Manejo inicial da infecção respiratória aguda em adultos sem complicações
Infecções respiratórias agudas (IRAs) são causas frequentes de consulta na atenção primária. A grande maioria dos casos em adultos é autolimitada e requer abordagem sintomática; identificar sinais de gravidade ou suspeita de pneumonia bacteriana é a chave para reduzir morbidade e uso inadequado de antibióticos.
Infecção respiratória aguda: definição e classificação
IRAs são sintomas respiratórios que surgem em dias a semanas. Na prática clínica, classificamos em:
- Vias aéreas superiores: rinofaringite, faringite, sinusite, otite média;
- Vias aéreas inferiores: bronquite aguda e pneumonia.
Essa diferenciação orienta a conduta diagnóstica e terapêutica, incluindo quando solicitar exames complementares.
Diagnóstico: avaliação clínica e exames complementares
A avaliação começa pela história (duração da tosse, febre, expectoração, dispneia) e exame físico (sinais de desconforto respiratório, crepitações, roncos). Indicações para exames:
- Radiografia de tórax: indicar quando há suspeita de pneumonia (taquipneia, febre persistente, crepitações focalizadas, hipóxia).
- Hemograma: útil quando há dúvida diagnóstica ou sinais de sepse;
- Testes rápidos para influenza e SARS‑CoV‑2: considerar em períodos de circulação ativa ou quando a confirmação altera conduta. Para abordagens rápidas e point‑of‑care, veja recomendações sobre testes rápidos em atenção primária (testes point‑of‑care).
Pneumonia: quando suspeitar
Sinais que aumentam a probabilidade de pneumonia incluem febre alta, tosse produtiva, sopro de ar focalizado ao exame e taquipneia. Nestes casos, a radiografia de tórax é o exame inicial indicado.
Manejo: tratamento sintomático e critérios para antibioticoterapia
Na maioria das IRAs não complicadas o tratamento é de suporte: hidratação, antipiréticos (paracetamol ou AINEs conforme indicação), medidas locais (lavados nasais, descongestionantes por curto período) e orientação quanto a sinais de alarme.
Antibioticoterapia
Os antibióticos são indicados quando há suspeita razoável de infecção bacteriana secundária (sinusite bacteriana, faringite por Streptococcus pyogenes confirmada por teste rápido ou pneumonia). Critérios para iniciar terapia incluem evolução clínica (piora após 5–7 dias), febre persistente ou achados radiológicos que sugiram pneumonia.
Quando necessário, a escolha do antibiótico deve seguir a epidemiologia local e protocolos clínicos. Para orientações de dose e indicações de amoxicilina‑clavulanato em infecções do trato respiratório, consulte a revisão prática disponível no site (posologia de amoxicilina‑clavulanato).
Pneumonia: manejo inicial em ambulatório
Pacientes com suspeita de pneumonia sem sinais de gravidade podem ser tratados empiricamente em ambulatório com acompanhamento rigoroso. Critérios de encaminhamento para atendimento hospitalar incluem hipoxemia (SpO2 < 92% em ar ambiente), taquipneia marcada, confusão mental, hipotensão ou comorbidades descompensadas.
Prevenção: vacinação e medidas não farmacológicas
A prevenção reduz internações e complicações. Recomende vacinação contra influenza e pneumococo nos grupos indicados, além de medidas simples como higiene das mãos, etiqueta respiratória e evitar contato com pessoas sintomáticas. Programas de educação em atenção primária facilitam adesão vacinal e autocuidado; para orientações sobre faringite e manejo das vias aéreas superiores, veja as diretrizes locais (diretrizes sobre faringoamigdalite).
Interpretação de orientações e protocolos — fontes e atualizações
Para padronizar a conduta, utilize protocolos baseados em evidências. O capítulo sobre infecções de trato respiratório em textos de Medicina Ambulatorial traz revisões úteis (Medicina Ambulatorial, Access), e protocolos institucionais do Hospital das Clínicas oferecem fluxos práticos para triagem e manejo (protocolos HC‑USP). Para material de orientação ao paciente em linguagem acessível, o manual do IGESDF contém recomendações úteis (manual IGESDF).
Resumo prático: abordagem inicial da infecção respiratória aguda
- Classifique como via aérea superior vs inferior e avalie sinais de gravidade;
- Na ausência de sinais de alarme, tratamento sintomático e orientação; reavaliação em 48–72 horas se houver piora;
- Solicite radiografia de tórax e epidemiologia laboratorial quando houver suspeita de pneumonia;
- Reserve antibioticoterapia para suspeita ou confirmação de infecção bacteriana; siga protocolos locais e critérios clínicos;
- Incentive vacinação e medidas não farmacológicas para prevenção.
Em caso de dúvidas complexas ou pacientes com múltiplas comorbidades, encaminhe para avaliação especializada ou siga protocolos institucionais. Para material complementar sobre manejo de otites e outras infecções do trato respiratório superior, os protocolos disponíveis no nosso site podem ajudar na tomada de decisão clínica.
Fontes selecionadas: literatura de Medicina Ambulatorial (Access), protocolos institucionais (HC‑USP), material educativo para pacientes (IGESDF) e protocolo sobre manejo domiciliar de influenza (RMMG).