Probióticos na prevenção de infecções urinárias em adultos

Probióticos na prevenção de infecções urinárias em adultos

Infecções do trato urinário (ITUs) são frequentes e, quando recorrentes, impactam qualidade de vida e aumentam o uso de antibióticos. O uso de probióticos tem sido estudado como estratégia complementar para reduzir a colonização por patógenos, modular a resposta imune e manter a flora vaginal saudável. Este texto resume mecanismos, evidências e orientações práticas para pacientes e profissionais de saúde.

O que são ITUs e fatores de risco

As ITUs podem envolver uretra, bexiga (cistite) e, em casos mais graves, rins (pielonefrite). Sintomas comuns incluem disúria, polaquiúria, urgência urinária e urina turva ou com odor forte. Fatores de risco incluem anatomia feminina, atividade sexual, uso de diafragma, alterações hormonais, higiene íntima inadequada e história de recorrência.

Flora vaginal e Lactobacillus

A flora vaginal dominada por lactobacilos protege contra colonização por uropatógenos. Cepas como Lactobacillus rhamnosus e Lactobacillus reuteri competem por adesão às células epiteliais, produzem ácido láctico e outras substâncias antimicrobianas, e ajudam a manter pH ácido, desfavorável a Escherichia coli e outros patógenos. Revisões e artigos introdutórios descrevem esses mecanismos e potenciais benefícios clínicos (Acibadem Healthpoint).

Mecanismos de ação dos probióticos

  • Competição por sítios de adesão no epitélio urogenital.
  • Produção de ácidos orgânicos (redução do pH) e bacteriocinas.
  • Estimulação da imunidade local (IgA secretora) e modulacão da inflamação.

Evidências clínicas: prevenção de recorrência

Estudos clínicos e revisões sistemáticas mostram resultados heterogêneos. Em populações específicas — por exemplo, pacientes com disfunção vesical pós-lesão neurológica — a revisão Cochrane aponta qualidade limitada das evidências, tornando os benefícios incertos (Cochrane).

Em mulheres com cistite de repetição, algumas séries e ensaios pequenos sugerem redução da recorrência quando cepas específicas de Lactobacillus são administradas, mas resultados variam conforme a cepa, a via de administração (oral ou intravaginal) e a dose. Protocolos clássicos de prevenção que incluem profilaxia antimicrobiana também mostram redução de recorrência, porém vêm com riscos de seleção de resistência (FEBRASGO).

Recomendações práticas para uso de probióticos

  • Prefira produtos que identifiquem claramente as cepas (por ex., L. rhamnosus, L. reuteri) e indiquem concentração por dose. A qualidade e viabilidade são essenciais (Darwyn Health).
  • Seguir a posologia recomendada pelo fabricante ou orientada por profissional de saúde; muitas intervenções testadas usam doses da ordem de 10^8–10^10 UFC/dose.
  • Via de administração: estudos testaram vias oral e intravaginal; escolha deve considerar evidências específicas da cepa e aceitabilidade do paciente.
  • Armazenamento conforme rótulo (algumas formulações refrigeradas mantêm melhor viabilidade).

Integração com outras medidas preventivas

Probióticos devem ser parte de uma estratégia integrada. Medidas comprovadas incluem hidratação adequada, esvaziamento vesical regular (urinar após relação sexual) e higiene íntima correta (limpar-se de frente para trás). Orientações práticas para prevenção e manejo de ITUs em mulheres podem ser consultadas no nosso artigo sobre infecções do trato urinário em mulheres e no protocolo de manejo em atenção primária.

Em episódios agudos, o tratamento com antibióticos deve seguir critérios clínicos e testes de sensibilidade. Para reduzir risco de resistência, é importante aplicar princípios de uso racional de antibióticos e considerar estratégias não-antimicrobianas complementares quando apropriado.

Indicações para encaminhamento e investigação

Consulte um urologista ou ginecologista quando houver sinais de pielonefrite, recorrência (por exemplo, ≥3 episódios/ano), suspeita de anomalia do trato urinário, sintomas persistentes mesmo após tratamento adequado, ou quando houver sangue macroscópico na urina. Avaliações adicionais podem incluir urocultura, imagem renal e investigação de fatores predisponentes (diabetes, anormalidades anatômicas).

Síntese prática

Probióticos com cepas específicas de Lactobacillus mostram mecanismo biológico plausível para reduzir colonização por uropatógenos e podem ajudar a diminuir recorrência em alguns grupos, mas as evidências ainda são heterogêneas. Recomenda-se:

  • Avaliação clínica individualizada antes de iniciar probióticos como estratégia preventiva.
  • Escolher produtos de qualidade com cepas e doses comprovadas, quando disponíveis.
  • Manter medidas simples de prevenção (hidratação, esvaziamento vesical, higiene íntima) e seguir boas práticas de prescrição de antibióticos.
  • Encaminhar para avaliação especializada em casos de recorrência ou complicação.

Para pacientes e profissionais que desejam aprofundar a prevenção não farmacológica e o manejo integrado de infecções, há recursos complementares e revisões acessíveis, como orientações gerais sobre prevenção de ITU (Physalis Health) e revisões sistemáticas sobre probióticos na prevenção de ITU (Cochrane).

Em resumo: probióticos são uma opção complementar com potencial benefício, especialmente quando usados como parte de uma abordagem multifatorial. A decisão de uso deve considerar evidências disponíveis, perfil do paciente e orientação clínica.

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