. Uma perda rápida da função renal (por exemplo, >5 mL/min/1,73 m² em 6 meses) exige ação imediata e avaliação de possíveis causas precipitantes.

Material de apoio e protocolos para avaliação e encaminhamento podem ser consultados na página de planejamento terapêutico do Ministério da Saúde: planejamento terapêutico DRC.

3. Manejo na APS: controle de fatores de risco e medidas práticas

Hipertensão arterial

Meta de pressão arterial sugerida: <130/80 mmHg quando tolerada e sem risco de sintomas hipoperfusivos. Priorize bloqueio do sistema renina-angiotensina (IECA ou BRA) quando há albuminúria, salvo contraindicação.

Diabetes Mellitus e glicemia

Objetivo glicêmico usual: HbA1c <7% na maioria dos adultos, ajustando metas conforme comorbidades e risco de hipoglicemia. Otimize terapias com efeito renal protetor quando indicado, em coordenação com as diretrizes locais e especialistas.

Dislipidemia e prevenção cardiovascular

Estatinas são indicadas para redução de risco cardiovascular em pacientes com DRC conforme estratificação de risco; acompanhe lipídios e ajuste terapêutica. Lembre que a DRC aumenta risco cardiovascular global, portanto integração com estratégias de prevenção é essencial.

Medidas não farmacológicas

  • Orientação nutricional (controle de proteínas conforme estágio, redução de sódio);
  • Atividade física regular e controle do peso; consulte recursos sobre nutrição e atividade física no contexto de prevenção cardiometabólica;
  • Intervenção para cessação tabágica e revisão de medicações nefrotóxicas (AINEs, contraste iodado sem indicação, doses acumuladas de certos antimicrobianos).

Para integração da monitorização de diabetes e metas no ambulatório, veja materiais sobre manejo do diabetes na APS: manejo diabetes tipo 2.

4. Indicações de encaminhamento para nefrologia e comunicação

Encaminhe ao especialista quando identificar:

  • TFG <30 mL/min/1,73 m² (estágios 4–5);
  • Perda rápida da função renal (>5 mL/min/1,73 m² em 6 meses) ou tendência acentuada de declínio;
  • Complicações não controladas na APS: anemia refratária, hipercalemia persistente, hiperfosfatemia, hipertensão resistente a três classes;
  • Sinais de doença renal estrutural ou casos que sugerem causas não hipertensivas/diabéticas (proteinúria muito alta, hematuria macro, achados ultrassonográficos importantes).

Uma via de comunicação clara entre APS e nefrologia — com relatório clínico contendo TFG serial, ACR, medicações, histórico e objetivos — garante encaminhamento mais eficiente. A prática de matriz de apoio e plano de cuidados compartilhado melhora aderência e continuidade; recomenda-se acordos locais de referência/contra-referência. Para protocolos e gestão integrada na APS, consulte o guia local sobre gestão da DRC: gestão DRC na APS e o material prático de manejo: manejo DRC – diretrizes.

Fechamento e ações práticas imediatas

Na consulta, priorize três ações simples mas de alto impacto:

  • Solicitar creatinina e ACR em pacientes com fatores de risco (PA alta, diabetes, idade avançada);
  • Rever medicações e iniciar bloqueio RAA se houver albuminúria e indicação, com monitorização de potássio e função renal;
  • Estabelecer plano de seguimento com metas de PA, HbA1c e lípides, e critérios claros para encaminhamento a nefrologia.

Recorra às linhas de cuidado do Ministério da Saúde para embasar fluxos locais e educação continuada da equipe: orientações detalhadas estão disponíveis nas páginas oficiais sobre DRC, planejamento terapêutico e sinais de alerta para agudização: referências, planejamento terapêutico e sinais de alerta e condutas.

Aplicando triagem dirigida, protocolos de monitorização e critérios claros de encaminhamento, a APS pode reduzir progressão da DRC leve e melhorar desfechos cardiovasculares. Integre esses passos ao prontuário e aos fluxos locais para resposta rápida diante de alterações clínicas.

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