Abordagem prática das quedas em idosos

Abordagem prática das quedas em idosos

Introdução

Quedas são a principal causa de lesões acidentais e perda de independência em pessoas idosas. Como profissional de saúde, você já perguntou: como reconhecer rapidamente quem está em risco e quais ações simples podem reduzir quedas hoje, no consultório? Este texto apresenta uma abordagem prática, baseada em diretrizes e evidências, para avaliação de risco, intervenções no consultório e encaminhamentos apropriados.

Avaliação de risco no consultório: triagem rápida e aprofundada

Faça uma avaliação escalonada: triagem breve para todos os pacientes idosos e avaliação completa para quem apresentar sinais ou história de queda.

Triagem inicial (a todo idoso em consulta)

  • Interrogar sobre quedas nos últimos 12 meses (nº, circunstâncias, lesões).
  • Avaliar autonomia para atividades da vida diária e presença de medo de cair.
  • Medir pressão arterial em pé e em decúbito para detectar hipotensão postural.
  • Testes funcionais rápidos: Timed Up and Go (TUG) (tempo >12 s indica risco aumentado) e observar marcha e equilíbrio.

Avaliação abrangente (se triagem positiva)

  • Rever lista de medicamentos com foco em sedativos, hipnóticos, antidepressivos, opioides, anticolinérgicos e polifarmácia.
  • Avaliação de força e função: teste de 30 segundos de levantar da cadeira; velocidade de marcha (velocidade <0,8 m/s é sinal de risco).
  • Avaliação sensorial: visão, audição e sensação podal; checar uso de óculos adequados e calçados.
  • Avaliar condições clínicas contribuintes: hipotensão ortostática, arritmias/síncope, doenças neurológicas, artrite dolorosa, hipoglicemia e déficits cognitivos.

Para detalhes práticos de avaliação funcional e ferramentas, veja o resumo clínico em Avaliação e prevenção de quedas: prática clínica.

Intervenções simples e efetivas que podem ser feitas no consultório

Priorize medidas que sejam fáceis de implementar e com baixo risco. Muitas reduções de quedas vêm de ações simples e repetíveis.

Revisão medicamentosa e desprescrição

  • Identifique medicamentos que aumentam o risco de quedas e negocie redução ou substituição quando possível.
  • Use abordagens de polifarmácia e depresciração estruturadas; envolva o paciente e a família nas decisões.
  • Considere encaminhar para farmacêutico clínico quando o caso for complexo.

Orientação sobre exercícios e reforço funcional

  • Recomende programas de fortalecimento e treino de equilíbrio: Otago e programas de Tai Chi têm evidência de redução de quedas.
  • Prescreva exercícios simples no consultório e dê materiais explicativos ou vídeos: agachamentos controlados, marcha com mudança de direção, exercícios de transferência e treino de subir/descer degrau.
  • Encaminhe para fisioterapia quando houver limitação funcional, dor ou risco moderado/alto.

Mais sobre como integrar exercícios e reabilitação localmente em prevenção de quedas: avaliação, fisioterapia e ambiente.

Modificações ambientais e orientação familiar

  • Oriente sobre remoção de obstáculos, iluminação adequada, corrimãos em escadas e barras no banheiro, e evitar tapetes soltos.
  • Solicite, quando possível, avaliação domiciliar por terapeuta ocupacional para recomendações específicas.

Quando e para quem encaminhar: sinais de alerta

Nem todo caso exige avaliação especializada imediata, mas alguns sinais justificam encaminhamento rápido.

  • Quedas recorrentes (p.ex., mais de 2 no ano) ou queda com lesão significativa.
  • Sinais de síncope, palpitações ou episódios de perda de consciência — considerar cardiologia e investigação de arritmia.
  • Declínio motor progressivo, alterações neurológicas focais ou suspeita de doença neurodegenerativa — encaminhar para neurologia/geriatria.
  • Déficit visual importante — encaminhar para oftalmologia ou centro de visão.
  • Ambiente domiciliar inseguro ou necessidade de adaptação — encaminhar terapia ocupacional.

Para fluxos e modelos de atenção primária organizados, consulte o protocolo local e materiais em Prevenção de quedas no consultório e prevenção de quedas e fraturas.

Programas de exercícios supervisionados: estrutura e prescrição prática

Programas com supervisão e progressão são os mais eficazes. Siga estas orientações básicas ao indicar um programa:

  • Frequência: 2–3 vezes/semana para sessões supervisionadas, mais exercícios domiciliares 3x/semana.
  • Duração mínima: 12 semanas com avaliações periódicas de progresso.
  • Componentes: equilíbrio estático/dinâmico, fortalecimento de membros inferiores, treino de marcha e exercícios de reações de prevenção de quedas.
  • Modelos com evidência: programas comunitários baseados no Otago ou Tai Chi; adapte ao nível funcional do paciente.

Integração com a equipe local (fisioterapeuta, terapeuta ocupacional, equipe de atenção primária) aumenta adesão e eficácia.

Contexto de diretrizes e evidências

Reforce suas decisões com orientações reconhecidas: as diretrizes do NICE recomendam revisão medicamentosa, programas de exercício e intervenções domiciliares como pilares para a prevenção de quedas. Diretrizes NICE sobre prevenção de quedas descrevem abordagem multidimensional. Revisões sistemáticas em atenção primária reforçam o valor de intervenções integradas e da triagem ativa, como resumido pela BVS (revisão sistemática). Orientações práticas para modificações domiciliares também estão disponíveis em materiais institucionais, por exemplo do IAMSPE (IAMSPE).

Fechamento e insights práticos

Na prática do dia a dia, pequenas ações repetidas fazem diferença: incorporar triagem simples, revisar medicamentos, prescrever exercícios básicos e orientar adaptações domiciliares. Encaminhe de forma direcionada quando houver sinais de alarma ou necessidades específicas de reabilitação. Ao integrar estas medidas com a equipe multidisciplinar e com programas comunitários, você reduz o risco de quedas, lesões e perda de independência entre os idosos atendidos.

Recursos internos relacionados: avaliação e intervenções, prevenção na atenção primária, e prevenção em ambulatório — consulte-os para protocolos locais e materiais para pacientes.

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