Manejo racional de infecções respiratórias adultas

Manejo racional de infecções respiratórias adultas

Profissionais de saúde: como otimizar diagnóstico, tratar sem excessos e reduzir resistência? As infecções respiratórias agudas continuam sendo motivo frequente de consulta; a maioria é viral, e o uso inadequado de antibióticos impulsiona a resistência antimicrobiana. Este texto reúne orientações práticas e referenciais para o manejo clínico integrado, com foco no uso racional de antibióticos e nos cuidados de suporte.

Diagnóstico preciso

Avaliação clínica inicial e sinais de gravidade

História detalhada e exame físico permanecem centrais: início e evolução dos sintomas, presença de febre alta persistente, taquipneia, hipotensão, confusão mental, dessaturação ou comorbidades (doença cardíaca, DPOC, imunossupressão). Identificar sinais de gravidade determina se o manejo será ambulatorial, com observação ou hospitalar.

Exames complementares: quando e quais pedir

Use exames de forma dirigida: radiografia de tórax quando suspeita de pneumonia adquirida na comunidade ou quando há piora clínica; PCR/antígeno para vírus respiratórios em surtos ou quando o resultado altera conduta; testes point-of-care como proteína C-reativa podem auxiliar na decisão de antibiótico em contextos selecionados. Para abordagem prática no nível primário, veja o material sobre manejo inicial: manejo inicial da infecção respiratória em adultos.

Critérios para uso racional de antibióticos

Indicações baseadas no diagnóstico

  • Faringoamigdalite: antimicrobiano apenas com teste rápido positivo para estreptococo ou critérios clínicos que justifiquem (centor modificado). Diretrizes específicas para faringoamigdalite orientam condutas.
  • Sinusite aguda: considerar antibiótico quando há sintomas severos, sinais de complicação ou persistência além de 10 dias com piora; muitas são virais.
  • Bronquite aguda: quase sempre viral em adultos saudáveis — evitar antibiótico salvo complicação ou história de doença pulmonar crônica com risco de infecção bacteriana.
  • Pneumonia adquirida na comunidade: antibiótico indicado; escolha e via dependem da gravidade, comorbidades e resistência local. As diretrizes brasileiras sobre pneumonia fornecem referência para seleção terapêutica e estratificação de risco (Diretrizes 2009).

Duração, reavaliação e stewardship

Prescrever a menor duração efetiva (por exemplo, 5 dias para pneumonia não complicada com boa resposta clínica) e agendar reavaliação. Reavalie paciente com falta de melhora em 48–72 horas. Integre princípios de antimicrobial stewardship: prescrição criteriosa baseada em diagnóstico, revisão de terapia com dados clínicos e microbiológicos e preferência por agentes de espectro mais restrito quando possível.

Recursos práticos sobre prescrição responsável e uso racional estão disponíveis no portal do blog: uso racional de antibióticos em infecções respiratórias e prescrição responsável de antibióticos na atenção primária.

Cuidados de suporte que realmente importam

Manejo sintomático e suporte respiratório

  • Hidratação e reposição de eletrólitos quando necessário.
  • Controle de febre com antipiréticos conforme desconforto ou risco (paracetamol ou AINEs, se não contraindicados).
  • Oxigenoterapia em casos de dessaturação (SpO2 < 92% em adultos não hipercápnicos) e monitorização de sinais vitais.
  • Broncodilatadores e corticoterapia inhalada apenas quando indicados (exacerbação de asma/DPOC).

Cuidados de suporte reduzem tempo de sintomas e podem diminuir a pressão para uso de antimicrobianos desnecessários. Material de apoio para prática na atenção primária aborda aspectos pragmáticos: abordagem racional das infecções respiratórias agudas.

Sinais de alarme e encaminhamento

Encaminhar para emergência ou internamento se houver sinais de insuficiência respiratória, instabilidade hemodinâmica, confusão nova, queda significativa da saturação ou suspeita de sepse. Protocolos de sepse agilizam reconhecimento e ações iniciais, acessíveis para equipes que precisam padronizar resposta rápida.

Prevenção da resistência e alinhamento com diretrizes clínicas

Estratégias clínicas e organizacionais

Combinar medidas: prescrição adequada (espectro e duração), vigilância local das taxas de resistência, protocolos institucionais, feedback aos prescritores e educação contínua. Cursos e materiais sobre manejo em era da multirresistência ajudam equipes a implementar mudanças práticas (curso sobre multirresistência).

Comunicação com o paciente

Explique por que o antibiótico não é indicado (quando for o caso), informe sinais de piora que exigem retorno e oriente medidas de suporte domiciliar. Educação reduz expectativas por prescrição e melhora adesão a condutas não farmacológicas.

Referências e diretrizes para consulta

Além das diretrizes brasileiras sobre pneumonia, recomenda-se consulta a revisões sobre uso racional de antimicrobianos para fundamentar protocolos locais (ex.: discussão prática disponível em artigo especializado: uso racional de antimicrobianos em IVAS).

Fechamento: recomendações práticas e próximos passos

  • Priorize diagnóstico clínico rigoroso e provas complementares dirigidas para distinguir infecção viral de bacteriana.
  • Prescreva antibióticos apenas quando houver indicação clara; prefira agentes de espectro reduzido quando adequados e estabeleça prazo de revisão.
  • Implemente e use ferramentas de stewardship no serviço (protocolos, auditoria e feedback). Veja recursos sobre stewardship para prática clínica: uso racional e stewardship.
  • Garanta cuidados de suporte eficientes (hidratação, controle da febre, oxigênio quando necessário) e oriente pacientes para retorno em caso de piora.

Para aprofundar a prática, consulte as diretrizes clínicas relevantes e materiais de atualização locais; guias e cursos referenciados aqui oferecem bases para padronização e educação de equipes. Links úteis: Diretrizes de pneumonia (2009) em BVS/Pneumologia, artigo prático sobre uso racional de antimicrobianos e curso sobre multirresistência (SECaD/Artmed, RedeMC).

Leve para sua prática: diagnosticar com precisão, tratar com critério e apoiar com medidas não farmacológicas — esse equilíbrio protege o paciente hoje e preserva antimicrobianos para o futuro.

* Alguns de nossos conteúdos podem ter sido escritos ou revisados por IA. Fotos por Pexels ou Unsplash.