Triagem funcional para risco de queda em idosos

Triagem funcional para risco de queda em idosos

Introdução

Quedas em idosos são uma das principais causas de perda de independência, lesões e hospitalizações. Profissionais de saúde: você faz a avaliação funcional rotineira dos pacientes idosos para identificar risco de queda? Uma triagem simples no consultório pode detectar perda de mobilidade, fraqueza nos membros inferiores e dificuldades nas atividades diárias antes que ocorram eventos adversos.

A quem se destina esta triagem

Pacientes com 65 anos ou mais, histórico de queda, queixas de instabilidade, alterações na marcha, polifarmácia ou sinais de fragilidade. A triagem é especialmente relevante na atenção primária, ambulatório geriátrico e em consultas de seguimento de comorbidades.

Bloco 1 — Identificação rápida de risco (rotina prática)

Perguntas-chave ao acolhimento

  • Queda no último ano? Quantas e com que consequências?
  • Dificuldade em levantar-se de uma cadeira, subir escadas ou caminhar 400 m?
  • Uso de auxílio à marcha (andador, bengala)?

Se houver resposta positiva para qualquer item, programe avaliação funcional objetiva. Esses itens simples já discriminam muitos pacientes que precisam de avaliação completa.

Testes rápidos recomendados

  • Timed Up and Go (TUG): levantar da cadeira, caminhar 3 m, contornar, voltar e sentar. Corte prático: >13,5 s indica risco aumentado de queda em idosos comunitários.
  • 5-times sit-to-stand (5STS): 5 levantamentos sem apoio. >15 s sugere fraqueza de membros inferiores.
  • Velocidade de marcha: gait speed sobre 4 m. <0,8 m/s assinala risco funcional e pior prognóstico.
  • Avaliação de atividades da vida diária (ADL/IADL): identificar dependência parcial que justifique intervenção.

Esses testes são rápidos, replicáveis e úteis para monitorização ao longo do tempo no consultório.

Bloco 2 — Diagnóstico diferencial e fatores que agravam o risco

A triagem funcional deve ser acompanhada por avaliação dos determinantes de risco:

  • Força muscular (principalmente membros inferiores) e sarcopenia.
  • Equilíbrio e coordenação (vestibular, propriocepção, visão).
  • Polifarmácia e medicamentos que aumentam tontura ou sedação — revisar sempre.
  • Comorbidades: neuropatia periférica, AVC prévio, doenças osteomusculares e perda auditiva que prejudicam percepção espacial.
  • Fatores ambientais: iluminação, tapetes, pisos escorregadios.

Integre anamnese, exame físico e testes funcionais para estratificar risco e priorizar encaminhamentos.

Bloco 3 — Intervenções eficazes e encaminhamentos

Intervenções não farmacológicas

  • Programas de exercício com ênfase em treinamento de força e treino de equilíbrio — a evidência mostra redução de quedas quando bem prescritos e acompanhados. (Revisão Cochrane: Sherrington et al.)
  • Encaminhar para fisioterapia geriátrica quando houver limitação funcional significativa ou necessidade de programa supervisionado.
  • Avaliação e adaptação do ambiente domiciliar (remoção de obstáculos, barras de apoio, iluminação adequada).

Intervenções farmacológicas e suplementação

  • Revisão de medicamentos e desprescrição quando indicado — a redução de sedativos, anticolinérgicos e alguns antidepressivos pode diminuir risco de queda. Veja abordagem prática em caso de polifarmácia.
  • Suplementação de vitamina D pode reduzir risco de quedas e fraturas em idosos com deficiência — avaliar níveis e indicar conforme diretrizes.

Quando encaminhar

  • Perda de independência em ADL, quedas recorrentes (>1/ano), TUG/5STS claramente alterados: encaminhar para fisioterapia e avaliação geriátrica.
  • Sinais neurológicos progressivos, síncope, perda de consciência: investigação neurológica/cardiológica.

Bloco 4 — Implementando a triagem no consultório

Um fluxo prático para atenção primária:

  1. Triage inicial: perguntas rápidas na recepção (queda no último ano, uso de auxílio).
  2. Se positivo, realizar TUG e 5STS durante a consulta. Documentar resultados e interpretar com cortes práticos.
  3. Rever medicamentos (polifarmácia) e solicitar avaliação de marcha/força por fisioterapia quando indicado.
  4. Orientar intervenções domiciliares e, quando necessário, encaminhar para avaliação geriátrica multidisciplinar.

Ferramentas como registros padronizados e recordatórios eletrônicos podem aumentar adesão. Integre resultados ao plano de cuidado e agende reavaliação periódica (6–12 meses ou antes se mudança clínica).

Consequências das quedas e importância da prevenção

As quedas em idosos têm impacto físico (fraturas, perda de mobilidade), psicológico (medo de cair, isolamento) e social (perda de autonomia). A triagem funcional e intervenções precoces reduzem hospitalizações e melhoram qualidade de vida.

Recursos e leituras recomendadas

Para aprofundar: a revisão sistemática sobre exercícios para prevenir quedas fornece evidência de efetividade das intervenções físicas (Sherrington et al.). A prática clínica pode usar guias e revisões acessíveis, como as disponíveis no MSD Manual, para decisões sobre suplementação de vitamina D e estratégias de prevenção. Dados epidemiológicos e definições úteis estão resumidos na página sobre quedas em idosos na Wikipédia.

Links úteis no blog para implementação clínica:

Referências externas (consultadas e úteis para evidência):

  • Revisão Cochrane sobre exercícios para prevenção de quedas (Sherrington et al.) — disponível em resumos e guias clínicos.
  • MSD Manual: seção sobre quedas em idosos e medidas de prevenção, incluindo vitamina D (MSD Manual).
  • Contexto epidemiológico e definições em: Queda em idosos — Wikipédia.
  • Estudo de avaliação funcional e risco de queda em idosos (repositório IPL): Repositorium IPL.

Fechamento e recomendações práticas

Na prática diária, implemente um protocolo de triagem simples: perguntas iniciais + TUG/5STS + revisão medicamentosa. Priorize encaminhamento para fisioterapia geriátrica e programas de exercício que combinem fortalecimento e treino de equilíbrio. Pequenas ações — adaptar o ambiente, ajustar medicamentos, suplementar vitamina D quando indicado — somam-se e reduzem quedas, fraturas e perda de independência. Documente resultados e reavalie periodicamente para avaliar resposta às intervenções.

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