Avaliação clínica da anemia em adultos: fluxos de investigação na consulta

Avaliação clínica da anemia em adultos: fluxos de investigação na consulta

A anemia em adultos exige investigação sistemática para identificar causas tratáveis e reduzir risco de complicações. Este guia prático descreve, em linguagem direta e baseada em evidências, os passos essenciais na consulta: anamnese objetiva, exame físico dirigido e sequência racional de exames laboratoriais e complementares.

Avaliação clínica da anemia: anamnese e sinais que orientam a investigação

Anamnese dirigida

Pergunte sobre duração dos sintomas (fadiga, falta de ar, tontura), histórico de sangramentos (menstruação, hemorragias digestivas), medicações (AINEs, anticoagulantes, antiulcerosos), dieta (ingestão de ferro e vitamina B12) e comorbidades (doença renal crônica, doenças inflamatórias). Investigue perda de peso, fezes negras ou alterações do hábito intestinal, e antecedentes familiares de hemoglobinopatias.

Exame físico focal

Procure palidez conjuntival e cutânea, icterícia discreta (sugestiva de hemólise), esplenomegalia ou hepatomegalia (sugestivas de doenças hematológicas), e sinais de sangramento ativo. A presença de sopro cardíaco pode refletir sobrecarga hemodinâmica em anemias moderadas a graves.

Exames laboratoriais iniciais: hemograma, reticulócitos e ferritina

O ponto de partida é o hemograma completo, com índices hematimétricos (VCM, HCM) e contagem de reticulócitos para avaliar resposta medular. Valores de ferritina sérica baixos confirmam deficiência de ferro; entretanto, ferritina pode aumentar em inflamação, exigindo interpretação conjunta com proteína C-reativa ou VHS.

  • Hemograma: classifica anemia microcítica, normocítica ou macrocítica e orienta investigações subsequentes.
  • Reticulócitos: resposta medular; baixa produção vs aumento por hemólise ou sangramento agudo.
  • Ferritina, TIBC e transferrina: diferencia deficiência de ferro de anemia da doença crônica.
  • Vitamina B12 e ácido fólico: indicados em macrocitose ou suspeita de anemia megaloblástica.

Quando investigar sangramento oculto: colonoscopia e endoscopia

Na anemia por deficiência de ferro sem causa clara, indique investigação do trato gastrointestinal. Em adultos >50 anos ou com sinal vermelho (perda ponderal, alteração do trânsito intestinal) a colonoscopia e a endoscopia digestiva alta são essenciais. Para avaliação inicial, o exame de fezes para sangue oculto pode orientar prioridades. Consulte recomendações de rastreio e rastreio colorretal e colonoscopia quando houver suspeita de origem intestinal.

Causas relacionadas a doenças crônicas e disfunção renal

A anemia da doença crônica e a associada à insuficiência renal são causas frequentes em adultos com comorbidades. Avalie função renal (creatinina, TFG estimada) e considere investigação de doença renal crônica como etiologia contributiva. Para orientação prática sobre avaliação e encaminhamento, veja nosso conteúdo sobre doença renal crônica: avaliação e encaminhamento.

Quando suspeitar de anemias hemolíticas ou hematológicas

Índices laboratoriais (LDH elevada, bilirrubina indireta, haptoglobina baixa), reticulocitose e alteração no esfregaço periférico apontam para hemólise. Esfregaço detalhado e testes imunológicos (Coombs) orientam a investigação inicial; em suspeita de causas primárias da medula, discuta biópsia de medula óssea ou testes genéticos com hematologia.

Fluxo diagnóstico resumido e prioridades na consulta

  1. Anamnese e exame físico dirigidos (investigar sangramento, medicações, dieta).
  2. Hemograma com índices e reticulócitos; determinar padrão microcítico/normocítico/macrocítico.
  3. Avaliar ferritina, TIBC/transferrina, vitamina B12/ácido fólico conforme padrão.
  4. Investigar origem do sangramento oculto com endoscopia/colonoscopia quando indicado; use teste de sangue oculto como triagem.
  5. Encaminhar para hematologia se houver sinais de doença medular, hemólise significativa ou necessidade de biópsia/estudo genético.

Diretrizes e protocolos para suporte clínico

Para manter prática alinhada com evidências, consulte fontes atualizadas: recomendações práticas e fluxos diagnósticos em plataformas como BMJ Best Practice, diretrizes gastroenterológicas sobre investigação da anemia por deficiência de ferro (revisões da AGA) e revisões clínicas disponíveis no Medscape. Essas referências ajudam a decidir quando solicitar exames como dosagem de ferritina, testes de hemoglobina e investigação endoscópica.

Orientações finais sobre investigação da anemia em adultos

A avaliação da anemia deve ser prática, escalonada e orientada pelo padrão do hemograma e pela história clínica. Em muitos casos, a identificação de deficiência de ferro (avaliada por ferritina e transferrina) permitirá tratamento específico; em outros, a investigação de sangramento oculto por meio de colonoscopia e endoscopia é determinante. Considerar causas relacionadas à insuficiência renal ou doenças inflamatórias orienta condutas não apenas hematológicas, mas também de doença de base. Para materiais complementares sobre manejo clínico da anemia por deficiência de ferro e orientações terapêuticas, consulte nosso texto sobre anemia ferropriva: diagnóstico e manejo.

Se desejar, sincronize estes fluxos com protocolos locais e mantenha comunicação com especialidades (hematologia, gastroenterologia, nefrologia) para garantir investigação completa e segura ao paciente.

Referências externas citadas: BMJ Best Practice; diretrizes AGA; Medscape (links no texto).

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