Manejo pragmático de infecções respiratórias agudas

Manejo pragmático de infecções respiratórias agudas

Introdução

Como diferenciar um resfriado de risco de uma pneumonia? Quais sinais exigem intervenção imediata na atenção primária? As infecções respiratórias agudas (IRAs) são frequentes e representam desafio diagnóstico e terapêutico no consultório. Um manejo racional reduz hospitalizações, evita uso inadequado de antimicrobianos e previne complicações em crianças e adultos.

Diagnóstico na atenção primária

Avaliação clínica e sinais de gravidade

O diagnóstico baseia-se sobretudo na anamnese e exame físico: febre, tosse, secreção nasal, taquipneia e trabalho respiratório. Identificar sinais de alarme (tiragem, saturação baixa, cianose, recusa de alimentação em lactentes) é essencial para decidir encaminhamento. A sensibilidade clínica para diagnosticar pneumonia pode ser limitada, o que reforça a necessidade de protocolos e treinamento contínuo para profissionais.

Diferenciar etiologia viral x bacteriana

Na maioria dos casos, as IRAs têm etiologia viral. A distinção clínica é nem sempre óbvia; critérios que sugerem infecção bacteriana incluem febre alta persistente, melhora inicial seguida de piora, foco otoscópico ou exsudato faríngeo compatível com indicação de antibiótico. Exames point-of-care (quando disponíveis) e ferramentas clínicas ajudam, mas a decisão deve priorizar segurança e prevenção de uso desnecessário de antibióticos.

Tratamento e prescrição racional

Princípios gerais

  • Tratamento sintomático inicial (hidratação, antitérmicos conforme peso/idade, higienização nasal em lactentes).
  • Evitar prescrição de antibióticos em quadros provavelmente virais; orientar retorno em caso de piora.
  • Reservar antimicrobianos para casos com indicação clara de infecção bacteriana ou quando há risco aumentado de complicações.

Estudos mostram prescrição inadequada de antibióticos em porcentagens relevantes; por exemplo, uma avaliação identificou antibióticos prescritos indevidamente em 8,9% dos atendimentos por IRA. Estratégias de stewardship e educação clínica reduziriam esse percentual.

Protocolos e segurança na prescrição

Quando houver indicação, escolha droga, dose e duração baseadas em diretrizes locais e perfil de risco do paciente. Documente critério clínico ou exame que motivou a prescrição. Para suporte prático, considere materiais sobre uso racional de antibióticos em infecções respiratórias e prescrição segura no ambulatório para casos de maior complexidade.

Prevenção de doenças e educação em saúde

Medidas efetivas

  • Vacinação conforme calendário nacional: reduzir a incidência de doenças respiratórias graves e suas complicações.
  • Promoção do aleitamento materno como proteção para lactentes.
  • Higiene respiratória, redução de exposição ao tabaco e ambientes superlotados.

Programas integrados de atenção à infância, como a Estratégia AIDPI, demonstram impacto positivo na redução de IRAs ao unir promoção, prevenção e capacitação de equipes. Para estratégias de comunicação e adesão, recursos sobre educação terapêutica e adesão podem ser adaptados para intervenções com pais e cuidadores.

Manejo de complicações e encaminhamentos

Complicações comuns

Sem diagnóstico e tratamento adequados, as IRAs podem evoluir para pneumonia, bronquiolite ou otite média aguda. Identificar precoce sinais de complicação — Taquipneia persistente, dessaturação, intolerância alimentar, letargia — determina necessidade de estabilização e possível encaminhamento hospitalar.

Quando encaminhar ou solicitar exames

  • Encaminhar para unidade de maior complexidade se houver sinais de insuficiência respiratória, instabilidade hemodinâmica ou suspeita de pneumonia grave.
  • Solicitar exames laboratoriais ou radiografia conforme gravidade e dúvida diagnóstica — lembre-se que nem sempre radiografia é necessária em casos leves na atenção primária.
  • Organize retorno ou acompanhamento telefônico para pacientes monitorarem evolução e reduzirem reconsultas desnecessárias.

Recursos e evidências

Para fundamentar práticas e protocolos locais, consulte documentos e estudos de referência: um estudo avaliou manejo de IRAs em unidades do Rio de Janeiro e discussões sobre prescrição de antimicrobianos (Cadernos de Saúde Pública); análises sobre políticas de promoção e prevenção na infância estão disponíveis no repositório da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM); e materiais técnicos para médicos em locais de menor complexidade são oferecidos pela Organização Pan‑Americana da Saúde (PAHO/WHO).

Fechamento prático

Na rotina da atenção primária, priorize uma avaliação clínica estruturada, identifique sinais de gravidade, evite a prescrição indiscriminada de antibióticos e invista em educação em saúde para cuidadores. Use protocolos locais e recursos de capacitação para melhorar a acurácia diagnóstica e a segurança do tratamento. Para aprofundar práticas e ferramentas aplicáveis no consultório, revisite materiais sobre manejo inicial de infecção respiratória e manejo de infecções respiratórias agudas em adultos do nosso acervo.

Pontos práticos para levar:

  • Estruture a avaliação: história, sinais vitais e exame direcionado.
  • Prefira manejo sintomático e vigilância em quadros prováveis virais.
  • Prescreva antibióticos apenas com critério claro e registre justificativa.
  • Promova vacinação, aleitamento e educação para redução de risco e reconsulta.

* Alguns de nossos conteúdos podem ter sido escritos ou revisados por IA. Fotos por Pexels ou Unsplash.