Manejo da tosse crônica em adultos na prática clínica

Manejo da tosse crônica em adultos na prática clínica

A tosse que persiste por mais de oito semanas é motivo de investigação na prática ambulatorial. Para o clínico, identificar a causa — seja asma, doença do refluxo gastroesofágico, síndrome da tosse das vias aéreas superiores ou efeito medicamentoso — é essencial para direcionar o tratamento e melhorar a qualidade de vida do paciente.

Principais causas da tosse crônica

Asma

A tosse pode ser a manifestação isolada de asma, sobretudo em adultos não tabagistas e em apresentações com hiperresponsividade brônquica. A espirometria com prova broncodilatadora e, quando indicado, a monitorização do pico de fluxo ou testes de provocação são ferramentas diagnósticas importantes. Para abordagem clínica e ajuste terapêutico, recomenda-se considerar as diretrizes atuais da GINA e as revisões publicadas sobre asma em adultos (referência clínica).

Doença do refluxo gastroesofágico (DRGE)

O refluxo ácido ou não ácido pode provocar irritação laríngea e tosse crônica. A suspeita surge com sintomas associados (pirose, regurgitação) ou ao identificar factores agravantes (refeições noturnas, obesidade). Em casos selecionados, avaliar resposta a inibidores da bomba de prótons e orientar modificações de estilo de vida é suficiente; em outros, pode ser necessário investigação por pHmetria ou endoscopia.

Síndrome da tosse das vias aéreas superiores (STVAS) e tosse pós-nasal

Secreção nasal posterior e sensação de gotejamento são frequentemente subdiagnosticadas. A história dirigida e o exame otorrinolaringológico ajudam no diagnóstico; o manejo pode incluir sprays nasais com corticosteroide tópico e medidas para controle de rinite alérgica ou não alérgica.

Doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)

Em fumantes ou ex-fumantes com tosse crônica e produção de escarro é imprescindível realizar espirometria para confirmar obstrução ao fluxo aéreo e orientar terapêutica com broncodilatadores e intervenções para cessação do tabagismo (evidência clínica).

Tosse induzida por medicamentos: IECA

Inibidores da enzima conversora de angiotensina podem provocar tosse seca persistente. Na suspeita, avaliar a possibilidade de troca por outra classe antihipertensiva e verificar resolução do sintoma após suspensão orientada pelo cardiologista ou médico assistente.

Avaliação diagnóstica

Anamnese e exame físico direcionados

Investigar duração, características (seca versus produtiva), fatores desencadeantes, presença de sintomas otorrinolaringológicos, digestivos ou respiratórios e uso de medicamentos. Exame físico completo com atenção à ausculta pulmonar e sinais de insuficiência respiratória.

Exames complementares

Espirometria é exame-base quando se suspeita de asma ou DPOC. Radiografia de tórax ajuda a excluir patologias estruturais; tomografia e broncoscopia são reservadas para sinais ou suspeitas específicas. Em infecções ou suspeita de etiologia bacteriana, seguir princípios de uso racional de antimicrobianos e protocolos locais (uso racional de antibióticos).

Manejo terapêutico dirigido à causa

Tratamento da asma

Corticosteroides inalatórios e broncodilatadores conforme gravidade e controle. Educação sobre técnica inalatória e adesão são pilares do tratamento; quando houver comorbidades, seguir orientações atuais das diretrizes (diretrizes GINA).

Abordagem do refluxo

Medidas posturais e dietéticas, redução do peso quando indicado e uso de inibidores da bomba de prótons em regime testado por semanas. Encaminhar para gastroenterologia se sinais de alarme ou falha terapêutica.

STVAS e tratamento otorrinolaringológico

Corticosteroides nasais tópicos, antialérgicos quando indicado e educação sobre higiene nasal. A fonoaudiologia pode auxiliar em pacientes com tosse persistente de origem funcional ou hipersensibilidade de vias aéreas superiores (papel da fonoaudiologia).

Intervenções gerais

Cessação do tabagismo, revisão de medicações (especialmente IECA) e reavaliação periódica. Em tosse refratária, considerar encaminhamento para pneumologia ou otorrinolaringologia e investigar causas menos comuns (tosses crônicas neurológicas, causas cardíacas ou uso de fármacos).

Gestão prática no consultório

Adotar um protocolo sistemático reduz o tempo até o diagnóstico: anamnese dirigida, espirometria inicial, radiografia de tórax quando indicado e teste terapêutico orientado. Para pacientes com quadro infeccioso agudo que evolui para crônico, integrar recomendações sobre manejo inicial de infecções respiratórias (manejo inicial de infecções respiratórias) e aplicar princípios de stewardship. Para atualização de diretrizes e abordagens diagnósticas, consultar revisões e bases de prática clínica (recomendações práticas; revisão diagnóstica).

Orientações práticas para tosse crônica

Explique ao paciente a hipótese diagnóstica, o plano de investigação e o tratamento inicial. Reforce adesão, técnica inalatória quando aplicável, medidas comportamentais (evitar gatilhos, alimentação noturna) e retorno programado. Encaminhe precocemente se houver falha terapêutica, hemoptise, perda ponderal inexplicada ou sinais de doença sistêmica.

Este texto visa orientar a prática clínica com base em evidências e diretrizes reconhecidas. Para aprofundar o manejo integrado de doenças respiratórias e uso racional de recursos, consulte as referências citadas e os materiais disponíveis na plataforma clínica interna (uso racional de antibióticos; diretrizes GINA; manejo inicial de infecções respiratórias).

* Alguns de nossos conteúdos podem ter sido escritos ou revisados por IA. Fotos por Pexels ou Unsplash.