Manejo da doença renal crônica: diretrizes e práticas clínicas atuais
A Doença Renal Crônica (DRC) exige diagnóstico precoce, estratificação de risco e manejo individualizado para retardar a progressão, reduzir morbimortalidade cardiovascular e preservar qualidade de vida. Este texto resume as recomendações práticas baseadas em diretrizes recentes, focando em avaliação, intervenções terapêuticas e monitoramento.
Doença renal crônica: definição e avaliação
A DRC é definida por anormalidades na função ou estrutura renal presentes por mais de três meses, tipicamente com taxa de filtração glomerular estimada (TFG) < 60 mL/min/1,73 m² ou evidência de lesão renal (por exemplo, albuminúria). Para referenciação de políticas nacionais e classificação por estágios, consulte as diretrizes do Ministério da Saúde e CONITEC (Documento CONITEC).
TFG e albuminúria: como avaliar
A estimativa da TFG por equações validadas deve ser repetida para confirmar a cronicidade. A albuminúria (razão albumina/creatinina na urina) é essencial para estratificação prognóstica: mesmo TFG preservada com albuminúria aumentada implica maior risco cardiovascular e renal. Revisões recentes sobre monitoramento e seguimento ajudam a definir frequência de exames (estudo de acompanhamento).
Tratamento e intervenções no manejo da doença renal crônica
O manejo é multimodal: controle da pressão arterial, manejo metabólico (glicemia, dislipidemia), redução de proteinúria, correção de distúrbios do metabolismo mineral e ósteo, nutrição e preparação para terapia renal substitutiva quando indicada.
Controle da pressão arterial e proteinúria
Meta pressórica individualizada, geralmente < 130/80 mmHg em pacientes com proteinúria significativa, reduz progressão e eventos cardiovasculares. Inibidores da ECA ou bloqueadores dos receptores da angiotensina II são preferidos para reduzir proteinúria quando não contraindicados. Estratégias de monitorização domiciliar da pressão arterial melhoram o ajuste terapêutico e adesão (monitoramento domiciliar da PA).
Terapias farmacológicas: ECA, BRA e inibidores de SGLT2
Além de ECA/BRAs, inibidores de SGLT2 demonstraram reduzir progressão da DRC e eventos renais e cardiovasculares, inclusive em pacientes sem diabetes. Devem ser considerados conforme indicação e função renal. Para integração com manejo do diabetes e efeitos metabólicos, veja as diretrizes atualizadas sobre manejo do diabetes tipo 2 e uso de SGLT2 (manejo do diabetes e SGLT2).
Intervenções dietéticas e suporte nutricional
Redução moderada da ingestão proteica pode ser útil em estádios avançados sob supervisão nutricional. Controle de sódio, potássio e fósforo é frequentemente necessário. Programas de educação nutricional e apoio multidisciplinar aumentam adesão e resultado clínico.
Abordagem multidisciplinar e causas específicas
Equipe composta por nefrologista, clínico, nutricionista, enfermeiro e, quando necessário, cardiologista, endocrinologista e assistente social garante abordagem integral. Investigar etiologias específicas muda condutas: por exemplo, doença renal policística autossômica dominante demanda seguimento e encaminhamento a centros especializados (doença renal policística: diagnóstico e manejo).
Distúrbios minerais e óseos
Hiperfosfatemia, hipocalcemia e hiperparatireoidismo secundário exigem monitorização e intervenção precoce para reduzir morbidade óssea e cardiovascular.
Monitoramento, triagem e encaminhamento
Pacientes com DRC precisam de acompanhamento periódico da TFG, electrodoméstico da albuminúria, pressão arterial, eletrólitos, hemoglobina e perfil mineral. Identificar progressão rápida (queda acelerada da TFG, aumento da albuminúria) obriga encaminhamento ao nefrologista para avaliação de possível terapia renal substitutiva ou medidas específicas. Diretrizes internacionais recentes, como as atualizações da KDIGO, orientam estratificação de risco e terapêutica (KDIGO e atualizações).
Manejo da doença renal crônica: recomendações práticas
Resumo das ações prioritárias na prática clínica: 1) rastrear TFG e albuminúria em populações de risco; 2) controlar pressão arterial e proteinúria com ECA/BRA e estratégias não farmacológicas; 3) considerar inibidores de SGLT2 quando indicados; 4) corrigir distúrbios minerais e anemia; 5) implementar plano nutricional individualizado; 6) articular cuidado multidisciplinar e encaminhar precocemente ao nefrologista quando houver progressão ou indicação de terapia renal substitutiva.
Para aprofundamento sobre monitoramento e seguimento a partir de evidências disponíveis, recomendamos a leitura de revisões e diretrizes nacionais e internacionais citadas acima. A prática clínica segura alia evidência, acompanhamento contínuo e educação do paciente, garantindo melhores desfechos renais e cardiovasculares.
Links externos citados neste artigo fornecem documentos de referência: CONITEC (diretrizes nacionais), atualizações KDIGO e artigos de revisão com recomendações de monitoramento. Integre essas referências com protocolos locais e decisões compartilhadas com seus pacientes.