Rastreamento e manejo do diabetes tipo 2 na atenção primária
O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) é uma condição crônica de alta prevalência que exige ação sistemática na atenção primária à saúde (APS). A detecção precoce e o manejo integrado reduzem complicações micro e macrovasculares, melhoram a qualidade de vida e diminuem custos para o sistema de saúde. No Brasil, estimativas recentes mostram prevalência relevante na população adulta e lacunas no diagnóstico precoce (Fonte epidemiológica).
Diabetes tipo 2: rastreamento na atenção primária
O rastreamento deve priorizar indivíduos com fatores de risco: idade ≥45 anos, obesidade, sedentarismo, história familiar positiva, hipertensão arterial, dislipidemia ou síndrome metabólica. As diretrizes nacionais e consensos recomendam rastrear em consultório por meio de glicemia de jejum, HbA1c ou teste oral de tolerância quando indicado (Diretrizes SBD).
Métodos de diagnóstico de diabetes tipo 2
- Glicemia de jejum ≥126 mg/dL em duas amostras separadas.
- HbA1c ≥6,5% (considerar limitações: alterações hemáticas, hemoglobinopatias).
- Teste oral de tolerância à glicose (75 g): glicemia de 2 horas ≥200 mg/dL.
Para triagem de risco e periodicidade, avalie fatores individuais: pacientes com múltiplos fatores de risco devem ser reavaliados anualmente; outros, a cada 2–3 anos (revisão de rastreamento).
Manejo do diabetes tipo 2 na atenção primária
O manejo é multidimensional: educação em saúde, intervenção nutricional, atividade física, controle de peso, farmacoterapia quando necessária e monitoramento de metas. A APS é o local ideal para implementar e coordenar essas ações.
Abordagem não farmacológica do diabetes tipo 2
- Educação em saúde: promover letramento em diabetes, autocuidado, uso de monitores glicêmicos quando indicado e plano de ação para hipoglicemia.
- Alimentação e nutrição: dieta rica em fibras, redução de açúcares simples e gorduras saturadas; orientação nutricional individualizada.
- Exercício: pelo menos 150 minutos/semana de atividade aeróbica moderada, associada a treinamento de resistência.
- Controle de peso: estratégias comportamentais e, quando indicado, encaminhamento para manejo especializado.
Recursos práticos e linhas de cuidado podem ser consultados em atualização de manejo clínico (diretrizes locais de manejo).
Tratamento farmacológico e metas
A metformina permanece como primeira linha, salvo contraindicação. A intensificação terapêutica deve considerar risco cardiovascular, fragilidade, função renal e preferências do paciente. Inibidores de SGLT2 e agonistas de GLP-1 trazem benefícios cardiovasculares e renais em diversos estudos, mas a disponibilidade no SUS e o custo devem ser ponderados. Para metas gerais, HbA1c <7% é alvo razoável para muitos adultos; individualize em idosos, doença avançada ou risco de hipoglicemia.
Para orientação prática sobre metas e estratégias de controle glicêmico, veja material complementar em: controle glicêmico na APS.
Monitoramento e prevenção de complicações
- Monitoramento glicêmico: HbA1c a cada 3 meses até estabilização, depois a cada 6 meses se estável.
- Avaliação cardiovascular: controle de pressão arterial, perfil lipídico e antiplaquetários quando indicados.
- Rastreio de nefropatia: microalbuminúria anual e avaliação da taxa de filtração glomerular (TFG); considerar encaminhamento conforme evolução (detecção precoce da doença renal crônica).
- Rastreamento de retinopatia: exame de fundo de olho anual ou conforme orientação oftalmológica.
- Exame dos pés: avaliar sensibilidade e risco de úlcera anualmente e sempre que houver perda sensorial ou presença de feridas.
Estratégias de vigilância e prevenção de complicações foram revisadas em literatura nacional (revisão sobre complicações).
Impactos psicossociais e adesão ao tratamento
O diabetes afeta aspectos emocionais, trabalho, sono e relacionamentos. Avaliar depressão, ansiedade e barreiras socioeconômicas é parte do cuidado. Intervenções de suporte psicossocial, grupos de educação e estratégias para melhorar adesão terapêutica reduzem falhas no controle e hospitalizações (estudos sobre impacto psicossocial).
Para implementação prática de programas de acompanhamento, protocolos e fluxo de encaminhamento, utilize recursos locais atualizados (guia clínico).
Controle do diabetes tipo 2 na APS: mensagem final
A APS deve liderar o rastreamento ativo, o manejo integrado e o monitoramento contínuo do diabetes tipo 2. Priorize identificação de fatores de risco, metas individualizadas de HbA1c e intervenções que unam educação, mudanças de estilo de vida e farmacoterapia apropriada. O trabalho em rede com serviços de nefrologia, oftalmologia, podologia e saúde mental e o uso de protocolos locais e evidências internacionais fortalecem o cuidado (ver orientação SBD e materiais de apoio clínico revisão prática).
Links internos úteis (exemplos de aplicação na prática): manejo clínico atualizado, estratégias de controle glicêmico e avaliação renal na APS.
Fontes e documentos de referência externa ajudam a embasar decisões: artigo epidemiológico (PMC), diretrizes nacionais (SBD) e revisões práticas (revisão clínica).