Abordagem racional das infecções respiratórias agudas na atenção primária

Abordagem racional das infecções respiratórias agudas na atenção primária

As infecções respiratórias agudas (IRAs) são causas frequentes de atendimento na atenção primária e variam desde quadros virais autolimitados até pneumonias bacterianas que exigem tratamento e acompanhamento. Este texto traz uma abordagem prática e baseada em recomendações para diagnóstico, conduta terapêutica e prevenção, com foco na antibioticoterapia racional e na redução da resistência bacteriana.

Infecções respiratórias agudas: classificação rápida

Na prática clínica, é útil classificar as IRAs em dois grupos para orientar conduta:

  • Trato respiratório superior: rinofaringite, faringoamigdalite, sinusite aguda e otite média aguda — esta última com orientação específica nas diretrizes sobre otite média aguda.
  • Trato respiratório inferior: bronquite aguda, bronquiolite (em crianças) e pneumonia, sendo a pneumonia a principal indicação de antibioticoterapia dirigida.

Diagnóstico clínico e sinais de gravidade

O diagnóstico fundamenta-se em história e exame físico. Sinais que aumentam a probabilidade de infecção bacteriana ou de complicação e que justificam investigação ou tratamento mais agressivo incluem:

Sinais de alerta e quando encaminhar

  • Dispneia, taquipneia ou dessaturação;
  • Febre alta persistente ou prostração intensa;
  • Sinais de insuficiência respiratória (tiragem, gemência, cianose);
  • Alteração do nível de consciência;
  • Persistência de dor otológica intensa ou secreção purulenta na otite média.

Exames complementares (radiografia de tórax, hemograma, CRP, cultura ou testes moleculares nas formas selecionadas) devem ser solicitados conforme gravidade e disponibilidade local. Para revisão de condutas ambulatoriais e critérios diagnósticos, recomenda-se leitura complementar em referências clínicas nacionais e internacionais, como as revisões sobre pneumonia adquirida na comunidade em pediatria e adultos (pediatria 2007 e adultos 2009).

Antibioticoterapia racional nas infecções respiratórias agudas

Decidir pelo uso de antibiótico exige avaliação cuidadosa da probabilidade de infecção bacteriana e da presença de fatores de risco para complicações. A antibioticoterapia racional busca eficácia clínica com menor impacto na seleção de resistência.

Escolha do antimicrobiano e duração

  • Amoxicilina continua sendo a primeira opção para muitas infecções respiratórias bacterianas leves a moderadas; é eficaz contra Streptococcus pneumoniae e outros patógenos comuns.
  • Amoxicilina com clavulanato é indicada em falha terapêutica, sinais de gravidade ou suspeita de β-lactamase produtora; posologia e indicações detalhadas podem ser consultadas em orientações sobre amoxicilina com clavulanato.
  • Macrolídeos ou fluoroquinolonas são alternativas para alergia a β-lactâmicos ou suspeita de patógenos atípicos, mas devem ser usados com critério devido a efeitos adversos e impacto na resistência.

Em geral, a duração costuma variar de 5 a 10 dias conforme etiologia e resposta clínica; terapias mais curtas (5 dias) podem ser equivalentes nos casos não complicados de pneumonia leve, desde que haja melhora clínica e afebrilidade.

Para protocolos práticos de prescrição responsável e estratégias de redução do uso inadequado de antibióticos, veja materiais sobre antibioticoterapia em faringoamigdalite, que podem ser adaptados a outras IRAs.

Prevenção: vacinação e medidas não farmacológicas

A prevenção reduz internações e complicações. Principais medidas:

  • Vacinação contra influenza e pneumococo para grupos de risco, além de incentivar aleitamento materno e restrição do tabagismo no domicílio;
  • Higiene das mãos e etiqueta respiratória para limitar transmissão viral e bacteriana;
  • Educação do paciente sobre sinais de piora e quando procurar atendimento — elemento-chave para reduzir uso desnecessário de antibióticos e evitar atrasos no tratamento de pneumonias.

Orientações atualizadas sobre prevenção e estratégias de vacinação podem ser complementadas por revisões nacionais e manuais de atenção primária, como os documentos de base clínica disponíveis em portais acadêmicos (NESCON – infecções agudas das vias aéreas superiores).

Resumo prático para atendimento na atenção primária

  • Avalie história e exame físico com foco em sinais de gravidade; priorize identificação de pneumonia e otite média, condições que podem requerer antibioticoterapia.
  • Use amoxicilina como primeira linha quando indicado; reserve amoxicilina/clavulanato e macrolídeos para situações específicas.
  • Individualize duração do tratamento; reavalie em 48–72 horas e eduque o paciente sobre sinais de alerta.
  • Implemente medidas preventivas: vacinação, higiene e controle ambiental para reduzir transmissibilidade.

Para leitura complementar sobre princípios de manejo ambulatorial e diretrizes terapêuticas, consulte artigos e protocolos clínicos validados, que ajudam a alinhar práticas locais com evidência disponível e reduzir a resistência bacteriana associada ao uso inadequado de antimicrobianos.

Links internos selecionados: diretrizes sobre otite média aguda, orientações de posologia para amoxicilina com clavulanato e protocolos de antibioticoterapia em faringoamigdalite, todos disponíveis no acervo do blog.

Fontes externas citadas ao longo do texto fornecem bases para recomendações e estão disponíveis nos portais científicos mencionados.

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